Texto: Gonçalo Cardoso
São várias as interpretações que existem para o termo gótico. No entanto, sabemos que foi um movimento artístico que nasceu na Idade Média e que se prolongou por alguns séculos.
Em Portugal, este movimento também deixou as suas marcas. Em Barcelos, por exemplo, podemos contemplar a Sala Gótica dos Paços do Concelho. Se foi inspiração para o quinto álbum dos Glockenwise? Talvez não, mas este novo trabalho tem, efectivamente, algo de gótico, nem que seja pela forma como se afasta um pouco em termos sonoros dos álbuns anteriores e cria uma nova maneira de comunicar com os ouvintes, explorando novos caminhos e estéticas.
Gótico Português foi hoje lançado e é o primeiro trabalho da banda com edição de autor. Talvez por isso a sua sonoridade seja mais livre, sem amarras e navegadora. Ou talvez seja por isso que é o álbum da banda de Barcelos que mais gostei de descobrir.
Ao longo de 11 temas, vamos viajando pelas vivências da banda, muitas delas com mágoa ou tristeza mas também esperança e a procura de alguma luz, como no tema “Lodo”. Em “Margem” ou “Natureza” temos os tema mais orelhudos do álbum, mas nem por isso a banda desvia o seu azimute. “Gótico Português” leva-nos a tentar, amar e entrar.
“Vida Vã”, tema que dá nome à nova editora da banda, é talvez o mais complexo e reflectivo do álbum, encapsulando bem a ideia da banda para este trabalho: uma sonoridade complexa, mas rica, repleta de emoções, inquietações e dúvidas. E é bom ter dúvidas, receios e medos. Faz parte da vida e a música é vida.