Process Of Guilt – Black Earth

A terra é negra e o teu corpo é uma prisão. Cinco anos volvidos desde Fæmin, os Process Of Guilt regressam com Black Earth, uma extensão da sua sonoridade Sludge Doom, numa roupagem mais focada e coesa que o álbum anterior, sem a mestria de Erosion, mas com uma intensidade redobrada.

Black Earth é um título que descreve na perfeição a sonoridade do álbum: é negra, sombria, desprovida de esperança e luz que nos guie nesta viagem por uma terra mórbida, sufocante, como se nos esmagasse com o seu peso. (No) Shelter dá-nos logo este ambiente, reforçado em Feral Ground, que arranca lenta e arrastada, tornado-se depois hipnótica, com riffs contagiantes e circulares e uma bateria complexa, sendo as vocalizações a cereja no topo do bolo, mais dinâmicas do que no passado da banda.

Servant dá um toque mais experimental ao álbum, com momentos brilhantes a saltar ao ouvido por entre outros menos bem conseguidos. O pináculo do álbum é o tema homónimo. Black Earth é frio, carregado de peso, uma muralha de distorção a um ritmo quase sempre constante, que para o final da música se esfria, abranda e por fim morre, com as guitarras estrebuchando nos últimos minutos. O álbum termina com uma muralha sonora imponente em Hoax, menos interessante nos detalhes mas mais intensa na entrega.

Black Earth é o álbum mais maduro, sufocante e pesado da carreia dos Process Of Guilt, merecendo um lugar de destaque nos 15 anos de história da banda. Não sendo uma obra prima, é bom o suficiente para rodar múltiplas vezes, merecendo ser explorado ao detalhe. Cada audição traz novos detalhes, novas camadas que passaram despercebidas em audições anteriores. Está lá no topo do Sludge de 2017, a par de nomes como Amenra, Celeste, Gloson e Primitive Man.

Álbum. Bleak Recordings. 22/09/17

Classificação

83