MASTODON – Once More ‘Round The Sun

MastodonHá fórmulas que se repetem e que resultam, outras nem tanto. Há três anos atrás “The Hunter” mostrou-nos uns Mastodon mais ligeiros e menos preocupados com as credenciais dadas nos primeiros discos, resultando numa resposta muito positiva da sua audiência. Apesar de algo diferente, estavam lá os Mastodon. Volvidos esses anos, e com “Once More ‘Round The Sun” a suceder, o quarteto afigura-se não saber utilizar a mesma receita duas vezes, reescrevendo-se uma vez mais. Goste-se ou não.

Quebrados os ciclos iniciais em que víamos o mesmo logótipo em cada disco, representado, claro, de forma diferente consoante o elemento no qual a banda se inspirava, estes «novos» Mastodon, que se viram a passear pela gigante Roadrunner, não esquecem as suas raízes. Este novo disco está carregado de riffs parentes daqueles de “Remission” e “Leviathan”, mas apegaram-se aos refrões fáceis, melódicos e amenos do disco anterior. É assim que resultam temas orelhudos como ‘The Motherload’ e a faixa-título, enquanto outras malhas se mostram um poucos mais frágeis, como ‘Aunt Lisa’ (pior música de sempre dos norte-americanos?) e ‘Ember City’. E já para não mencionar que ‘Chimes At Midnight’, retirado aquele mega-riff introdutório, é uma versão adulterada de ‘Spectrelight’, tema de “The Hunter” em que a banda contou com Scott Kelly, dos Neurosis. Esse quase quinto membro da banda, fazendo já habitual a sua participação num tema de cada disco desde “Leviathan”, está de volta neste disco, contribuindo e muito na final ‘Diamond In The Witch House’ – provavelmente a melhor faixa do disco. Balançadas as coisas, a verdade é que Troy ainda tem aquele vozeirão difícil de descrever e Brent e Bill continuam aqueles monstros da guitarra, sendo uma das duplas mais geniais do metal. Já Brann Dailor tem a sua pior prestação enquanto baterista, fazendo-se valer pelas vezes que atinge o microfone. Tomou-lhe o gosto, talvez, mas não se pode esquecer do polvo que era na percussão dos trabalhos anteriores. Em ponto negativo está também a produção do álbum – se fosse menos cristalina e estridente e mais ‘javarda’, a coisa teria outro impacto.

Dissecadas as faixas, de uma maneira ou de outra, e feitas as contas finais, está versado que, mesmo em queda de forma os Mastodon são uma superbanda capaz de discos impressionantes com momentos embaraçosos pelo meio. Ao sexto álbum, e mesmo claramente uns furos abaixo dos primeiros quatro, a banda de Atlanta é a melhor de metal mainstream e mais radio-friendly da actualidade.

Autor: Nuno Bernardo

[Álbum / Reprise Records / 19 Junho 2014]

Classificação

74%

Ao sexto álbum, mesmo encontrando-se uns furos abaixo, a banda de Atlanta é a melhor de metal mainstream e mais radio-friendly da actualidade.