MALEVOLENCE – Antithetical

MALEVOLENCE  – “Antithetical”

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MalevolenceBem vindos ao mundo dos Malevolence, onde os Anjos da capacidade criativa e técnica instrumental interagem com os Demónios do peso extremo e pensamento crítico, deslizando juntos num disco onde todos os limites são desafiados de forma progressiva e única.

Antithetical é o culminar de mais de uma década de trabalho, tanto a nível musical como lírico/conceptual, uma obra prima de metal progressivo extremo concebida pela mente de Carlos Cariano. Simultaneamente um álbum de música, um exercício de pensamento crítico filosófico e um teste à capacidade do ouvinte de absorver camadas sobre camadas de elementos sonoros em constante metamorfose, a sua principal característica é um ambiente de negrume sufocante e libertação de raiva e energia em doses letais, sendo a primeira servida logo na abertura com Slithering, o curto single de estreia que teve direito a videoclip.

Esta é uma viagem que promete agradar aos fãs da pesada mais exigentes. É possível apreciar este álbum puramente pela música e separando os temas, mas é um duplo crime fazê-lo. Todas as 7 músicas se interligam, tornando Antithetical numa única faixa de 43 minutos. Cada parte transmite uma mensagem que apela a uma revolta intelectual, abrangendo várias temas que se enquadram na sociedade actual e que fornecem food for thought em quantidade suficiente para o álbum rodar dezenas de vezes, até o ouvinte ter a sua própria visão e opinião dos factos. Não é um álbum de espírito revolucionário no sentido mais comum do termo, como observamos em trabalhos como o Khaos Legions dos Arch Enemy, mas tem lá o espírito; só que, ao contrário dos AE, é maduro e auto-consciente.

Musicalmente estamos perante um monstro. A bateria é o cruzamento entre uma metralhadora e um complexo algoritmo industrial: tanto tem rajadas de fúria a velocidades alucinantes, como momentos de técnica quase mecânica, com cada batida pensada ao pormenor. A guitarra do Fred é uma fábrica de riffs contagiantes, que dão a alma a muitos momentos, quer com melodia, quer abrindo o pano sonoro com um rasgo de luz. O baixo do Aires e os sons electrónicos e atmosféricos constroem uma base sólida, sendo que a forma como estes últimos são incluídos lembram um pouco os últimos trabalhos de Septicflesh, mas de forma mais moderada. Tudo isto é coroado pelo gutural do Carlos, que melhorou bastante desde os tempos do Martyrialized e está irrepreensível, se bem que as letras por vezes se tornem difíceis de cantar devido à sua complexidade.

Há muitas surpresas neste disco, sendo talvez a maior a inclusão de guitarra portuguesa no maior e melhor tema do álbum, Exocortex Momentum. É sem dúvida um trabalho cujo prazer que emana aumenta a cada audição, que se recomenda com boas colunas/phones: desde a primeira vez que o ouvi até à última antes de escrever esta crítica, descobri a cada passagem elementos que me tinham escapado. Álbum nacional do ano? Sem dúvida. A nível internacional no Metal? Certamente entre os melhores!

 // David Matos

malevolence-antitheticalPaís
Portugal

Membros
Carlos Cariano – Voz, Guitarra
Aires Pereira – Baixo
Fred Noel – Guitarra
Paulo Pereira – Teclado e Programação
Dirk Verbeuren – Bateria (sessão)

Alinhamento
Slithering | Cult of the Everlasting | Devoured Unlimited | Antithetical | Equilibrium in Extremis | Exocortex Momentum | Mechanisms of Destructive Behaviour

[Álbum / Carbon Medien / 22 Novembro 2013]

Classificação

92%

Um álbum de música, um exercício de pensamento crítico filosófico e um teste à capacidade do ouvinte de absorver camadas sobre camadas de elementos sonoros em constante metamorfose.