CHELSEA WOLFE – “Unkown Rooms: A Collection Of Acoustic Songs”
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De um modo muito directo: este é o mais silencioso álbum de Chelsea Wolfe. E no sentido literal da palavra, também o mais bonito. É curto e vulnerável, mas torna-se convidativo por tais simples características. Depois de “Ἀποκάλυψις” (leia-se “Apokalypsis”), lançado no ano passado, a autora sai da sua zona de guitarras estridentes e de vivacidade demoníaca para regravar alguns temas que havia composto há alguns anos atrás, aproveitando para escrever mais umas faixas um pouco menos negras que o habitual. A própria afirma mesmo que este não se trata de um sucessor de “Apokalypsis”. No entanto tem a marca de Chelsea Wolfe: os nove temas soam distantes, como se fossem entoados do fundo de um corredor.
«Não é o fantasma que assombra a casa, mas sim a casa que assombra o fantasma». Na verdade, o facto de Chelsea Wolfe ter gravado “Unknown Rooms” na sua moradia e num pequeno estúdio dão uma profundidade assustadora ao som aparentemente inofensivo, como se o fantasma se fizesse aparecer no local mais iluminado de toda a casa. Até a versão de ‘Boyfriend’ (originalmente criada por Karlos Rene Ayala) soa mais aflitiva e elegantemente pavorosa. É de referir a harmoniosa ‘Flatlands’ como uma daquelas faixas que se deverá auto-repetir vezes sem conta na cabeça, a forma como o desafinado piano do single ‘Sunstorm’ dá um belo efeito à sua qualidade e como a voz de Chelsea se entrelaça com os acordes de ‘Spinning Centers’, provocando um espectro único de som. Resumindo: enquanto “Apokalypsis” nos empurrava para um abismo negro sem-fundo, este “Unknown Rooms” mostra-nos o caminho inverso. São canções mais positivas, uma conexão algo sincera ao mundo exterior às paredes que constituem os quartos desconhecidos. E para além da contribuição de Ben Chisholm como membro efectivo da música escrita por Chelsea Wolfe, Ezra Buchla empresta a sua viola de arco em ‘Appalachia’ e ‘Spinning Centers’, Andrea Calderon toca violino em ‘Flatlands’, Jere Wolfe trabalha na guitarra em ‘Our Work Was Good’ e Daniel Denton é o baixista de ‘The Way We Used To’, ‘Appalachia’ e ‘Our Work Was Good’.
Num percurso algo negro até ao momento, Chelsea Wolfe finalmente ilumina as paredes de uma casa e pinta-as de um branco comparável ao seu tom de pele.
// Nuno Bernardo
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País
E.U.A.
Membros
Chelsea Wolfe – Voz, Guitarra
Ben Chisholm – Bateria, Sintetizadores, Piano, Voz de fundo
Alinhamento
Flatlands | The Way We Used To | Spinning Centers | Appalachia | I Died With You | Boyfriend | Our Work Was Good | Hyper Oz | Sunstorm
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