Banda: Converge
Álbum: All We Love We Leave Behind
Data de Lançamento: 9 de Outubro de 2012
Editora: Epitaph Records/Deathwish, Inc.
Género: Hardcore
País: E.U.A.
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Membros:
Jacob Bannon – Voz
Kurt Ballou – Guitarra, Voz
Nate Newton – Baixo, Voz
Ben Koller – Bateria
01. Aimless Arrow
02. Trespasses
03. Tender Abuse
04. Sadness Comes Home
05. Empty On The Inside
06. Sparrow’s Fall
07. A Glacial Place
08. Vicious Muse
09. Veins And Veils
10. Coral Blue
11. Shame In The Way
12. Precipice
13. All We Love We Leave Behind
14. Predatory Glow
Existem sonoridades e estilos que têm uma referência visível a milhas de distância. Os Converge são autênticos líderes do hardcore moderno e tal acontece muito por culpa da editora do vocalista Jacob Bannon, a Deathwish Inc. Em 2001, este quarteto lançou “Jane Doe”, aquele álbum que é por muitos recordado como um dos melhores de sempre da música extrema e que as suas líricas românticas e protestantes foram recebidas como uma lufada de ar fresco para o género. A banda não se deixou ficar na sombra da bananeira e lançou mais três bombas então – “You Fail Me”, “No Heroes” e “Axe To Fall” constituíram uma década de sonho para os Converge, tornando-os num culto. “All We Love We Leave Behind” é então o seu primeiro álbum nesta nova década.
Se há coisa que os Converge sabem fazer é abrir álbuns. Em “Jane Doe”, era ‘Concubine’ que nos arrancava os cabelos. ‘Dark Horse’ no último “Axe To Fall” também se mostrou capaz e este novo álbum não é alvo de excepção – ‘Aimless Arrow’ pode não ser tão brutal quanto estas duas, mas as suas letras bem sofridas e significativas motivam uma abertura perfeita para um álbum que segue uma sonoridade semelhante à dos últimos quatro álbuns, mas ao mesmo tempo diferente. Se “All We Love We Leave Behind” lembra trabalhos anteriores? Claro, é Converge. Damos sempre conta de um elemento que nos lembra a faixa X de “No Heroes”, de uma batida que nos recorda aquela secção rítmica de uma faixa do “Axe To Fall” ou até o midtempo da própria ‘You Fail Me’ tem uma assombração neste álbum… Mas os Converge não nos conseguem ligar a um só álbum e fazer-nos afirmar que existe uma espécie de «copy/paste» em algum momento. Dentro do círculo de ideias que Kurt Ballou escreve na sua guitarra, existe uma infinita criatividade e este álbum é boa prova disso. O seu trabalho fenomenal continua evidente neste oitavo trabalho, atingindo picos de originalidade em faixas como ‘Sadness Comes Home’ ou a calma ‘Coral Blue’. Nate Newton também se faz ouvir no seu invejável tom de baixo eléctrico, fugindo muitas vezes do ritmo da guitarra, e vocalizando também as partes mais graves como suporte ao imparável Jacob. Ben Koller assume também um papel animalesco na sua bateria, com rápidos compassos de blastbeats colocados em sintonia com as faixas mais brutais do álbum – e, para além disso, é impossível não sair surpreendido se prendermos os ouvidos à percussão de ‘Trespasses’ ou ‘Tender Abuse’. E como se tudo isto não bastasse, o álbum soa igualmente belo e insano escutado em qualquer medida de decibéis. Falta, no entanto, aquela longa faixa típica dos últimos registos da banda – a própria ‘Jane Doe’, ‘In Her Shadow’, ‘Grim Heart/Black Rose’ e ‘Wretched World’ permitiram aos seus respectivos álbuns ganhar alguns épicos minutos de extensão, enquanto que este compensa com curtos momentos de beleza. Na edição deluxe de “All We Love We Leave Behind” é uma oferecida uma dinâmica extra com a adição de três faixas já anteriormente lançadas – ‘On My Shield’, ‘No Light Escapes’ e ‘Runaway’. Mas se for realmente necessário invocar uma faixa a meio-gás que nos tira do sério com a sua própria intensidade, a faixa-título dá conta do recado. Esta contem aquele que pode ser, muito possivelmente, um dos riffs do ano e nem é preciso justificar.
Cada lançamento de longa-duração de Converge antecede um ritual de apreciação até se tornar em mais um ícone da banda. Este “All We Love We Leave Behind” não foge à regra.
// Nuno Bernardo
Classificação: 94/100