Álbum: Lost In The New Real
Data de Lançamento: 23 de Abril 2012
Editora: InsideOut
Género: Progressive / Rock / Metal
País: Holanda[/one_half] [one_half_last]Membros:
Arjen A. Lucassen – voz, guitarras, baixo, teclados | Wilmer Waarbroek – voz | Ed Warby e Rob Snijders – bateria | Ben Mathot – violino | Maaike Peterse – violoncelo | Jeroen Goossens – flauta | Elvya Dulcimer – voz (‘Battle of Evermore’) [/one_half_last]
Tracklist:
[one_half]CD1
1 – The New Real
2 – Pink Beatles In A Purple Zeppelin
3 – Parental Procreation Permit
4 – When I’m A Hundred Sixty-Four
5 – E-Police
6 – Don’t Switch Me Off
7 – Dr Slumber’s Eternity Home
8 – Yellowstone Memorial Day
9 – Where Pigs Fly
10 – Lost In The New Real[/one_half]
[one_half_last]CD 2
1 – Our Imperfect Race
2 – Welcome To The Machine (Pink Floyd cover)
3 – So Is There No God?
4 – Veteran Of The Psychic Wars (Blue Oyster Cult Cover)
5 – The Social Recluse
6 – Battle Of Evermore (Led Zeppelin Cover)
7 – The Space Hotel
8 – Some Other Time (Alan Parsons Project Cover)
9 – You Have Entered The Reality Zone
10 – I’m The Slime (Frank Zappa Cover)
No mundo da música existirá sempre aquele tipo de artistas, dos quais esperamos sempre tudo, esperamos o máximo e que nunca nos provocarão uma desilusão! Mas digamos que a frase soa bem empiricamente mas na realidade encontrar um artista destes é como tentar descobrir vida numa galáxia a cem mil anos luz. Neste caso, os fãs do génio Holandês Arjen Anthony Lucassen precisam unicamente de ter os ouvidos bem abertos para concretizar tal feito!!!
Já são tantas horas de música ao mais alto nível, de composição irrepreensível e sempre com uma produção carregada de mestria, que transforma a espera por um novo trabalho do Arjen uma amálgama de sentimentos. AYREON e STAR ONE são o expoente máximo deste artista, onde no meio de uma mescla de excelentes executantes foi conseguindo firmar a sua ideia e mais que isso, explorar as características de cada um ao seu máximo. Chegou agora a altura em que Arjen decidiu lançar-se de cabeça a um projecto quase totalmente a solo. Se a tentativa e o pensamento deste trabalho era provar que tinha capacidade para produzir individualmente, o objectivo foi plenamente cumprido.
Falhas neste álbum não existem! A história e o enredo que se desenrolam durante a acção do álbum não o permitem. Para os mais incautos, Arjen não é somente um soberbo multi-instrumentista, mas também um magnífico contador de histórias. Volta à cena “Mr. L” com o seu romântico anonimato, com diálogos cativantes ao longo do álbum com Rutger Hauer, narrador nas conversas mentais. A sociedade, a realidade, a tecnologia são alguns dos temas abordados no álbum, engraçado é encaixar alguns trechos numa própria narrativa e privada que parece retirada da vida do artista. Será? É bem possível. Os diálogos e a transcendentalidade sempre foram pontos fortes em tudo o que é trabalho do Arjen, não é excepção em “Lost In The New Real”.
O álbum é composto em duas partes, a primeira parte é um desenrolar de uma história toda conexa entre si, uma segunda parte parte intimista e carregada de simbolismo, onde se pode escutar covers das grandes influências do som do Arjen ao longo dos anos, covers essas por exemplo de Pink Floyd e Led Zeppelin. Ambas as partes são um conjunto infindável de sonoridades diversas, apresentando muito rock e metal essencialmente progressive, contando ainda com partes country e folk com algum industrial à mistura, não esquecendo os ritmos 60/70’s ao longo de todo o álbum.
Da primeira parte destacaria “Pink Beatles In A Purple Zeppelin”, que faixa magnífica! É a faixa do álbum. O nome diz tudo, Arjen conseguiu brotar ali tudo o que de bom existe “naquelas” suas referências. A sonoridade é cristalina e concisa, a letra convincente e cativante, com isto tudo só podia dar boa coisa, juntando-lhe ainda um refrão “enervante”, daqueles que não nos saem da cabeça o dia todo. Esta pode até ter o destaque no geral, por vezes injustamente, mas músicas como “E-Police” e “Where The Pigs Fly” também devem constar na parte das “ressalvas”… ups, “ressalvando” ainda a potente “Lost In The New Real”, última faixa da primeira parte do álbum e a conjugação perfeita do que tudo se passou até então, sendo aqui que entra a conclusão, musicalmente com violinos e teclados perfeitos e um rolar de estilos impressionante, progressivo em todos os parâmetros com variações rock inicial e metal no final. A segunda parte do álbum pode não ser tão intensa, diria não “perjúriosamente menos original”, isto porque soa-nos a familiar, tanto porque é composta por covers de músicas/bandas bem conhecidas e ainda por outras novas que trazem uma grande carga “ayreonaut world”. Não que em algum ponto isso seja negativo, não o é, nunca. Essa é essência que nos cativa a ouvir e perceber tudo o que compõe um álbum deste génio da música.
Arjen é mais que um talentoso músico, toda a sua simplicidade e genialidade são únicas, algo bem demonstrado neste seu trabalho a solo. Lembro-me de já ter por várias vezes afirmado que o único ponto fraco do Arjen, por assim dizer, ser a sua voz, coisa que após a primeira audição de “Lost In New Real” me fez instantaneamente mudar de ideias. Percebi então que tudo deriva da inteligência do autor, isto porque dispensa devaneios vocais, não puxando a si aquilo que ele sabe que realmente não consegue. O que se ganha com isso? Personalidade! E é isso que se encontra a rodos neste novo trabalho. Quem conhece a obra de Arjen Lucassen não deixará de observar isso. O artista em si é isto tudo e a sua personalidade faz deste trabalho uma obra magnífica, perpendicular à sua mestria. Por mais adjectivos que sempre apliquei a qualquer trabalho deste mestre da música, fiquei sempre com a percepção que me faltou algo, neste caso não é excepção.
Ricardo Raimundo
Apreciação Pessoal: 10/10
http://www.arjenlucassen.com/