Banda: Alcest
Álbum: Écailles de Lune
Data de Lançamento: 29 de Março de 2010
Editora: Prophecy Productions
Género: Black Metal/Shoegaze
País: França
Membros
Neige – Voz, Guitarra, Baixo, Teclados
Winterhalter – Bateria
Alinhamento
01. Écailles de Lune (Part I)
02. Écailles de Lune (Part II)
03. Percées de Lumière
04. Abysses
05. Solar Song
06. Sur L’Océan Couleur de Fer
Música de fadas? De sonhos? De fantasia? Talvez. No entanto não deixa de ser óptimo. Neige sabe muito bem o que faz e desde que começou a trabalhar no seu projecto a solo – de nome Alcest – que tem traçado um caminho muito próprio e sem grandes obstáculos. Souvenirs d’Un Autre Monde, o álbum de estreia lançado em 2007 foi aclamado um pouco por todo o mundo como uma das maiores surpresas do metal em geral, conseguindo unir dois estilos distintos da música rock – o black metal com o shoegaze – este último um estilo que emergiu no final dos anos 80 ou início da década de 90 através de bandas como The Jesus and Mary Chain, My Bloody Valentine ou Slowdive. Écailles de Lune é o novo capítulo do registo discográfico de Alcest e que agora segue analisado na Ruído Sonoro.
Seria excelente se todos os aspectos de Souvenirs d’Un Autre Monde se mantivessem, mas seria também bastante penosa a composição de um novo álbum que em nada inovasse em relação ao anterior. Écailles de Lune mantém a atmosfera do primeiro álbum, embora aliada a uma reforçada onda de black metal mais evidente. O sonho e a fantasia de Neige continuam a ser a espinha dorsal de um álbum, notando-se agora mais intenção e força na utilização da língua francesa – os sentimentos de alguém são sempre melhor transmitidos quando se canta na sua língua nativa, pois tem-se um cuidado muito mais especial na escolha de palavras e frases no corpo de um texto.
Écailles de Lune (Part I) abre então o livro. Esta música, toda ela, é um dos pontos mais altos do álbum, em que ambas melodia e atmosfera combinam como nunca. A segunda parte da música, Écailles de Lune (Part II), ganha no entanto um rumo um pouco distinto, assumindo-se como a faixa mais ‘black metalesca’ desde a demo Tristesse Hivernale – e é nesta faixa que se evidencia uma das suas maiores influências – Burzum. Percées de Lumière, a terceira faixa, já tinha sido revelada alguns meses atrás através do split lançado por Alcest em conjunto com os “primos” Les Discrets. Esta faixa também demonstra a injecção de black metal que o novo registo de Alcest sofreu. Neige expulsa também a sua ira através da voz neste tema, contrastando com outras partes da música em que reinam a melancolia e a paz. Abysses é um tema de interlúdio que funciona como separador entre as três primeiras faixas e as duas restantes, abrindo um novo capítulo dentro do próprio álbum. Solar Song é então o primeiro tema na discografia de Alcest que tem o seu título em inglês e reflecte mais o tipo de temas encontrado no anterior álbum. A melodia da voz, dramática e melancólica, juntamente com o instrumental calmo e ao mesmo tempo ruidoso lembram muito músicas como Les Iris ou Printemps Émeraude do primeiro álbum. Bem ao estilo dos suecos Shining, Sur L’Océan Couleur de Fer encerra o álbum de forma fúnebre.
Todo o conceito do álbum se reflecte na elaboração da capa, do nome e das letras e esta é, sem qualquer dúvida, uma obra primorosa apesar de ficar aquém de Souvenirs d’Un Autre Monde. Este álbum peca em alguns exageros, nomeadamente o uso excessivo dos ‘la la la’ preenchem as partes vocais das músicas mais calmas. Esperemos que este lado lunar de Alcest não eclipse um projecto que a todos surpreende.
Deixo o resto à vossa guarda,
Nuno Bernardo
Classificação: 85/100