Álbum: 12 Gauge
Data de lançamento: 24 de Fevereiro de 2010
Editora: Spinefarm Records
Género: Melodic Death Metal
País: Finlândia
Membros
Pekka Kokko – Voz, guitarra rítmica
Antti Kokko – Guitarra solo
Marco Sneck – Teclado
Timo Lehtinen – Baixo
Janne Kusmin – Bateria
Alinhamento
- Rust Never Sleeps
- One Of Fail
- Bullets Are Blind
- Swampwar
- Better Not To Tell
- Hook The Monster
- Godeye
- 12 Gauge
- Sacramentum
- Cold Sweat [Thin Lizzy Cover]
A história dos nórdicos Kalmah começou em 1991, quando Pekka Kokko e Petri Sankala uniram esforços para criar a banda Ancestor. Após cinco demos com uma sonoridade Death/Thrash (e, curiosamente, com cinco baixistas diferentes), a banda decidiu recomeçar tudo de novo e em 1998, os Ancestor deram lugar aos Kalmah. Agregado à mudança de nome veio também um novo alento, objectivos mais sérios e uma sonoridade mais melódica dada sobretudo pela inclusão do teclado. Svieri Obraza, a demo de estreia dos Kalmah, trouxe a promessa de mais uma grande banda vinda da Finlândia, cujo enorme potencial foi confirmado em 2000 com o álbum de estreia Swamplord.
A nova sonoridade do projecto, característica do seu país de origem (semelhante a bandas como Norther, Catamenia e Eternal Tears Of Sorrow, sendo que vários elementos dos Kalmah já estiveram ligados a estas duas últimas), conquistou os fãs do género e a sua ascensão ao topo foi rápida e merecida. They Will Return, Swampsong e The Black Waltz sucederam o álbum de estreia, mantendo uma qualidade estável, com um som simultaneamente agressivo e melódico, riffs rápidos, solos electrizantes e um ambiente épico. Esta crescente popularidade da banda foi ameaçada em 2008 com o álbum For The Revolution, que apesar da sua inegável qualidade transmitia a sensação de que a inspiração da banda tinha atingido um limite, com músicas muito semelhantes e de certa forma repetitivas. Foi por isso com uma tensa expectativa que os fãs da banda aguardaram pela chegada deste novo trabalho, 12 Gauge, que iria tirar as dúvidas quanto à capacidade de composição e frescura musical dos Kalmah.
Ei-los perante nós, os bons e velhos Kalmah de volta em máxima força! Mais do que a reafirmação do seu potencial, mais do que um regresso à originalidade de composição, 12 Gauge é o reflexo do natural amadurecimento da banda. Com a mesma energia de sempre, o quinteto apresenta-nos um álbum cheio de pormenores interessantes e com uma qualidade técnica mais impressionante que nunca. Não existe no álbum um único tema que se possa considerar estar num patamar inferior: todos eles estão no topo daquilo que os Kalmah conseguem fazer e bem.
Rust Never Sleeps abre o álbum com uma curta introdução acústica em ambiente épico, que evolui para uma progressiva explosão sonora, culminante em riffs de guitarra e bateria electrizantes que acompanham toda a música. Rapidamente nos chega o curto refrão, melódico e a retomar o ambiente épico da introdução, ao qual se segue um solo de guitarras imponente, com uma técnica e rapidez impressionantes. Este tema introdutório deixa-nos com a promessa de um grande álbum, contagiando o ouvinte ao mergulhá-lo num estado de pura euforia. Seguidamente, o som típico de teclado dos Kalmah abre o tema One Of Fail, que continua a atmosfera do tema anterior e reforça o ambiente épico do álbum no refrão. Mais uma vez, temos um trabalho de guitarras louvável, com mais um solo divinal, em constante mutação rítmica e melódica. A simultaneidade da agressividade e melodia parece impossível, mas a verdade é que ambas existem em quantidades extremas e encaixam na perfeição.
Continuamos a nossa viagem à velocidade da luz pelo universo dos Kalmah com Bullets Are Blind, um tema em tudo completo, cheio de energia, perfeito para fãs de headbanging com pescoços de aço. Se dúvidas havia da magistralidade que os Kalmah conseguem atingir, temos ao fim de três temas a confirmação de uma das melhores bandas de Melodic Death Metal do momento. Quanto à referida falta de originalidade presente no álbum anterior, esqueçam! 12 Gauge transborda dela. Mas nem tudo é novo e o tema que se segue leva-nos de volta a 2003, com uma música que nos lembra a sonoridade do álbum Swampsong. Ligeiramente mais lenta que as músicas anteriores (excepto no solo), Swampwar é marcada pela nostalgia que transmite e assenta que nem uma luva no seguimento do álbum.
Segue-se Better Not To Tell, com uma das entradas mais belas de todo o álbum. Esta música diferencia-se das restantes pela sua atmosfera ligeiramente mais negra e profunda. É também um tema mais simples a nível de composição, não deixando no entanto de ter pormenores interessantes de analisar. Depois desta pequena “pausa” para respirar, voltamos à sonoridade explosiva com Hook The Monster, no qual volta a constar um trabalho instrumental digno de atenção e respeito. De referir também o coro no refrão, que de certa forma dá uma dimensão bélica à música.
Chegamos ao tema mais pesado de todos, Godeye, um mar de fúria e revolta, tempestuoso e sinistro, com uma atmosfera sufocante e tocado num tom elevado, como se de um hino se tratasse. Pessoalmente, este é o meu segundo tema favorito do álbum e um dos mais bem conseguidos de sempre dos Kalmah. Aproxima-mo-nos do final com a chegada da música homónima do álbum. Tal como o tema de abertura, tem uma curta entrada acústica, mas desta vez a transição para o sonoridade mais rápida da banda não é feita de forma progressiva mas sim abruptamente. Não há muito a dizer sobre 12 Gauge, uma vez que nela constam muitos dos elementos referidos nas músicas anteriores e estaria a repetir-me ao mencioná-los. No entanto, se tivesse que destacar o seu ponto forte, salientaria o trabalho de Marco Sneck no teclado.
Se Godeye é dos mais belos temas de sempre dos Kalmah, arriscaria a dizer que Sacramentum é o mais bem conseguido de toda a sua discografia. Mas que masterpiece! Profundidade, velocidade e melodia extremas, um refrão épico de cortar a respiração com tamanha beleza. O jogo de dois tipos de voz gutural é fenomenal, o trabalho de guitarras é único. Para mim, uma música em tudo perfeita, no qual se atinge o culminar daquilo que se pode definir como música bem trabalhada. A passagem acústica por volta dos quatro minutos eleva-nos ao paraíso, a profundidade sentimental do refrão desce-nos ao inferno e os solos mantém-nos num limbo irregular no qual derivamos em notas de pura mestria musical.
Como já nos têm habituado nos seus trabalhos mais recentes, os Kalmah voltam a apresentar uma cover, desta vez do tema Cold Sweat dos Thin Lizzy, transportando este tema histórico para o novo milénio, dando-lhe uma nova dimensão. Não se encaixando, obviamente, na sonoridade do resto do álbum, esta música mostra a capacidade dos Kalmah de transformar músicas e de lhes dar a sua sonoridade característica sem manchar de forma alguma a sua qualidade original.
Em suma, 12 Gauge é a reafirmação dos Kalmah no panorama do Metal internacional, que certamente irá agradar a qualquer fã de boa música, ricamente trabalhada, com espírito e sentimento, melodia e brutalidade, um misto de elementos que dão à música a alma que ela necessita. Um sincero obrigado aos Kalmah pelos magníficos trabalhos com que nos têm presenteado ao longo da sua carreira!
David Dark Forever Matos
Musicalidade: 9,5
Originalidade: 9,5
Produção: 9,5
Atmosfera: 9,5
Capa: 9,5
Impressão geral: 9,5
TOTAL: 95,00%