Álbum: A-Lex
Data de lançamento: 23 de Janeiro de 2009
Editora: SPV Records
Género: Groove Metal/Hardcore
País: Brasil
Membros
Derrick Green – Voz
Andreas Kisser – Guitarra
Paulo Jr. – Baixo
Jean Dolabella – Drums
A-Lex
- A-Lex I
- Moloko Mesto
- Filthy Rot
- We’ve Lost You
- What I Do!
- A-Lex II
- The Treatment
- Metamorphosis
- Sadistic Values
- Forceful Behavior
- Conform
- A-Lex III
- The Experiment
- Strike
- Enough Said
- Ludwig Van
- A-Lex IV
- Paradox
Mantendo a linha de análises em bandas internacionalmente reconhecidas, apontei a minha segunda análise para o mais recente trabalho de longa duração dos brasileiros Sepultura. Querendo quase apostar que a maioria das pessoas fora das andanças da musica pesada em Portugal já ouviu falar na banda Sepultura, ainda que quase toda essa maioria não conheça uma único tema – é simplesmente um nome familiar. Os Sepultura marcam o expoente máximo da cena metal brasileira e há 25 anos que fizeram história, quando os conhecidos irmãos Cavalera formaram a banda. De duas décadas e meia para cá, tudo mudou..ou pelo menos, quase tudo! A primeira formação destacava Max e Igor Cavalera na guitarra e na bateria, respectivamente, enquanto que Wagner Lamounier assumia a voz do grupo. No entanto o primeiro álbum, Morbid Visions, já apresentava outra formação. Aos Cavalera, juntavam-se Paulo Jr. e Jairo T., este último que acabaria por dar o lugar a Andreas Kisser nas gravações de Schizophrenia, em 1987. É isto que marca os Sepultura! 22 anos após a entrada de Kisser, apenas Paulo Jr. presenciou o álbum de estreia e nem sequer chegou à banda no ano em que se formou. Igor Cavalera disse adeus aos Sepultura em 2006 e actualmente a banda já não apresenta nenhum dos irmãos Cavalera. É à responsabilidade de Paulo Jr. e da teimosia de Andreas Kisser que os Sepultura avançam na sua discografia. A-Lex é a prova de que os “verdadeiros” Sepultura mudaram de nome para Soulfly após a saída de Max Cavalera.
Inspirado na obra escrita de Anthony Burgess, “Laranja Mecânica”, o álbum tem o nome do protagonista da história. Trata-se, portanto, de um álbum em torno do conceito da novela, aliado ao som mais orientado para o groove e hardcore que marcam a actualidade do grupo brasileiro. Com 18 faixas os Sepultura não vão além de 55 minutos de álbum, não deixando de apresentar um tema com quase 7 minutos e outro com 5 minutos e meio. Serão, provavelmente, as faixas que maior destaque merecem neste álbum. A segunda maior, Ludwig Van, é uma dose de metal neo-clássico em que Kisser acompanha a nona sinfonia de Beethoven com a sua guitarra. Isto pode impressionar, de facto, mas o álbum fica longe disso. Tudo o resto se baseia no som definido pela banda após o lançamento de Roots. Os tons pesados e rápidos que bem podiam ser de uma banda de crossover são repetitivos ao longo do álbum e Kisser prova que assassinou o thrash que tornou a banda célebre.Embora Forceful Behavior quase remote a Slayer, é mesmo o tema Ludwig Van que nos faz descansar das marteladas sentidas nas 15 faixas anteriores. Para quem achou que o álbum Dante XXI tinha sido um bom avanço na musicalidade deles desde o lançamento de Roots, que fique por aí. A-Lex não é, de longe, uma progressão. Os álbums na era irmãos Cavalera apresentavam mudanças de tempos, solos longos e variedade de riffs. Já A-Lex é um pressionar na repetição do nosso leitor de música. O álbum pode parecer, assim, mais longo do que realmente é. Nem mesmo o alcance vocal de Derrick Green do álbum Nation, nem o talento excepcional de Andreas Kisser conseguem realmente convencer os maiores fãs de Sepultura – nem mesmo os fãs dos últimos álbums.
O entendiante A-Lex vale a pena para quem gosta de completar discografias ou para quem não se guia no que acabei de escrever. Vale bem mais ouvir o recente trabalho de Cavalera Conspiracy ou a resurreição do som dos velhos Sepultura no Conquer de Soulfly. Há que depositar a confiança no trabalho actual de Max e Igor já que os álbums Beneath The Remains e Arise já lá vão. A expressão “bons velhos tempos” é isso mesmo.
Deixo o resto à vossa guarda,
Nuno Slayerus Bernardo