Lethian Dreams – Bleak Silver Streams (2009)

Banda: Lethian Dreams
Álbum: Bleak Silver Streams
Data de lançamento: 8 de Junho de 2009
Editora: Orcynia Records
Género: Atmospheric Doom Metal
País: França

Membros

Carlos D’Água – Voz gutural
Matthieu “Lethe” Sachs – Voz masculina, guitarra
Carline “Kyrinla” Van Roos – Voz feminina, guitarra, teclado
Eowyn – Baixo
Antoine – Bateria

Bleak Silver Streams

Alinhamento

  • Elusive
  • In Seclusion
  • Under Her Wings
  • Requiem
  • Severance
  • For A Brighter Death

Para que a minha transicção aqui no Ruído Sonoro do Metal nacional para o internacional seja mais “suave”, escolhi falar-vos hoje do novo álbum de uma banda francesa com um elemento português. São eles os Lethian Dreams, nascidos em 2002 na bela cidade de Paris, um projecto criado por Matthieu “Lethe” Sachs e Carline “Kyrinla” Van Roos. Para quem não os conhece, garanto-vos que em todos os projectos em que eles meterem o dedo, o resultado foi magnífico: primeiro nos In Somnis, depois nos Lethian Dreams, posteriormente nos Remembrance.
Foque-mo-nos agora nos Lethian Dreams. Além dos referidos membros fundadores, a banda conta também com o baixista Eowyn, o baterista Antoine (que se juntaram à banda apenas em 2006) e na voz gutural temos o nosso conhecido Carlos D’Água dos Before The Rain (membro desde 2005).
As duas demos lançadas em 2003 e 2004 fizeram adivinhar o nascimento de mais um nome de peso no panorama do Doom internacional, daquelas bandas que nascem no silêncio e ao fim de três ou quatro álbuns se afirmam com segurança num patamar superior. Foi em 2006 que o álbum de estreia Requiem For My Soul, Eternal Rest For My Heart viu a luz do dia e pouco ou nenhum foi o impacto que teve; contudo, o álbum é excelente, dos melhores álbuns de Doom lançados nesse ano. No seguimento do trabalho da banda, Bleak Silver Streams foi criado e lançado agora no Verão de 2009.

Bleak Silver Streams começa com Elusive, cujo início poderia muito bem ser uma música dos Draconian, com aquela voz masculina limpa e solene. Logo nos primeiros segundos somos envolvidos por uma atmosfera profundamente melancólica. A voz do Carlos D’Água entra pouco depois, qual dor rasgante: estão lançados os ingredientes para transformar o som num espelho das nossas almas moribundas. Mas o melhor está para vir, quando aos dois minutos entra a voz angelical da Carline, com uma suavidade comparável à da Liv Kristine, que ao longo do álbum dá uma dimensão divina às músicas. Este jogo de três vozes que acompanha todo o trabalho é perfeito e despertam toda a tristeza que há em nós, soltam as nossas lágrimas e fazem-nos flutuar num misto de uma alegria descontente, louca, e pura dor. Segue-se In Seclusion, que em relação à música anterior tem uma atmosfera mais densa e passagens mais rápidas, com a dor a sobrepor-se à melancolia, a raiva cresce numa esfera de tristeza. Under Her Wings, a terceira faixa, mantém a atmosfera da In Seclusion, mas o ritmo abranda, temos melodias mais tristes para as quais contribui um piano magnífico. A minha segunda música favorita do álbum é a Requiem, que começa logo com a Carline, o momento em que a sua voz atinge a máxima suavidade e pureza. Algumas passagens semi-acústicas pelo meio da música dão-nos uma pausa para sair do sufoco (positivo) de emoção que o resto da música transmite com uma força impressionante, que penetra em nós sem pudor. Continuamos com Severance, mais uma bela música da qual nada tenho a salientar de novo em relação às anteriores, tem talvez um pouco de todas. O álbum fecha com For A Brighter Death, dez minutos onde arrisco a dizer que a melancolia é cantada e tocada na perfeição; a música termina o álbum da melhor forma, com o culminar da emoção.
Todos os pormenores técnicos do álbum são de louvar e este peca apenas por ter algumas partes muito semelhantes a Draconian: não que sejam menos belas por isso, mas retira-lhe um pouco o mérito da originalidade. Aconselho a fãs, claro está, de Draconian, bem como de Swallow The Sun, The Sins Of Thy Beloved, Doom:VS e afins.

Saudações metaleiras,
David Dark Forever Matos

ClassificaçãoPerformance: 9,25
Musicalidade: 9,5
Originalidade: 7,5
Produção: 9
Atmosfera: 10
Capa: 9
Impressão geral: 9,5
TOTAL: 90,75%