Álbum: Erosion
Data de lançamento: Junho de 2009
Editora: Major Label Industries
Género: Death/Doom Metal
País: Portugal
Membros
Hugo Santos – Voz, guitarra
Nuno David – Guitarra
Custódio Rato – Baixo
Gonçalo Correia – Bateria
Erosion
- Dust (The Circle Part I)
- Waves (The Circle Part II)
- Corrosion (The Circle Part III)
- Lava (The Circle Part IV)
- Abandon (The Circle Part V)
- The Circle (Erosion Part I)
Estreio-me por estas bandas sem sair do território nacional; deambulando pelo quente e belo Alentejo, mais precisamente na cidade de Évora, encontramos os Process Of Guilt. Nascidos em 1998, foi em 2002 que a sua primeira demo, Portraits Of Regret, viu a luz do dia. No entanto, só os ouvi pela primeira vez em 2004, na altura em que saiu a segunda demo, Demising Grace. Logo me chamaram a atenção pelo seu Death/Doom Metal promissor. Foi com grande expectativa que esperei o seu álbum de estreia, Renounce, lançado em 2006. Quando finalmente saiu, fiquei maravilhado pela sua qualidade, pelo Death/Doom atmosférico que os Process Of Guilt tão bem construiram e que os catapultou do Metal underground nacional para um patamar mais elevado. Foi com grande expectativa que esperei por este segundo trabalho, Erosion, e foi com grande alegria que consegui uma das últimas cópias (senão mesmo a última) da Edição Limitado do mesmo, cuja caixa e layout está simplesmente soberbo.
O patamar, como referi, já era elevado, mas os Process Of Guilt conseguiram superar-se a si mesmos com o Erosion. Neste álbum, a banda eleva o Death/Doom a uma nova dimensão, com uma atmosfera intensamente negra, poderosa, fria como gelo. O som é pesado e cheio de pormenores interessantes, com destaque para a bateria que me maravilhou não só com a sua profundidade sonora como também pela complexidade e mudanças de ritmo: os meus parabéns ao Gonçalo Correia! As guitarras têm uma distorção de cortar a respiração, criando a tal atmosfera e liderando o ritmo e a melodia das músicas de uma forma absolutamente magistral. A voz do Hugo Santos com toda a sua profundidade acrescenta frieza, raiva, dor crua que tão bem assenta no resto do som. O toque final é dado pelo baixo, que ajuda as músicas a chegar ainda “mais baixo”, ao abismo do Doom Metal de qualidade.
Erosion começa com a música Dust (The Circle Part I), que desde logo nos dá a impressão de maturação da banda em relação ao Renounce. Um som arrastado que nos leva a um mundo novo, ao “Circle” do Erosion. Depois do positivo choque emocional inicial da Dust, a música Waves (The Circle Part II) leva-nos mais fundo, ao lado mais negro das nossas almas, na qual destaco as guitarras e a bateria na parte final, às quais me rendi completamente. O álbum continua com Corrosion (The Circle Part III), onde a fúria chega finalmente com toda a sua força: é a música mais intensa do álbum. Segue-se Lava (The Circle Part IV), que começa calma e vai aumentando progressivamente, chegando a um clímax de dor contagiante. O círculo fecha com Abandon (The Circle Part V), a música que vai mais fundo no abismo, onde sentimos a solidão do vazio a dilacerar a carne, onde a dor passa a uma loucura doce e fria: uma complexidade emocional com a qual me identifiquei na perfeição. O álbum termina com a música The Circle (Erosion Part I), um instrumental progressivo que nos desperta de novo para a realidade, com um som melancólico que toca fundo e deixa marcas. Do início ao fim, uma viagem inesquecível pelo lado mais negro das nossas almas, pelo vazio, pela dor, pela solidão que só quem já sentiu consegue compreender.
Os Process Of Guilt conseguiram com o Erosion afirmar a sua posição de forma sólida no panorama do Metal nacional, onde o Doom está a crescer de forma bastante satisfatória. A par dos senhores Desire que já cá andam há algum tempo e dos belos trabalhos que os Eternal Mourning nos deixaram, temos agora novos nomes: além dos Process Of Guilt, destaco Ava Inferi, Before The Rain e Divine Lust, não esquecendo novas promessas das quais espero muito, nomeadamente Mourning Lenore e Why Angels Fall. Temos finalmente Doom Metal de qualidade para fazer frente aos grandes nomes internacionais!
Saudações metaleiras,
David Dark Forever Matos