ENCHANTYA – Dark Rising

ENCHANTYA – “Dark Rising”

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Oito anos após a sua formação, com uma demo e um EP pelo meio, chega-nos finalmente o álbum de estreia dos lisboetas EnChanTya. A longa espera resultou num trabalho de pouco mais de uma hora e 13 temas, quatro deles novas versões dos que constam no EP de 2005, Moonlighting The Dreamer. A sonoridade da banda está longe de uma catalogação direta: com bases de Gothic Metal, tanto pela voz operática feminina como pela atmosfera criada pelas teclas, a banda inclui uma forte influência de Progressive Metal, sobretudo nas guitarras, acrescentando grunhidos de Death e ainda uns momentos mais enérgicos a roçar o Heavy/Power. Não, não estamos de todo perante “mais uma banda de Goth”. Parece que o caminho da banda se inspira no lema (que roubo ao título do EP dos Napalm Death) “Leaders, Not Followers“.

A grande questão aqui é: será que esta mixórdia de sonoridades resulta? Será que a banda tem capacidade de composição e execução para um projeto tão ambicioso? Definitivamente, sim e sim. Dark Rising ergue-se como uma lufada de ar fresco no Metal nacional, fazendo renascer um pouco do espírito das Black Widows na pessoa de Rute Fevereiro e oferecendo ao catálogo luso um álbum com momentos tão distintos musicalmente como memoráveis. Também os temas antigos integrados neste álbum encaixaram bem, no entanto nota-se que foram compostos numa altura diferente, com um pouco menos de experiência (apesar de terem melodias magníficas nos refrões).

Seria penoso para o leitor estar a descrever tema a tema, embora houvesse algo a dizer sobre cada um. Fico-me por isso pelo destaque dos melhores, começando pelo épico gótico Clad In Black, onde a Rute mostra um alcance vocal tremendo, do mais operático ao gutural (gutural que, verdade seja dita, não é o seu forte, acabando por se tornar um pouco enfadonho, não neste, mas noutros temas). Your Tattoo é o tema mais progressivo de Dark Rising e mostra todo o potencial de composição da banda. Dark Rising é energia em estado puro, com um refrão poderoso. Winter Dreams é uma linda balada que mostra o lado mais doce da voz da Rute e contém o melhor solo de todo o álbum, que toca cá dentro e arrepia. Os temas finais do álbum guardam alguns dos melhores momentos, com um grande trabalho instrumental na Fear Me When You Fall (a minha música favorita de todo o CD) e melodias épicas nos dois temas finais, sendo que o último já era conhecido.

Valeu a pena esperar tanto por algo tão bom. Fica no entanto a sensação que a banda pode fazer ainda melhor nalguns aspectos. Apesar do esforço da Rute por ter uma alcance vocal completo, penso que a parte do gutural podia ficar a cargo de outro elemento da banda ou artista convidado. Espero também que o próximo álbum, não contendo temas antigas, viva ainda mais de um conceito como um todo e não de faixas separadas e tão diferentes. Por último, de realçar a qualidade instrumental da banda, que merecia momentos de maior destaque (e que tal um tema inteiramente instrumental?). A magia foi libertada, será que os Enchantya a conseguem moldar em algo ainda melhor no próximo trabalho?

// David Matos

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[/one_half] [one_half_last] País
Portugal
Género
Progressive Gothic Metal
Membros
Rute Fevereiro – Voz
Nuno Seven – Guitarra
Emanuel Henriques – Guitarra
Manuel ‘MP’ Pinto – Baixo
Luis ‘Vlad’ Fernandes – Teclado, sintetizadores
João P. Monteiro – Bateria
Alinhamento
Unwavering Faith | No Stars In The Sky | Night In Whisper | Clad In Black | Longing For You | Your Tattoo | She Devil | Ocean Drops | Dark Rising | Winter Dreams | Fear Me When You Fall | Interlude / Become Of Me | Moonlighting The Dreamer
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