LES DISCRETS – “Ariettes Oubliées…”
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Quando duas bandas partilham um país de origem, um estilo, uma digressão europeia, um artista gráfico, uma editora e até um baterista… é difícil não entrar em comparações. E ambas lançam os álbuns quase em conjunto. Em 2012, os Alcest lançaram “Les Voyages de l’Âme” e estes Les Discrets liderados pelo multi-instrumentista (e artista gráfico em questão) Fursy Teyssier trataram de mandar para fora “Ariettes Oubliées…”. Este é o segundo álbum da banda, depois do aclamado “Septembre et Ses Derniéres Pensées”, e oferece uma maior gama de contrastes em relação ao último de Alcest. Este é mais versátil, tendo momentos mais melancólicos e também mais pesados quando é necessário, mas talvez não tão bonito e iluminado. Cada vez mais parece que estes Les Discrets são o lado negro dos Alcest, ambos com melodias evocativas mas com a sua própria marca. Teyssier e Neige (a mente por trás de Alcest) têm desempenhado um papel fulcral no desenvolvimento e na cimentação do pós-black metal europeu desde a separação de Amesoeurs (em 2009, banda em que ambos participavam). Ainda que as semelhanças entre Alcest e Les Discrets sejam mais que muitas, não existe um espírito competitivo.
Não existe porque os Les Discrets conseguem-se destacar de algum modo. Muito por causa de Audrey Hadorn, vocalista e responsável pela lírica da banda, que complementa na perfeição o francês de Fury Teyssier e dá um extra boost ao dramatismo de “Ariettes Oubliées…”. A sua voz tem o difícil cargo de espremer toda a melancolia, saudade e delicadeza da musicalidade de Fursy e Winterhalter. No entanto, os franceses também reconhecem as suas raízes no black metal descarado – o final de ‘La Traversée’ é um exemplo – e o seu gosto pela progressão rítmica mais cuidada, onde convém mencionar ‘La Nuit Muette’. Um ponto forte de Les Discrets é a organização das faixas, cada vez mais convidativas no decurso da sua audição. Numa luta contra a monotonia, o trio consegue utilizar mais trunfos com o passar dos minutos e em menos de nada está o disco no fim. A sua produção contribui também bastante para a qualidade do trabalho, onde as vozes, as guitarras, o baixo e a bateria se misturam e se equilibram muito bem. O compromisso com a estrutura de “Ariettes Oubliées…” tem o seu balanço provado com a gradual introdução de ‘Linceul d’Hiver’ e com a despedida instrumental de ‘Les Regrets’. Mas despedida apenas na edição que analisamos. Existe uma versão de dois discos deste álbum, tendo o segundo três faixas adicionais. ‘Le Souffle Froid’, ‘Ariettes Oubliées II: Il Pleure Dans Mon Cœur…’ (com a participação de Gianluca Divirgilio, voz de Arctic Plateau) e uma versão acústica de ‘L’Échappée’ proporcionam pouco mais de nove minutos de bónus.
Em termos de comparação com Alcest, os Les Discrets ganham no campo da originalidade e do exotismo dado o nicho estilístico em que se inserem. Uma fácil e agradável escuta.
[84/100] // Nuno Bernardo
Análise submetida a novo sistema de classificações

[/one_half] [one_half_last] País
França
Membros
Fursy Teyssier – Voz, Guitarra, Baixo
Audrey Hadorn – Voz
Winterhalter – Bateria
Alinhamento
Linceul d’Hiver | La Traversée | Le Mouvement Perpétuel | Ariettes Oubliées I: Je Devine à Travers un Murmure | La Nuit Muette | Au Creux de l’Hiver | Après l’Ombre | Les Regrets