A banda entrevistada esta quinzena foram os Bless The Oggs. Aqui ficam as palavras do vocalista Marco Passadinhas.
RUÍDO SONORO: Uma das primeiras coisas que salta à vista do público é o vosso nome pouco usual. De onde veio a ideia para Bless The Oggs e, já agora, o que signfica?
BLESS THE OGGS: Como deves imaginar, já montes de gente nos perguntou e pergunta o significado de Oggs. O nosso nome surgiu num dos nossos primeiros ensaios, mais ou menos em Setembro de 2006, quando estávamos num daqueles brainstormings que quase todas as bandas têm quando estão a escolher um nome. Eu sugeri Bless 75 (seventy-five), devido à compra de uma guitarra naquela altura que custou 75€; utilizei a expressão “abençoados 75€”, mas o nosso antigo baterista, o Pitchi (atentado), disse: “eh pá, com números não porque já há muita banda com números no nome, e se escolhêssemos Oggs mas com dois g’s?”. O nome soou muita bem, depois como também é normal começámos a falar no que significava, uns diziam que eram uma palavra em calão utilizado pelos Americanos ou Ingleses, já não me lembro bem, para definir uma raça qualquer de porcos, e então olha, abençoados sejam os porcos porque também são gente! Há tantos por aí…
RUÍDO SONORO: Como descrevem a sonoridade da banda e quais as vossas influências?
BLESS THE OGGS: A nossa sonoridade é baseada em 3 estilos base: o Metal, o Hardcore e o Rock. Terá outros seguramente, mas estes são os que mais se evidenciam, por serem as bases dos elementos que fazem parte da banda. Talvez já seja um cliché, mas a verdade é esta, gostamos de misturar peso com melodia, um sem o outro ficam coxos. A nível de influências, vou apenas referir algumas que nos influenciaram e que ouvíamos quando definimos a linha que iríamos seguir no álbum, que como deves saber gravámos em Janeiro de 2011: Atreyu, Thrice, Alexisonfire, Story of the Year, Norma Jean, From First to Last, Everytime I Die, Underoath, Architects, A Day To Remember, etc..
RUÍDO SONORO: It All Starts With A Seed é o vosso trabalho de longa duração de estreia. Do que nos fala esta “semente”?
BLESS THE OGGS: O titulo do álbum resume em parte o conteúdo lírico do mesmo, mas também este passo que demos ao decidir gravá-lo, ou seja, é necessário sempre uma semente, um primeiro passo, vontade, para que algo possa acontecer. Nada acontece por acaso, e isto aplica-se em tudo na vida, seja nas relações entre as pessoas, situações do quotidiano com maior ou menor importância, etc.. Como as letras foram escritas por mim, obviamente existe aqui uma parte mais pessoal, mas sempre no sentido metafórico para que mais pessoas se possam identificar com elas, ou não.
RUÍDO SONORO: Este álbum foi produzido por Vasco Ramos (More Than A Thousand) e masterizado por Chris Common (Mastodon, Pelican, Men Eater). Como foi trabalhar com estes dois profissionais já experientes?
BLESS THE OGGS: Trabalhar com o Vasco Ramos foi a melhor coisa que nos podia ter acontecido; amigo, deixa-me-te dizer isto, o “DOUCTORE” é um dos melhores a nível nacional. Mas digo-te mais, e é a minha convicção, vai ser um dos melhores a nível internacional! A sensibilidade que ele tem para escrever e compor canções é única, ele percebe de tudo, ritmos e leads de guitarra, baixo, bateria, voz (não fosse ele vocalista dos More Than A Thousand), é brutal. Ele pega em qualquer coisa e zás!. transforma-a numa malha brutal, mas rapidamente, não é passado 1 dia ou 2, é na hora. Além de ser uma pessoa 5 estrelas que está ali para te ajudar no que for preciso, no tempo que estiveres em estúdio é como se fosse um elemento da banda. Tenho a certeza que se perguntares a todas as bandas que trabalharam com ele que todas te vão dizer o mesmo. O Chris Common também só podemos falar bem dele, o currículo que ele tem fala por si, estivemos com ele apenas duas vezes, mas também é super acessível e competente, na nossa opinião fez um excelente trabalho, mas deixa-me também aqui mencionar e destacar o trabalho do Tiago Canadas dos Poison Apple Studios, que foi o engenheiro de som e foi também quem fez a mistura do álbum.
RUÍDO SONORO: De grande qualidade é também o artwork do álbum. Quem foi a mente criadora e o que simboliza a capa?
BLESS THE OGGS: Fui eu que fiz capa. Eu não sou designer nem percebo nada do assunto, sou apenas um curioso, comecei a mexer em várias imagens que tínhamos e aquele foi o resultado final. Toda a banda opinou no que poderia ou não resultar melhor até chegarmos ali. Vou-te ser sincero, podia estar aqui com tangas que significa isto ou aquilo, mas a razão principal daquela ser a capa é de termos achado aquela imagem brutal, e que por acaso até ligava com o titulo do album, especialmente a parte da “seed”, pois como sabes a capa é a imagem de um campo de ervas secas com árvores no horizonte e nuvens com a sensação de movimento.
RUÍDO SONORO: Dos concertos que já deram, conseguem destacar alguns temas que o público tenha curtido mais?
BLESS THE OGGS: Uma das nossas preocupações, que foi consequência dos vários conselhos que o Vasco nos deu, foi de escrevermos músicas que depois resultassem bem ao vivo, e embora só tenhamos dado 8 concertos depois de gravarmos o álbum, é simplesmente lindo quando estamos em cima de um palco e temos pessoas que cantam connosco, mas destaco aqui “Reprint Yourself Tonight”, “Comaprison”, “This Charming War”, “Hate Days Later” e “Walls Of Truth (We´ve Built This Fire)”, mas no geral todas as musicas têm sido bem aceites.
RUÍDO SONORO: Por falar em concertos, os Bless The Oggs são também os responsáveis pelo evento WAST Fest, a decorrer a 9 de Junho na República da Música. De onde surgiu a ideia e porquê apostar nestas sete bandas?
BLESS THE OGGS: A ideia e o conceito deste festival é de unir as bandas que estão agora a surgir ou que surgiram à relativamente pouco tempo, em torno do mesmo objectivo que é tocar e divulgar o seu trabalho. Não adianta andarmos aqui com rivalidades estúpidas porque isso nunca levou nem levará ninguém a lado nenhum. O mercado é pequeno, a nossa cultura, se bem que está a mudar aos poucos, não é muito de ir sair à noite para ir a concertos, é mais discotecas. Para ires tocar a qualquer lado pedem-te 50€ à hora de aluguer de espaço, fora PA e técnico. Posto isto, pensámos: vamos organizar um festival, juntamos bandas que curtimos e que são mais ou menos da mesma onda que nós e surgiu o conceito do WAST FEST – “WE ARE STRONGER TOGETHER FESTIVAL”. Temos a participação a nível de despesas de algumas das bandas que vão participar e assim facilitamos a vida a todos.
RUÍDO SONORO: Já têm planos para trabalhos futuros?
BLESS THE OGGS: Sim, já estamos a escrever novas músicas, sem qualquer pressão a nível de timings, mas estamos a apontar ir para estúdio até ao final do ano, princípio do próximo.
RUÍDO SONORO: Quais são as perspectivas da banda em termos de projeção no estrangeiro?
BLESS THE OGGS: Obviamente pensamos em divulgar o nosso trabalho no estrangeiro, mas primeiro queremos consolidarmo-nos a nível nacional, uma coisa de cada vez. Vamos fazer uma tour nacional – “Reaching An Abiss Tour” – com os nossos amigos First Class Tragedy e Iodine em Maio e Junho, e estamos a pensar em fazer outra a começar em meados de Setembro, na qual vamos tentar incluir algumas datas em Espanha e quem sabe por essa Europa, mas por enquanto está no Jupiter’s cock, que é como quem diz, está no segredo dos deuses.
RUÍDO SONORO: Com quem gostariam de partilhar o palco um dia?
BLESS THE OGGS: São tantas as bandas que nem sei por onde começar, mas tirando as da minha adolescência (sim, sou de 1978), como os Guns N´Roses, Metallica, Aerosmith, Pearl Jam, Faith No More, etc., e a partir de ’97 para cá, vou-te dizer algumas internacionais: UnderOATH, Bring Me The Horizon, Deftones, Slipknot, e mais umas 1500 que andam aí. A nível nacional, voltar a partilhar o palco com os nossos amigos More Than A Thousand, Hills Have Eyes, Devil In Me, etc. Isto dando exemplos de bandas já com mais notoriedade, mas nós gostamos de tocar com toda a gente, bandas grandes, pequenas e assim-assim, normalmente fazemos amigos em todo o lado e é esse o espírito da coisa.
Queremos-te agradecer a oportunidade de divulgarmos o nosso trabalho e um pouco do que somos.