É o sexto álbum de originais dos grandes do metal progressivo, que lançaram o seu último disco de estúdio em 2011, e que este ano de 2016 nos deleitaram com mais um aguardado lançamento, The Art of Loss.
Redemption sempre se dedicou a executar a sua música de uma forma bastante complexa. Muito de Fates Warning continua presente em cada álbum da banda, mas sempre com a sua própria marca, o grupo foi conseguindo ao longo dos anos solidificar uma posição na indústria do metal. The Art of Loss surge cinco anos após o último dos originais, This Mortal Coil, lançado em 2011. Este novo lançamento criou enormes expectativas nos fãs e crítica, vista a distância temporal do seu último disco.
Desta vez, o grupo torna as suas letras e músicas ainda mais ‘deprimentes’ com um conceito muito dedicado à perda de algo emocional, de alguém ou de sentido na vida. Ray Alder melhora a sua actuação, de forma substancial face a This Mortal Coil, transportando o sentimento necessário para a execução de cada uma das faixas. A banda apresenta um álbum forte e envolvente, conceptualmente, muito bem concebido e executado, criando uma ‘narrativa’ bastante fácil de seguir e que diz respeito a todos os ouvintes. Conceitos como perda, amor perdido, esperança e solidão são uma constante no álbum, apesar de haverem apenas fragmentos de sentimentos positivos, este disco pode ser uma porta aberta para coisas novas e uma vida renovada para alguém perdido no meio da ‘escuridão’ emocional.
O disco está, de facto, consistente, apesar de encontrar um ponto menos positivo na faixa “That Golden Light” que tem quase cinco minutos, e que instrumentalmente é bastante ‘cheap’ e, por vezes, pirosa mas que, conceptualmente, reforça, e de que maneira, o conceito inicialmente concebido pela banda. Globalmente, o grupo esmerou-se no que respeita à vertente instrumental, compondo riffs e solos, por vezes, ‘animalescos’ e muito complexos. Este foi, também, o disco com mais participações especiais com Marty Friedman, Chris Broderick e Simone Mularoni que substituíram Bernie Versailles, a recuperar de um aneurisma. John Bush também acrescenta muito valor à faixa “Love Reign O’er Me”, executando um dueto com Ray Alder.
The Art of Loss contém duas grandes faixas, com mais de dez minutos, “Hope Dies Last” e “At Day’s End”, esta última com mais de vinte minutos. Ambas são bastante consistentes e tentam introduzir uma vertente mais positiva a um disco que, por vezes, tenta deprimir mais do que animar. Apesar de a tentativa ser sempre mostrar uma réstia de esperança a uma vida obscura e perdida, parece que o grupo acaba por explorar mais a vertente mais triste dessas emoções e possíveis soluções. “At Day’s End” apesar de tudo, pode criar a sensação de ser longa demais, em certos momentos, mas que são rapidamente compensados com outros fantásticos momentos. Não me parece que se possa transformar num clássico, como “Sapphire” ou “Something Wicked This Way Comes”, mas ainda assim parece-me um excelente final para um grande disco. Também se poderá mencionar a excelente, “Slouching Towards Bethlehem”, com mais de oito minutos, que é uma das faixas mais pesadas do álbum e, provavelmente, a minha preferida. Não só acrescenta uma excelente componente melódica ao álbum, mas também é bastante complexa, instrumentalmente, e todos os membros do grupo estão em grande, conseguindo uma das suas melhores performances dos últimos tempos, nesta faixa.
O álbum consegue reunir todos os elementos que os Redemption foram tornando habituais, ao longo dos anos. Tinha enormes expectativas em relação a este lançamento, visto a banda ter-se tornado numa das minhas favoritas, e não fiquei de todo desiludido. As faixas divulgadas, prematuramente, eram boas mas tinham um estilo demasiado acessível e pouco complexo e apesar de serem boas músicas, ficava a sensação de faltar algo. O melhor ficou guardado para o dia do lançamento, com um conjunto de faixas bem complexas, melódicas, pesadas e com arranjos de ‘matar’. A banda conseguiu construir um conceito bastante emocional e torná-lo fácil de compreender, nunca cansando o ouvinte. The Art of Loss soa melhor quanto mais audições forem feitas, o que é excelente para um álbum de música. Apesar de não ser perfeito, pode perfeitamente ser um dos melhores discos do ano e um dos melhores da banda.
Autor: João Braga