Já é sabido que Ritchie Blackmore é considerado um dos grandes génios musicais, pelo menos no que ao rock e heavy metal diz respeito. Com este álbum, podemos adicionar o folk rock a essa lista, a banda criada pela paixão do músico pelo renascimento e música folk, levou a que fundasse, juntamente, com a mulher Candice Night, os Blackmore’s Night. Apesar de grande parte das letras e direcção artística ser guiada pela mulher do guitarrista, é Ritchie Blackmore que espiritualiza e dá alma à, provavelmente, melhor banda de folk rock da actualidade.
Uma das grandes vantagens, deste grupo, é conseguir manter um nível constante de qualidade. Por isso mesmo a banda é a melhor no seu estilo. Uma das razões para manterem um nível muito constante, é conseguirem inovar a sua música em cada álbum do grupo, e apesar de o som não alterar significativamente, fica sempre aquela réstia de novidade, principalmente no que diz respeito à inclusão de mais e mais rock neste folk rock que não agrada a todos. Apesar de o disco anterior conter um fantasma, a morte de Jon Lord, que tornou o disco um pouco sombrio em certos momentos, este disco All Our Yesterdays tem muitos elementos, por vezes, depressivos. Talvez pela idade do guitarrista, as composições de guitarra são bem mais emocionalmente desgastadas e tristes em alguns momentos. Basta atentar a “Darker Shade Of Black”, “The Other Side”, “Queen’s Lament”, “Will O’ The Wisp” e “Earth, Wind And Sky”.
Os álbuns dos Blackmore’s Night sempre tiveram o amor como tema principal, o amor conseguido e correspondido. Neste disco fica um pouco notório a sensação de perda e desgosto, tornando-o mais sombrio que os habituais álbuns do grupo liderado por Blackmore e Candice Night. Existem muitas mais baladas e músicas lentas, em oposição às habituais canções alegres e mexidas pelo qual o grupo se foi caracterizando. Como referido acima, não existe muita diferença entre os álbuns da banda, e comparando com o disco anterior, All Our Yesterdays, consegue ter momentos mais felizes e menos felizes também. Não existe uma enorme diferença entre os dois discos, o que é agradável de saber, tendo em conta, que Dancer And The Moon consegue ser um lançamento muito credível.
Com este novo disco, Blackmore mantém a tendência de continuar a colocar mais rock nos discos dos Blackmore’s Night, o que é uma excelente notícia já que é um dos mestres e pioneiros do rock e heavy metal. Neste disco, gostava de chamar a atenção para as faixas que surpreendem mais, tecnicamente: “All Our Yesterdays”; os instrumentais “Allan Yn N Fan”, “Darker Shade Of Black” e “Queen’s Lament”; e as melhores faixas do álbum “Where Are We Going From Here” e “Will O’ The Wisp”. Gostava de chamar a atenção, também, para boa mas relativamente genérica “Moonlight Shadow” e a típica “The Other Side”.
A pontuação reflecte o nível constante que o grupo conseguiu implementar nos seus trabalhos, qualitativamente. A inclusão do rock tornou a banda mais obrigatória e digna de nota, como uma das melhores bandas do momento. Apesar do folk rock não ser a minha especialidade, gosto de considerar que o que Ritchie Blackmore faz é minha especialidade e os Blackmore’s Night não são excepção. Um bom disco, credível e agradável de ouvir, apesar dos momentos emocionalmente desgastantes que vai apresentando.
Autor: João Braga
Álbum. Frontiers Music Srl. 18/09/2015
Classificação/Rating
8.0
Um bom disco, credível e agradável de ouvir. Contém momentos emocionalmente desgastantes, o que é novidade nos discos do grupo.