Banda: Rotting Christ
Álbum: AEALO
Data de Lançamento: 15 de Fevereiro de 2010
Editora: Season Of Mist Records
Género: Melodic Black Metal
País: Grécia
Membros
Sakis Tolis – Voz, Guitarra, Teclados
George Bokos – Guitarra
Andreas Lagios – Baixo
Themis Tolis – Bateria
Membros convidados
Magus – Voz
Alan A. Nemtheanga – Voz
Diamanda Galas – Voz (na faixa 11)
Alinhamento
01. Aealo
02. Eon Aenaos
03. Demonon Vrosis
04. Noctis Era
05. dub-sag-ta-ke
06. Fire Death and Fear
07. Nekron Iahes…
08. …Pir Threontai
09. Thou Art Lord
10. Santa Muerte
11. Orders From The Dead [Diamanda Galas cover]
Com todo o fulgor para o seu décimo álbum de originais, estes gregos mostram cada vez mais o seu afastamento do black metal cru que protagonizaram quando surgiu o reinado do black metal norueguês em meados dos anos 90. Ficam cada vez mais para trás as maiores influências do conjunto, atingindo cada vez um som único e inconfundível. Este afastamento terá sido iniciado com o lançamento do álbum “Sanctus Diavolos“, em 2004, sendo maioritariamente bem recebido pelo público e pelos fãs em geral. “Theogonia“, de 2007, foi mais um passo diante do aperfeiçoamento desta nova sonoridade. Chega-nos em “AEALO” o álbum que mais difere do resto da sua discografia, sem nunca perder o poder e a brutalidade que os caracterizou ao fim de 23 anos de carreira. Vindos de um país cuja música pesada ainda não é muito reconhecida internacionalmente, a banda ganhou muitos fãs nos últimos anos devido às suas investidas pelos Estados Unidos e Europa fora. Após esta lição de história e evolução, eis que são Rotting Christ.
“AEALO” é, para começar, o registo mais folk da banda. As suas influências na cultura helenística e da Grécia Antiga são bastante óbvias pelas vozes femininas surpreendentes, que lembram a faixa ‘Enuma Elish‘ do anterior “Theogonia“, sendo agora estas muito mais frequentes no background de um instrumental pesado e caótico como já é habitual nos Rotting Christ – a palavra AEALO já é por si uma tradução de uma palavra da Grécia Antiga para o alfabeto latim e significa ‘Destruição’, palavra que reflecte bem o conteúdo musical e lírico do álbum.
Sejamos francos, não é nada difícil desenvolver a cada álbum um som cada vez mais próprio e ao mesmo tempo manter as influências e os elementos da música tradicional grega. As guitarras de Sakis Tolis e George Bokos são fieis à sua cultura, descarregando brutais e inspiradas melodias, são sem dúvida fortes armas na combinação de riffs e solos. Já em relação ao trabalho de Sakis Tolis na voz, não poderia haver melhor encaixe no que é exigido pelo instrumental. Voz essa que não é a única neste décimo trabalho de longa duração: Magus, dos Necromantia e ex-vocalista de Rotting Christ entre 1992 e 1994, dá o seu contributo ao longo deste álbum, assim como Alan A. Nemtheanga, vocalista dos irlandeses Primordial que sem dúvida dá um toque diferente e dramático como na sua banda. A lendária Diamanda Galas acaba também por participar neste álbum – a última faixa, ‘Orders From The Dead‘, é uma cover da mesma e a própria é quem dá voz a esta versão. Ao fim de tantos anos de carreira do quarteto grego, as músicas encontram-se cada vez mais completas e contam com um pouco de tudo o que já foi lançado previamente na sua discografia. No entanto, a falta de uma inovação maior pode prejudicar e estagnar o grupo. Mesmo com vários convidados, ou mais inspirados na sua cultura e música tradicional, ou com mais melodia e orientação “gótica” no que toca aos teclados… nada difere do que já fizeram anteriormente. É sempre bom a manutenção de um som vencedor, mas também é óptimo explorar alguns aspectos que podiam ser reforçados. Mas o que é certo é que “em equipa que ganha, não se mexe”, e os fãs não terão razões de queixa.
O ponto fraco do álbum, porém, pode-se tornar verdadeiramente maçador – este torna-se bastante repetitivo e a quem esteja a escutar por mera curiosidade é pouco provável que o oiça duas vezes consecutivas sem intervalo. Mas os Rotting Christ não deixam que este defeito borre a pintura, antes pelo contrário. A sua grande qualidade de composição e o seu som inconfundível sabem compensar. E é garantido que mais nenhum acto de black metal se pode orgulhar de transformar a cultura do seu próprio país em música pesada de classe e primor para todos os fãs do globo.
Deixo o resto à vossa guarda,
Nuno Bernardo
Classificação: 83/100