Álbum: Forja
Data de lançamento: 4 de Julho de 2009
Editora: (sem editora)
Género: Folk Metal
País: Portugal
Membros
Filipa Mota – Voz e flautas
Jorge Cardoso – Guitarras
Pedro “Panda” Tomaz – Baixo e guitarra portuguesa
João David – Teclado
Luís “Lulla” Torres – Bateria
Paulo Jerónimo – Gaita-de-foles
Forja
- Pedaço De Céu
- Ode À Luna
- Eternidade
- Orpheu
- História Perdida
- Condão
- Zépico
- Medeia
- Tempos
- Almas
- Ominorej (A Minha Morte)
Ainda ontem estava eu a enaltecer o Metal nacional na minha review aos Thee Orakle e hoje chega-me às mãos o novo álbum de mais uma banda que grande contributo tem dado para a sua expansão a novos horizontes. São eles os Hyubris, nascidos no coração de Portugal e com Portugal no coração, a banda de Folk Metal de maior sucesso no nosso país (e, infelizmente, praticamente a única também). O seu primeiro trabalho foi lançado em 2002, o EP Desafio, cujo nome se adequava à missão que os Hyubris tinham em mãos: o desafio de criar puro Folk Metal lusitano, explorar caminhos desconhecidos, dar um passo no escuro e acertar no caminho. Este primeiro trabalho teve, como é de esperar no Metal nacional devido à falta de apoios, pouco impacto, apesar da grande qualidade das músicas.
Foi em 2005, com o seu álbum de estreia homónimo, que o nome Hyubris surgiu de boca em boca, com comentários na sua maioria bastante positivos, muitos deles maravilhados com esta sonoridade nova no nosso país. Contribuiu na altura para tornar o som mais único e característico de Portugal as letras das músicas, falando das nossas glórias passadas, tudo com enorme paixão e orgulho, não esquecendo referências como Antero de Quental, cujo poema As Fadas foi adaptado na música Fadas (Creio Nelas) e Zeca Afonso, com a cover da sua música Canção de Embalar. O maior destaque foi dado a voz incomparável de Filipa Mota, talhada na perfeição para música Folk. Surge agora no Verão de 2009 o novo trabalho da banda, Forja, que em relação ao Hyubris tem uma evolução notóriamente positiva: um álbum mais cuidado, mais trabalhado, mais maduro, o que aliás era o esperado.
O álbum abre com uma doce melodia cantada com sons da natureza de fundo, seguido de um instrumental épico e medieval, com uma solenidade e profundidade de louvar. Esta primeira música, Pedaço de Céu, divide-se em duas partes distintas; depois desta abertura, começa a música em si, onde desde cedo a voz de Filipa Mota percorre vários tons e nos volta a maravilhar como tinha feito no álbum anterior. A construção desta música é típica do resto do álbum: sem grandes pormenores, de uma simplicidade original, melódica, com um ritmo que nunca é demasiado lento nem rápido. O instrumental de todo o trabalho cria um ambiente envolvente que nos faz respirar natureza e sem nunca perder o espírito do Metal, consegue ser alegre e misterioso: quase que sentimos a magia no ar! Ode À Luna, a música que se segue, é um bom exemplo dessa magia e desse mistério, dado especialmente pelo teclado e pela flauta. Suavidade e leveza é o que se segue com Eternidade, uma balada que agradará a qualquer fã de boa música, indicada para todas as idades, um som intemporal com uma letra memorável: esta será certamente uma das músicas que irá marcar a carreira dos Hyubris.
Tal como no trabalho anterior, os Hyubris voltam à mitologia, com duas músicas inteiramente dedicadas a deuses gregos: Orpheu e Medeia. A primeira é dos temas com um ambiente mais medieval do Forja, com guitarras e bateria puramente Folk. A Orpheu segue-se uma das mais belas músicas do álbum, História Perdida, com uma melodia divina que nos embala e nos dá a sensação que estamos a ascender aos céus, culminando com aquele que é para mim o melhor solo de guitarra do álbum: mais uma música que irá marcar a história da banda.
Seguem-se Condão, Zépico e Medeia, três músicas das quais muito poderia dizer, mas que vou deixar em aberto para vós próprios explorarem se tiverem curiosidade de ouvir o álbum. Dou apenas um cheirinho da Zépico: “Oh meu povo lusitano / Quantas lágrimas derramadas ? / Quantos nomes enaltecidos ? / Mas de vós, povo embarcadiço, / Só eu canto!”. Posso também dizer que a Medeia é o tema do álbum onde mais magia anda no ar. Mas o que se segue a estes três temas é do outro mundo! A segunda balada do álbum, Tempos, é na minha sincera opinião uma das mais belas músicas jamais feitas em Portugal. Posso estar a exagerar, mas foi esta a opinião com que fiquei depois de ouvir uma melodia tão penetrante e uma letra tão comovente e profunda. Fico sem palavras para esta música, por isso digo apenas: oiçam!
Contrastando com Tempos, Almas é o tema mais Metal de Forja: mais pesado, mais bélico, com um instrumental solene e, nalgumas partes, rápido e dançante. Fechamos com Ominorej (A Minha Morte), cujo título se adequa perfeitamente à letra mas que dá uma ideia errada da música e nos surpreende positivamente. Se o título vos sugere uma música triste, desenganem-se! Muito pelo contrário, esta é a música mais alegre de todo o albúm, que tanto no ritmo como na letra nos convida a pular, dançar e cantar, um hino à felicidade. Esta é também a música com o som mais português de todas, contribuindo para isso o artista convidado Jorge Miguel com o seu acordeão.
Termina assim a nossa viagem à magia do Folk, mais uma vez construída de uma forma que só os Hyubris conseguem fazer. Confirmada a sua qualidade e consolidada a sua posição no Metal nacional, aguardo ansiosamente o desenvolver do trabalho desta magnífica banda.
Saudações metaleiras,
David Dark Forever Matos
Musicalidade: 9
Originalidade: 8,5
Produção: 9
Atmosfera: 9,5
Capa: 9
Impressão geral: 9,5
TOTAL: 90,50%