A terceira edição do MEO Kalorama irá ocupar o Parque da Bela Vista, em Lisboa, entre os dias 29 e 31 de Agosto. Mantendo a fórmula dos dois anos anteriores, último grande festival de Verão na capital e arredores continua a apostar na música alternativa, emergente ou de culto distribuída por quatro palcos.
No primeiro dia, o Palco MEO vai receber a pop de Sam Smith numa nova apresentação de Gloria ao público português, enquanto o legado do triphop de Massive Attack vai ser recordado num alinhamento que passa sobretudo por Mezzanine e que incluirá em palco os convidados Elizabeth Fraser, Horace Andy e Young Fathers.
A 30 de Agosto o festival é encabeçado por outras duas bandas que tratam a electrónica de diferentes formas. Os LCD Soundsystem podem não ter novidades discográficas, mas será sobretudo pela sua capacidade enquanto líder de uma excelente live band que James Murphy se irá destacar neste MEO Kalorama. Por outro lado os Jungle, já bem conhecedores do público que têm por cá, poderão dispensar a apresentação mais extensa de Volcano para um alinhamento mais focado em fazer dançar os corpos num festival quente.
Definitivamente o dia menos consensual, a 31 de Agosto o festival contará com o afrobeat de fusão de Burna Boy de I Told Them…, mas também com a pop e o R&B ao piano de RAYE, que despontou no ano passado com o lançamento do álbum de estreia My 21st Century Blues.
Para além destes seis nomes no topo do cartaz, recomendamos outros dez a ter em conta no roteiro do MEO Kalorama 2024:
#01 Fever Ray
Longe estão os tempos em que Karin Dreijer surgia ao lado do irmão Olof na dupla The Knife, assumindo desde 2009 o nome de Fever Ray (na foto) para fazer música a solo. Depois de um célebre álbum homónimo nesse mesmo ano, Plunge marcou o regresso em 2017 e traz-nos agora a apresentação de Radical Romantics, editado no ano passado. Esse disco marca nova colaboração entre os irmãos, mas também com os esforços de produção de Trent Reznor e Atticus Ross, materializando assim uma electropop mais aguçada. O concerto será no Palco San Miguel no dia 29 de Agosto.
#02 The Postal Service + Death Cab For Cutie
Ben Gibbard vai subir ao Palco San Miguel a 30 de Agosto com as suas das bandas a celebrar um set bastante especial. Tanto com o indie rock de Death Cab For Cutie como com a electrónica de The Postal Service, vai existir ocasião para soprar vinte velas – assim é o aniversário de Transatlanticism, esse álbum conceptual sobre um romance à distância, mas também de Give Up, que juntou Gibbard a Dntel e Jenny Lewis e nos deu “Such Great Heights” ou “The District Sleeps Alone Tonight”. Ocasião perfeita para recuar ao início do século com várias faixas que marcaram uma geração indie.
#03 Ezra Collective
Foi após vencer o Mercury Prize em 2023 que o quinteto londrino de fusão de jazz e afrobeat ganhou mais notoriedade, mas os sinais já estavam dados há muito tempo. Em 2019 já haviam editado You Can’t Steal My Joy, merecedor de festivas apresentações ao vivo, mas foi Where I’m Meant To Be que os colocou no mapa a escala global, somando aí colaborações com Emeli Sandé, Kojey Radical, Nao, Sampa the Great e até com o realizador Steve McQueen. Visitam de novo o país a 30 de Agosto para concerto no Palco Lisboa, antecipando já o terceiro disco Dance, No One’s Watching, com data de lançamento apontada para Setembro.
#04 Yard Act
Quando no início de 2022 o disco de estreia The Overload saiu, as primeiras escutas remeteram-nos de imediato para Mark E. Smith e os seus The Fall. Com post-punk com sentido artístico e bastante vincado na música no wave do final dos anos 70, depressa nos agarraram com a faixa-título mas também com “100% Endurance” ou “Rich”, mas volvidos dois anos as coisas mudaram um pouco de cenário. Where’s My Utopia?, lançado em Março último, é dance-punk que mais depressa ligamos à música disco, abordando a própria experiência do que é ter uma banda. “Dream Job” e “We Make Hits” são alguns dos novos singles para ouvir e ver no Palco Lisboa a 31 de Agosto.
#05 Fabiana Palladino
Fabiana Palladino inaugura o Palco San Miguel no terceiro e último dia de MEO Kalorama, a 31 de Agosto, com os temas do seu álbum homónimo de estreia lançado no passado mês de Abril. A pop e a R&B da jovem britânica foi lançada com esforços de duas labels, a Paul Institute de A. K. Paul e a gigante XL que alberga nomes como Arca, Jack White, King Krule, Sigur Rós e vários projectos de Thom Yorke, tanto a solo como com Radiohead e The Smile. Razões suficientes para angariar curiosos? Por nós, sim.
#06 Nation of Language
De Nova Iorque chega a synthpop viciante de Nation of Language, trio que iniciou o seu salto para a notoriedade com as apresentações ao vivo de A Way Forward (2021) e com o lançamento do mais recente Strange Disciple (2023). Desse último disco é possível agitar o corpo e bater o pé ao som de “Sole Obsession”, “Stumbling Still” ou “Weak In Your Light”. Sintetizadores bem vincados no new wave que será a 30 de Agosto no Palco Lisboa.
#07 English Teacher
Oriunda de Leeds tal como Yard Act, esta jovem banda poderá passar despercebida num mar de nomes sonantes a destacar neste MEO Kalorama. Os English Teacher, liderados pela vocalista Lily Fontaine, lançaram apenas o seu álbum de estreia This Could Be Texas apenas neste ano, mas já em 2022 tinham deixado bons indicadores com o EP Polyawkward. Confirmadas as credenciais em formato de longa-duração, já somam uma nomeação para o Mercury Prize em 2024 e sobem ao Palco Lisboa no dia 30 de Agosto.
#08 Vagabon
A camaronesa Laetitia Tamko, mais conhecida pela sua veia de cantautora enquanto Vagabon, traz as suas canções ao festival para concerto no Palco Lisboa a 29 de Agosto. Já vários anos volvidos desde a estreia Infinite Worlds, a multi-instrumentista continua a escrever belas canções de indie rock e pop como mostrou no trabalho homónimo em 2019 e, mais recentemente, em Sorry I Haven’t Called, álbum que lançou no ano passado e irá apresentar nesta visita a Portugal.
#09 Gossip
São cada vez menos as bandas da explosão de indie rock no virar do milénio que persistem relevantes. Os Gossip de Beth Ditto participaram nesse movimento de revivalismo em 2006 com a estreia Standing In The Way Of Control, mas foi em 2009 com Music For Men que o rock altamente dançável ganhou outros contornos. Mas apesar dos quinze anos desde que “Heavy Cross” preencheu as playlists das rádios, a banda mantém-se viva e até lançou um novo álbum este ano. Real Power é o primeiro disco em doze anos e mostra uma banda bastante capaz dos seus talentos de outrora. “Crazy Again” é um bom exemplo disso e no MEO Kalorama será no dia 29 de Agosto no Palco San Miguel.
#10 The Kills
A banda transatlântica, composta pela norte-americana Alison Mosshart e pelo inglês Jamie Hince, tem tido um percurso curioso. Depois de uma curva ascendente suportada pelos discos Keep On Your Mean Side, No Wow, Midnight Boom e Blood Pressures, parecia uma questão de tempo até que a banda atingisse um estatuto semelhante ao que outras duplas de indie, garage e blues rock conseguiram uns anos antes. Foram esses os casos de The Black Keys e The White Stripes, estes segundos de Jack White que até formou os The Dead Weather com a própria Mosshart. No entanto Ash & Ice parece não ter convencido tanto quanto os antecessores em depois desse disco de 2016 a banda entrou mesmo em hiato. O regresso deu-se no ano passado com God Games que irão apresentar no Palco San Miguel a 30 de Agosto para recuperar alguma da chama do passado.
Para além dos nomes já mencionados, entre dez recomendações e headliners, o MEO Kalorama vai contar também com as presenças de Ana Lua Caiano, Ana Moura, Cláudia Pascoal, Cormac, dEUS, DJ Python, emmy Curl, Filipe Catto, Folamour, Glockenwise, Jalen Ngonda, Loyle Carner, Olivia Dean, Overmono, Peggy Gou, Soulwax, Unsafe Space Garden ou Yves Tumor, entre outros.
Autor: Nuno Bernardo