O NOS Alive regressa ao Passeio Marítimo de Algés de 11 a 13 de Julho com uma proposta de cartaz nos seus moldes habituais: nomes históricos assumem o topo do alinhamento ao lado de outros no pico da sua consagração, ao mesmo tempo que as restantes slots se distribuem entre legados, novas tendências e celebrações.
Para 2024 é difícil contornar a presença de Pearl Jam, banda com uma estreita ligação ao festival. Terá mesmo vindo da sua música “Alive” a inspiração para o nome do evento logo na edição de estreia em 2007. Vai ser, no entanto, a quarta vez que a marcante banda de rock e grunge de Seattle actua no NOS Alive, concentrando assim todas as atenções para o Palco NOS no dia 13 de Julho. Também com uma palavra sobre a história do festival e do rock, os The Smashing Pumpkins também actuaram na primeira edição e repetem a presença a 11 de Julho, num dia co-encabeçado por Arcade Fire a celebrar os vinte anos do lançamento de Funeral. Do passado para o presente, é a 12 de Julho que o NOS Alive destaca o talento no auge da glória: Dua Lipa continua a perseguição da pop, do rock e do disco dos anos 80 com o mais recente álbum Radical Optimism, quatro anos depois da bomba de popularidade que se tornou Future Nostalgia.
Dando a volta a estas quatro presenças obrigatórias no NOS Alive 2024, fazemos um roteiro de outras dez a não perder entre os dois principais palcos:
#01 AURORA
A norueguesa Aurora Aksnes (na foto), reconhecida apenas pelo seu primeiro nome e em letras garrafais, é já há vários anos um dos maiores talentos vocais da art pop europeia. Volvidos já oito anos (como o tempo passa…) desde o lançamento da estreia All My Demons Greeting Me As A Friend, altura em que passou de forma quase discreta pelo Musicbox em Lisboa, são já cinco os trabalhos de longa duração no seu reportório – o último dos quais acabado de lançar, What Happened To The Heart?, que destaca os singles “Your Blood”, “The Conflict of the Mind”, “Some Type of Skin” e “Starvation”. Pelo meio deu voz no filme Frozen II e também participou em Wolfwalkers, ocasião em que regravou “Running With The Wolves”. A sua música chegou ainda a outros meios, como os jogos Mass Effect: Andromeda, Sky: Children of the Light ou a saga Assassin’s Creed, em cima de colaborações com The Chemical Brothers e Tom Odell, estendendo assim um currículo invejável para quem acabou de celebrar o seu 28º aniversário. Talento consagrado que finalmente agora pisa um palco maior em Portugal, a 12 de Julho, no Palco Heineken.
#02 Parcels
Da Austrália mas sediado em Berlim, na Alemanha, o quinteto Parcels regressa ao NOS Alive dois anos depois e ainda sem música nova. Day/Night, de 2021, permanece o disco mais recente de registo em estúdio, mas é ao vivo que as faixas que dispensam barra de espaço ganham a sua vida. “Tieduprightnow”, “Gamesofluck”, “Lightenup”, “Hideout” ou “IknowhowIfeel” são algumas a não perder no pé de dança de nu-disco, funk e pop psicadélica como em “Overnight”, faixa que nasceu de uma colaboração com Daft Punk em 2017 e que os apontou a assinarem pela label francesa Kitsuné. É para se continuar a bailar no dia 11 de Julho no Palco Heineken.
#03 Michael Kiwanuka
O londrino Michael Kiwanuka é hoje, doze anos depois do seu álbum de estreia Home Again, uma das mais singulares vozes do rock e da soul. Vencedor do Mercury Prize em 2020 com Kiwanuka, é ainda com esse disco que o músico sobe a palco sem anúncio de um novo trabalho. Também é desse disco que se compõe a maioria do alinhamento que irá trazer ao Passeio Marítimo de Algés a 12 de Julho, no Palco Heineken, com os singles “You Ain’t The Problem”, “Hero” ou “Rolling”, que surgem ao lado de faixas obrigatórias de Love & Hate, de 2016, como a faixa-título e “Cold Little Heart”. Reencontro marcado com o público português a 12 de Julho no Palco Heineken.
#04 The Breeders
Se os Pearl Jam têm o destaque quase todo para o que se tem a dizer sobre rock dos anos 90 no dia 13 de Julho, no Palco NOS, o que resta cabe às compatriotas The Breeders. A banda formada pelas gémeas Kim e Kelley Deal, juntamente com Josephine Wiggs e Jim Macpherson, têm estado em palco para lembrar os 30 anos do lançamento de Last Splash, considerado um dos melhores álbuns da década de 90 (e até de sempre, pela Rolling Stone). É daí que iremos ouvir de forma já algo envelhecida, mas igualmente refrescante, temas como “Cannonball”, “Divine Hammer”, “Saints” ou “Invisible Man”, havendo ainda espaço para passagens por Pod, disco de estreia, ou All Nerve, o mais recente. Eventual surpresa? Uma versão de “Gigantic”, dos Pixies, não fosse Kim Deal a baixista original e co-vocalista do influente grupo.
#05 Black Pumas
Eric Burton, voz que perseguiu uma carreira da Califórnia em direcção ao Texas, e Adrian Quesada, premiado produtor pelo seu trabalho no funk latino do Grupo Fantasma, juntaram forças em 2018 para formar os Black Pumas. O resultado é soul psicadélica de mão dada com o R&B, com visão cinemática aguçada e que desde cedo despontou: em 2020 foram nomeados para Best New Artist nos Grammy Awards graças ao homónimo disco de estreia, trazendo agora consigo Chronicles of a Diamond, lançado no ano passado. Sobem ao Palco Heineken no dia 11 de Julho.
#06 Khruangbin
Os igualmente texanos Khruangbin também se aventuram pela música psicadélica cinemática, embora com alicerces no surf rock, no funk e no dub. O trio composto por Mark Speer, Laura Lee e DJ Johnson musicam tanto os desertos áridos do Médio Oriente como as florestas tropicais sul-americanas, mantendo um pé nas pranchas havaianas. O vislumbre ao sudeste asiático é feito através do nome da banda – significa «avião» em tailandês e simboliza, curiosamente, todas as aventuras globais que a música da banda encapsula. Depois dos sucessos de The Universe Smiles Upon You (2015), Con Todo El Mundo (2018) e Mordechai (2020), o trio trabalhou com Vieux Farka Touré para lembrar a influência do seu pai Ali, mas são as faixas do novo álbum em nome próprio A La Sala que vão ser servidas no Palco Heineken a 13 de Julho.
#07 Tyla
A sul-africana Tyla Laura Seethal chegou ao estrelato global com “Water” no ano passado, mas só este ano chegou o álbum de estreia, homónimo, que será devidamente apresentado ao público português no Palco Heineken a 12 de Julho. A artista de apenas 22 anos é a artista africana mais jovem a vencer um Grammy Award e somou já nomeações para os BRIT Awards, entre outros, já acumulando o título de «rainha do popiano», transcrição das ruas para a fusão que faz entre a música pop e o amapiano sul-africano. De resto, um talento emergente que terá em palco ainda a música de “Art”, “Jump” ou “Truth or Dare”.
#08 Benjamin Clementine
Com o terceiro e último disco às costas, intitulado And I Have Been, o poeta, músico, compositor e também actor Benjamin Clementine é ainda hoje comparado a Nina Simone e outras grandes vozes do jazz ou da clássica contemporânea. E ainda se sente o tremor do disco de estreia, At Least For Now, que o fez vencer o Mercury Prize em 2015 e eventualmente o guiaria a uma distinção das artes pelo governo francês quatro anos mais tarde. É desse primeiro álbum que se aguarda ouvir em Algés temas como “Condolence”, “Nemesis”, “Cornerstone” ou “I Won’t Complain”, embora seja feita uma breve passagem por I Tell A Fly, de 2017, disco que nos deu “God Save the Jungle” ou “Phantom of Aleppoville”. Mas seja qual for o alinhamento escolhido para o Palco NOS a 11 de Julho, e tal seja a direcção da carreira artística de Benjamin Clementine, os feitos já ninguém lhe tira – mesmo com a possibilidade de este ter planos para se retirar da música muito em breve.
#09 Nothing But Thieves
A arrancar os concertos no Palco NOS este ano – logo a 11 de Julho – o quinteto britânico Nothing But Thieves prometem rock alternativo pujante que remonta a conterrâneos como Foals, Muse ou Royal Blood. Assim é desde o disco de estreia, homónimo de 2015, mantendo a chama das guitarras em Broken Machine em 2017. Em 2020 lançaram Moral Panic e trazem desta vez a Portugal os temas de Dead Club City, lançado no ano passado, sendo o alinhamento ao vivo uma amálgama de todos esses trabalhos. Desde “If I Get High” a “Welcome to the DCC”, vão-se entoar as melodias de “Is Everybody Going Crazy?”, “Real Love Song”, “Sorry” ou “Amsterdam”.
#10 Sum 41
De despedida dos palcos, os Sum 41 estão a percorrer o mundo para recordar porque se tornaram relevantes no virar do milénio com o seu pop e skate punk. Oriundos do estado de Ontario, no Canada, e liderados por Deryck Whibley na voz e guitarra, os cinco músicos que compõem a actual formação vão injectar energia através de temas de All Killer No Filler, álbum de estreia de 2001, que albergou singles óbvios como “Fat Lip”, “In Too Deep” e “Motivation”. O sucessor, Does This Look Infected?, deu outras malhas orelhudas – “The Hell Song” ou “Still Waiting” – para nos lembrar do que era ser jovem antes das actuais tecnologias. Será no Palco NOS a 13 de Julho, mesmo antes de Pearl Jam.
Para além dos quatro headliners e as outras dez recomendações em cima mencionadas, vão passar pelo NOS Alive 2024 outros nomes dignos de destaque. São os casos de Alec Benjamin, Ashnikko, The Cat Empire, Conjunto Corona, Floating Points, Genesis Owusu, Gloria Groove, Jessie Ware, Larkin Poe, Sea Girls, Tourist, Unknown Mortal Orchestra, entre muitos outros.
Autor: Nuno Bernardo