FUNDAMENTAIS DO PROGRESSIVO: Christ 0 e The Seraphic Clockwork

Um ‘Fundamentais’ totalmente dedicado aos excelentes Vanden Plas, a banda alemã de metal progressivo, que são reconhecidos como grandes conhecedores de música e pela teatralização das suas obras musicais. Todos eles foram peças essenciais e com protagonismo em grandes óperas rock como “Jesus Christ Superstar”, “The Rocky Horror Show”, “Little Shop of Horrors” e “Evita”.

Uma grande parte da sua discografia é composta por álbuns conceptuais e verdadeiras peças de teatro, com um conceito muitas vezes complexo e sempre, extremamente, bem trabalhado.

Vanden Plas – 2006 – Christ 0

Christ 0 é o quinto álbum de originais do grupo e considerado como um dos discos mais proeminentes dos alemães. É baseado na obra-prima “O Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas. O álbum conta a história de ‘Christ 0’ que foi preso por um crime que não cometeu, e que é perseguido por um detective da Interpol, ‘X’, que foi nomeado para resolver casos de homicídios cometidos por ‘0’ como forma de se vingar por tudo o que o fizeram passar. Ambas personagens acabam por ter epifanias e verificar os seus próprios erros e quão semelhantes as suas personalidades são.

Lista de faixas para Christ 0:

01. Christ 0Christ_0_album_cover_by_Vanden_Plas
02. Postcard To God
03. Wish You Were Here
04. Silently
05. Shadow I Am
06. Fireroses Dance
07. Somewhere Alone In The Dark
08. January Sun
09. Lost In Silence
10. Gethsemane [Jesus Christ Superstar cover] [bonus]

É muito difícil determinar os melhores álbuns de Vanden Plas, já que a qualidade global dos seus lançamentos é tão próxima que tal tarefa se torna complicada de executar. Este disco de 2006 tem uma consistência impressionante e a narrativa está tão bem delineada que a audição nunca se torna saturante, apesar de ter mais de uma hora de duração. A escrita das letras está fantástica, parecendo até que se segue a história por um livro, tal é a inteligência e a eficiência do seu relato. A produção está bastante boa e a performance do grupo está como sempre…muito boa mesmo, com uma grande e emocionada exibição de Andy Kuntz que me parece, constantemente, o membro mais ‘brilhante’ do grupo. Esta é uma escolha para a nossa colecção que, apenas, perde por tardia. PS: de referir a fantástica escolha da faixa “Gethsemane” para encerrar o álbum, tanto em termos emocionais como técnicos, retirada da ópera rock “Jesus Christ Superstar” e incrivelmente bem interpretada por Andy Kuntz.

Vanden Plas – Christ 0 (álbum na íntegra)

Vanden Plas – 2010 – The Seraphic Clockwork

Apesar de muitas vezes subvalorizados e criticados por repetirem o mesmo tipo de ideia e sonoridade nos seus álbuns, o que é certo é que sempre que lançam um disco a qualidade é bastante acima da média, e o facto de conseguirem executar álbuns conceptuais tão fantásticos ainda os valoriza mais, na minha opinião.

The Seraphic Clockwork foi o primeiro álbum da banda que ouvi, apesar da sua carreira com três décadas, nunca me empenhei ou senti vontade de os ouvir. Quando ouvi “Holes in the Sky”, anos antes de ouvir o disco completo, não fiquei impressionado, apesar de ter gostado não os achei tão fantásticos como mais tarde viria a achar, primeiro estranhei só depois entranhei.

Lista de faixas para The Seraphic Clockwork:

01. Frequencydestaque_theseraphicclockwork
02. Holes In The Sky
03. Scar Of An Angel
04. Sound Of Blood
05. The Final Murder
06. Quicksilver
07. Rush Of Silence
08. On My Way To Jerusalem
09. Eleyson [bonus]

Numa noite, há uns meses atrás (sim é verdade, uns meses!!), sem muito para fazer decidi partir para a viagem tenebrosa e aventureira dos Vanden Plas… e ainda bem que o fiz, pois são um dos grandes grupos muitas vezes esquecidos. Este disco segue a mesma linhagem do seu antecessor com uma história complexa mas muito bem estruturada, sobre um homem que, após uma visão apocalíptica, é enfeitiçado com um feitiço do Velho Testamento e tem que voltar atrás no tempo para poder confrontar o seu destino. O álbum ‘viaja’ do século XVI, Roma, até Jerusalém no ano 33 D.C. Novamente, Andy Kuntz brilha mais, mas o conjunto é espectacular. A voz dramática e melódica de Andy transforma todos os discos do grupo numa grande viagem emocional, mas justiça seja feita todos eles são excelentes e merecem o reconhecimento como uma das bandas mais importantes da história do metal progressivo.

Vanden Plas – The Seraphic Clockwork (álbum na íntegra)

// João Braga