Coube aos são-joanenses EAK a abertura desta noite de quinta-feira. O Armazém do Chá que já está habituado a receber bandas de grande calibre estava pronto para a destruição que se ia seguir.
Continuando na mesma veia da promoção do seu último álbum, “MuzEAK”, o grupo demonstrou através de um concerto demolidor e coeso o porquê de serem uma das bandas nacionais mais originais e mais bem salvaguardadas. Misturando vários estilos distintos, claramente influenciados por Converge ou uns Burnt By The Sun, a maturidade do colectivo realça-se a cada novo concerto – a voz do Paulo Santos está melhor que nunca, transmitindo uma grande intensidade ao vivo mas reflectindo também o ambiente que esta tem no álbum. Com a actuação a roçar pouco mais de 30 minutos o público pareceu aquecido e agradecido por um começo tão energético. Banda de abertura perfeita para esta noite, um grande começo.
Recarregadas as energias com um copito ou dois de cerveja seguiam-se os compatriotas dos Black Tusk – Fight Amp,ou Fight Amputation (como quiserem, segundo os próprios), com o seu sludge/noise experimental e agressivo, por vezes até primordial. Um trio que rebentou com a sala que já estava bem mais composta. Numa actuação de muitos berros e guitarradas com volume desumano, conseguiram dar conta do assunto, sendo que esta era a sua primeira vez em Portugal, aliás primeira vez na Europa.
Com três álbuns na bagagem todas pela Translation Loss Records, e sendo o terceiro aquele que iria se destacar mais na setlist do concerto, chamado “Birth Control”. Lançado no ano passado, é um registo que culmina todas as suas influências e ao mesmo tempo eleva a sua sonoridade para algo mais distinto e pessoal. Provaram que não são uns meros amadores embora tenham pouca experiência em solo europeu. Destaque para a épica e arrastada ‘Get High and Fuck’, que pelos vistos agradou aos presentes e deu mote a um pequeno encore. Fez portanto todo o sentido actuarem antes dos seus conterrâneos, tendo em conta o seu historial. Um split com Black Tusk que certamente os ajudou a alcançar um maior reconhecimento.
Finalmente chegara o momento mais esperado da noite. Com a sala a fervilhar, os Black Tusk não pouparam ninguém. Vindos de Savannah, Geórgia, uma localidade que é conhecida como o berço de grandes grupos como Kylesa e outros tantos colossos do sludge.
Apostaram no novo EP “Tend No Wounds”, lançado este ano, mas também não se esqueceram de percorrer todo o seu vasto repertório de peso. Foram ouvidos «clássicos» como ‘Embrace the Madness’, ‘Red Eyes, Black Skies’ e ‘Bring Me Darkness’. As suas músicas ganharam uma maior intensidade ao vivo e toda a sua energia e entrega solidificaram a sua coesão como grupo e a paixão que tem em tocar ao vivo. Sempre comunicativos com o público, demonstraram um grande à vontade, algo que não é alheio para os Black Tusk, que tem vindo a crescer de ano para ano. Fazendo as contas foi um concerto super competente, cheio de energia, suor e de grande lição de humildade. Uma banda que não se cansa de andar na estrada e que tem pela frente um grande futuro.
Nota geral muito positiva para todo o ambiente que se sentiu no Armazém e uma boa adesão do público, mesmo para uma quinta. Mais um grande evento pela SWR-inc.
Fotos por: Pedro Resende
Texto por: Nikita Rusnak