O mais emblemático festival da cena metaleira da Margem Sul estava de volta. Foi na passada sexta-feira que a Sociedade Filarmónica Estrela Moitense recebeu as primeiras bandas. Talvez por ser sexta-feira, e tendo a banda espanhola Noctem e Switchtense a encabeçar o primeiro dia, era esperado um recinto composto. Acabaram por se exceder as expectativas, pois no final da noite o recinto estava lotado.
De uma forma ligeiramente pontual, o palco foi inaugurado por ANCIENT HORDE, uma banda a jogar em casa, a tocar um black metal com notáveis influências do thrash oldschool, que cumpriram as expectativas daqueles que já os conheciam. De seguida foram recebidos os seixalenses SHADOWSPHERE, que atingiram o seu momento alto quando tocaram a cover “Animal (Fuck Like a Beast)” de WASP, tendo parte do público a entoar o seu refrão. A ocasião foi aproveitada para apresentar o seu novo álbum, “Inferno”, recentemente lançado. Em ritmo ascendente, os MIDNIGHT PRIEST agarraram o público em bom português, sendo agradável surpresa para quem não os conhecia. Com a subida de NOCTEM ao palco, estava consumado um dos momentos mais desejados do festival. Quem os conhece sabe o que esperar deles: a banda espanhola não dá só um concerto mas sim um espectáculo, onde todos os adereços usados pelo vocalista e pinturas faciais dos restantes membros da banda completam na perfeição o espírito do black metal que se fazia ouvir. A celebrar o seu décimo aniversário, os SWITCHTENSE contaram com três convidados especiais ao longo do seu concerto. Em jeito de recordar a digressão que os levou a vários cantos do país juntamente com FOR THE GLORY, GRANKAPO e SEVEN STITCHES, os respectivos vocalistas participaram em distintas faixas ao longo do concerto. A movimentação no público foi constante e recebeu com apoteose temas como ‘Into The Words Of Chaos’ ou ‘State Of Resignation’. Este espectáculo foi gravado para ser editado em DVD, culminando com um bolo de aniversário e invasão de palco.
O segundo dia do evento abriu às 16h, com os jovens ANOTHER DAY WILL COME a entrar em cena. A ainda pouca experiência de palco não os impediram de mostrar um bom potencial nos seus temas, merecendo uma plateia melhor composta do que a que se encontrava. Seguindo a linha jovem, os coimbrenses DARK OATH despejaram toda a sua energia, arrancando as primeiras reacções no público a pedido da vocalista Sara Leitão. De forma a não quebrar o gelo, os GATES OF HELL voltaram a puxar pelo público, que respondeu com os primeiros circle pits do dia. GÖATFUKK subiram ao palco num ritmo diferente das anteriores bandas, reduzindo a velocidade nas primeiras faixas e chegando a roçar o black metal depressivo, terminando com um regresso à velocidade com ‘Chaos In My Life’, cover de THE EXPLOITED. Os OVERCOME podiam-se ter sentido um pouco fora do contexto, mas foi frisado que nestas ocasiões o metal, o hardcore e o underground em geral se devem abraçar – o público reagiu bem, com direito até de alguns manifestos de slam dance. O ‘intervalo’ de 45 minutos para jantar parece ter prejudicado os horários a serem cumpridos, com os CONCEALMENT a sofrerem com esse facto. Escassos temas foram tocados, sendo interrompidos bruscamente para dar fim ao concerto. Ainda assim, a presença de ‘Orifice’ ou ‘Etchant’ esboçaram alguns sorrisos. Seguiram-se os minhotos THE RANSACK que, com hostes alusivas ao novo álbum “Bloodline”, permitiram movimentações violentas do palco para a plateia no seu regresso ao palco do festival, quatro anos depois. Também de regresso ao Moita Metal Fest, os ECHIDNA apresentaram-se com novo vocalista e novo álbum, que foi o mote para o caos. Numa sonoridade estreante, os GWYDION tiveram no seu folk metal a sua principal arma para fazer o público dançar e entoar os seus temas. A boa disposição foi espelhada através de um bom concerto, em que o hidromel foi um excelente acompanhamento. Já os veteranos GROG regressaram à Moita para uma verdadeira barreira de som, destruindo o recinto através da sua brutalidade musical. A casa estava cheia para receber os míticos MATA-RATOS, levando o público ao rubro sem dispensar os seus mais emblemáticos temas como ‘Napalm na Rua Sésamo’, ‘Xu-Pa-Ki’,’CCM’ ou ‘A Minha Sogra é Um Boi’ já em encore.
Em suma, e a frase que melhor descreve o Moita Metalfest de 2012 é: “Do c******!!!”. Frase esta que foi entoada pela maior parte das bandas que subiram ao palco durante estes dois dias e pelo público em geral. Que venha outro.
Agradecimentos aos Switchtense
Texto e Fotografias por Nuno Bernardo e Sofia Correia