Varg Vikernes, após ter passado os últimos 16 anos na prisão pelo homicídio de Øystein Euronymous Aarseth, foi libertado no final da Primavera deste ano e prepara-se agora para lançar um novo álbum de originais. O trabalho intitula-se Den Hvite Guden (The White God) e sairá no mercado por volta de Março/Abril de 2010. Aqui fica o texto escrito pelo Varg no site oficial do projecto, onde reflecte sobre o passado e explica o futuro dos Burzum:
“A Burzum Story: Part X – The White God
Tal como vocês talvez já saibam, caras senhoras e senhores, e outros indivíduos também, não sou amigo da cultura moderna apelidada de Black Metal. É uma paródia vulgar e sem gosto do Black Metal norueguês anno 1991-1992, e se dependesse de mim enfrentaria o seu fim desonroso o mais cedo possível. Contudo, ao invés de abandonar a minha própria música, apenas porque outros reclamaram o seu nome ao afirmar que tinham algo em comum com isso, vou continuar ligado a ela. Os “black metallers” irão provavelmente continuar a embebedar-se, drogarem-se, e também noutros comportamentos se irão comportar com um estereótipo de um Negro; eles irão provavelmente continuar a fazer tatuagens tribais estrangeiras, vestir-se, andar, falar, parecer-se e agir como homossexuais, e assim por diante. Alguns dos “black metallers”, os seus fãs e cúmplices irão até provavelmente continuar a fingir – e na verdade acreditar – que têm algo em comum com Burzum, mas deixem-me assegurar-vos: eles não têm! Eu toco algo que que pode ser descrito como uma espécie de metal, tudo bem, e eles também o fazem, mas a semelhanças acabam aí. Freud escreveu livros. Tolkien escreveu livros. As semelhanças acabam aí.
Porque mais Burzum? Bem, eu sou o que sou: um músico. Os músicos produzem música, quando podem, e agora eu posso: já não estou preso pelo regime criminal anti-norueguês da Noruega. Será a minha música algo de jeito? A minha aposta é que se vocês gostam de Burzum, gostam de Burzum. Se não gostarem, não gostam. Eu não tento mudar a toda a hora, mas muitas vezes falho, e muitos apreciam isso. Outros não.
O álbum que se avizinha chama-se “Den Hvite Guden” (The White God) e é uma descrição musical e lírica do Deus Branco (também conhecido por Apollon, Baldr, Belenus, Belus, Bragi, Byelobog, Jarilo, etc.) e dos eventos anuais da sua vida. Descrevo as histórias dos mitos como eles poderiam ter sido antes de se tornarem mitos, ao apresentar-vos pedaços da feitiçaria e religião da Europa antiga (mais elaboradamente descrito no meu livro não publicado “Trolldom Og Religion I Oldtidens Skandinavia” [Feitiçaria e Religião na Antiga Escandinávia]). A intenção não é tocar um estilo de metal sem sentido, mas ao invés eu imagino o ouvinte sentado, preferencialmente sozinho, a pensar por um minuto no Deus Branco e nos seus ancestrais, sejam eles Picto-Britânicos, Finlandeses, Gálicos, Gregos, Romanos, Escandinávios, Cítio-Eslávicos, Dácio-Tracianos ou seja o que for, e sobre a sua cultura magnífica, inteligente, positiva, bela, saudável e forte. Tento ajudar-vos a criar uma imagem disto com a ajuda da vossa mente, ao oferecer-vos algumas pistas e instrucções. O álbum é político apenas no sentido em que oferece uma alternativa à depravidade que nos é oferecida pela cultura popular intrusiva e a indústria comercial de entretenimento – e pelo suposto Black Metal moderno, na mesma lógica.
O álbum de estreia foi intencionalmente anti-comercial e anti-Death Metal, o Det Som Engang Var foi experimental, o Hvis Lyset Tar Oss foi intencionalmente monótono e ritual, o Filosofem foi intencionalmente diferente dos outros, Dauði Baldrs foi o que consegui fazer na cela de uma prisão, e o Hliðskjálf também, mas todos eles eram música de que eu gostava. Den Hvite Guden não será diferente a esse respeito, mas estou mais velho agora, de facto tenho o dobro da idade de quando gravei o álbum de estreia, e consequentemente estou diferente. O novo álbum poderá ser mais diferente dos álbuns antigos do que alguns gostariam, mas espero que não. Mesmo que alguns de vocês apreciem o velho Burzum, eu devo ter a liberdade de evoluir, tal como todas as outras pessoas. Possivelmente irão gostar do novo Burzum também. Eu não fiz o meu melhor para copiar e reproduzir a minha antiga música, apenas para agradar a alguém. Nunca o fiz e nunca o farei. Se soar similar é porque é feito pela mesma pessoa. Se soar diferente é porque não é a mesma música e porque eu evoluí.
Posso acrescentar que tal como noutros álbuns de metal (com a excepção do Hvis Lyset Tar Oss), Den Hvite Guden constará de alguns temas de Burzum muito antigos. O Filosofem continha o tema Burzum, de 1991, e o Den Hvite Guden irá conter o tema Uruk-Hai, de 1988-1989, apesar de o título e as letras terem sido alteradas para encaixaram no novo conceito. Também irá conter o tema original de metal Dauði Baldrs de 1993. Em certo sentido este álbum não será também “material novo”, mas uma colecção de temas nunca antes publicados: alguns novos, alguns antigos. Se alguém pensar que os meus dotes de composição desapareceram por completo, então pelo menos haverão algumas jóias para eles também.
Podem experar ver o The White God por volta de Março-Abril (anno 2010), quando ele tradicionalmente regressa dos seu mundo oculto de sombras.
Respeitosamente,
Varg Vikernes
(14.11.2009)
“