O Primavera Sound Porto regressa de 12 a 15 de Junho com os argumentos habituais: diversidade musical imposta por artistas em distintas fases da carreira, mas sempre de olho nas novas tendências e no que está na vanguarda da popularidade.
Este ano o Parque da Cidade vai receber, à cabeça, o fenómeno brat de Charli xcx em estreia nacional. A estrela pop é um dos vários nomes no topo do alinhamento, ao lado dos compatriotas britânicos Central Cee e Jamie xx, este último a trazer consigo um set centrado no recente disco In Waves.
Mas há mais nas letras ‘a branco’ do cartaz. ANOHNI and the Johnsons, Caribou e Beach House são felizes regressos ao festival, enquanto o rock grita presente às mãos de Fontaines D.C., Deftones ou Turnstile. Também Michael Kiwanuka, HAIM, Parcels e Wet Leg, no alinhamento core do festival, e ainda Paul Kalkbrenner no epílogo de electrónica no dia 15 de Junho, são forte chamariz para esta edição do Primavera Sound Porto.
Atendendo ao cartaz apresentado, filtrámos os nomes do topo e apresentamos em baixo dez propostas ‘alternativas’ a ter em conta no roteiro para 2025.
#01 Magdalena Bay
A dupla formada por Mica Tenenbaum e Matthew Lewin (na foto) lançou, no ano passado, Imaginal Disk. Sem rodeios, foi um dos registos do ano pela sua vertente synthpop psicadélica e progressiva, onde todas as ideias parecem resultar de forma homogénea. No Primavera Sound Porto o duo de Los Angeles com raízes argentinas actua a 12 de Junho no Palco Revolut, num contexto bem diferente de quando se apresentou a estreia Mercurial World discretamente no Rock In Rio Lisboa 2022.
#02 Chat Pile
Se Deftones e Turnstile já tomam posse na parte heavy nas guitarras, o que dizer de Chat Pile? Depois da avassaladora estreia God’s Country, em 2022, a banda norte-americana finalmente atravessou o Atlântico para os primeiros concertos na Europa com novo disco. Cool World foi um dos grandes destaques do noise rock do ano passado, injectado com a força bruta do sludge e até do nu metal (nem que seja pelo som do baixo a la Korn). O encontro inaugural com o público português vai acontecer no dia 13 de Junho no Palco Super Bock.
#03 TV On The Radio
Cada vez mais longe dos seus tempos áureos, quando se assumiam como uma das principais correntes de indie rock nova-iorquino no virar do milénio, os TV On The Radio regressaram aos palcos para celebrar os seus dez anos de discos. Sem qualquer lançamento desde Seeds, de 2014, a banda de Tunde Adebimpe, David Sitek, Kyp Malone e Jaleel Burton vai recuperar no Primavera Sound Porto as melodias de álbuns como Desperate Youth, Blood Thirsty Babes (2004), Return to Cookie Mountain (2006) ou Dear Science (2008). Será a 13 de Junho no Palco Vodafone.
#04 Kim Deal
Para além da novidade musical e da celebração de bandas geracionais, o Primavera Sound (e aqui não importa a cidade) também há muito que dá palco a históricos e influentes artistas. É aqui que podemos encaixar Kim Deal, que apesar de ter apenas lançado o seu primeiro álbum a solo em 2024, tem o seu legado estendido às responsabilidades melódicas de The Breeders e The Amps ou aos graves dos Pixies. As canções que traz ao Palco Porto no dia 14 de Junho pertencem a Nobody Loves You More.
#05 The Jesus Lizard
Regressados à actividade e aos discos – foram 26 os anos de interregno – os The Jesus Lizard vão apresentar no Porto a novidade Rack. É um esforço de noise rock e post-hardcore à imagem de toda a sua carreira, mas em palco vai haver tempo e espaço para recordar porque é que álbuns como Head (1990), Goat (1991) ou Liar (1992) foram tão influentes nos géneros mencionados. O concerto dos texanos vai ser a 12 de Junho no Palco Revolut.
#06 Denzel Curry
Um dos representantes fortes do hip-hop do Primavera Sound Porto este ano responde por Denzel Curry, provavelmente um dos maiores fenómenos do purgatório do género – não é tão popular quanto outros nomes que já vimos no festival, como A$AP Rocky ou Vince Staples, mas também já não é uma figura do underground. O prolífico artista mantém a sua veia criativa entre o trap e o hip-hop consciente e arriscou mais recentemente até o Memphis rap, como evidenciado na aclamada mixtape intitulada King of the Mischievous South Vol. 2. A ter em conta a 13 de Junho no Palco Revolut.
#07 Fcukers
O encerramento do Palco Super Bock a 13 de Junho vai caber ao house alternativo dos nova-iorquinos Fcukers. A dupla composta por Shannon Wise e Jackson Walker Lewis ainda tem um primeiro disco por lançar, mas o EP Baggy$$, mas outros singles soltos vão compor um alinhamento que promete muita dança desenfreada.
#08 Cap’n Jazz
É preciso recuar a 1995 para encontrar o único álbum de Cap’n Jazz. Depois de cessar funções, o baterista Mike Kinsella, que fazia parte da banda ao lado do irmão Tim, avançou para a voz e para a guitarra para formar os American Football e cimentar o seu apelido como um sinónimo de midwest emo. A raridade de ver Cap’n Jazz, ou temas como “Oh Messy Life”, “Little League” ou “Basil’s Kite”, terá de se ter em conta no momento em que subirem ao Palco Super Bock a 14 de Junho.
#09 The Dare
Parafraseando um filósofo da bola, temos «saudades do que a gente ainda não viveu». Neymar pode não fazer ideia do que foi o burst musical de Nova Iorque no pós-milénio, mas o público comum do Primavera Sound sabe bem o papel da DFA Records e do que foi a febre indie da época. Harrison Patrick Smith, a pessoa por trás de The Dare, não é o James Murphy, mas há no seu projecto recente a mesma urgência electroclash de cara (pouco) lavada. A 12 de Junho, no Palco Super Bock, vamos lembrar a era do MySpace e de como o rock já foi música de discoteca.
#10 Squid
O Palco Revolut no derradeiro dia 14 de Junho vai receber os britânicos Squid, de regresso ao festival três anos depois. Muito mudou nesse período – mais dois álbuns, o último dos quais o aclamado Cowards editado este ano – mas ao mesmo tempo nada mudou. A banda de Brighton continua a ser uma das apostas francamente mais próximas daquilo que os Talking Heads proporcionavam em palco, cruzando o rock, o funk e até o jazz em estradas paralelas ao post-punk.
Para além dos dez nomes escolhidos e os mencionados no topo do cartaz, o Primavera Sound Porto 2025 conta ainda com as presenças de Alan Sparhawk, Dehd, Destroyer, Floating Points, Glass Beams, HAAi, High Vis, Horsegirl, Los Campesinos!, Momma, Mura Masa, Surma ou Waxahatchee.
Autor: Nuno Bernardo