Texto: V. Oliveira
De regresso aos palcos para se apresentar a solo, André Henriques trouxe ao Musicbox, em Lisboa, os êxitos dos seus dois álbuns, a estreia Cajarana (2020) e o sucessor Leveza (2023).
Dois anos após o lançamento do seu último trabalho, o músico estreou-se (a solo) no clube lisboeta sem precisar de apresentações e com a serenidade e confiança que se constroem com a experiência de pisar palcos. Mas desengane-se quem achar que essa experiência se traduz em algo mais do que a humildade pura de quem se vulnerabiliza em cima do palco, honrando com honestidade a visão do mundo que tem para oferecer.
Dono de uma voz singular e inconfundível, foi ao som de “Abriu em queda” que se inaugurou a noite, seguida dos singles “As janelas são de abrir” e “Os fantasmas de amanhã”, todas do registo musical de 2023 e que se mostraram das favoritas de um público atento e ávido por absorver tudo aquilo que transbordasse para fora do palco. “Ela deu maçãs”, “Milagre na óptica do utilizador” e “Espanto” encerraram a incursão pelo disco Leveza.
Ao longo de pouco mais de uma hora, o concerto rumou sempre em direcção certa e com a clareza de quem com naturalidade expressa aquilo que sente, fazendo da sua música um vocabulário único e inimitável. Em trio com os músicos Miguel Abelaira (bateria) e João Abelaira (teclas), e através da criatividade da guitarra de André, seguimos noite dentro em sincronia com os singles “Uma casa na praia”, “E de repente” e “As melhores canções de amor”, todos eles parte do álbum de estreia Cajarana.
O concerto fechou em ritmo frenético através de “Tudo o que fugi”, condensando a energia do público e a mestria dos músicos em palco. A noite do Musicbox Lisboa consagrou então a ocasião perfeita de vivenciar uma outra parte do imaginário do músico lisboeta, e voltou a confirmar que André Henriques é, de facto, um dos mais talentosos escritores de canções do nosso país.