MAQUINA. e Errorr no Musicbox. Distorção e amor

Fotografia: Fábio Caeiro | Texto: Bruno Correia

Em tour europeia conjunta, houve casa cheia no Musicbox, em Lisboa, para receber os MAQUINA. e os Errorr na primeira de duas datas em Portugal.

À dupla belga Hun Hun coube a missão de começar a noite que, bastante fria, acabou por nunca aquecer verdadeiramente com eles. Munidos de um computador portátil e alguns sintetizadores, iam conseguindo alguns aplausos mas o som não aparentava ter força suficiente para acabar com as conversas do lado de cá. Talvez por isso (e se sim, mais culpa do que se passava fora do palco do que dentro dele) nunca conseguiram convencer completamente.

 

Finalizado o aperitivo, era notório que era pelos pratos principais que o público que esgotava o Musicbox tinha saído de casa nesta quinta-feira. O primeiro chegava de Berlim e dava pelo nome de Errorr. Do lado de cá, já não parecia haver um cm² livre nas filas da frente à espera para os ver.

O som meio embrulhado que ouvimos em álbum transpunha-se também para a atuação ao vivo e o tempo de que dispunham foi aproveitado não só para nos apresentar Self Destruct (2023), longa-duração de estreia a caminho dos dois anos de idade, e por uma passagem por Servant (2022), EP que o antecede, na forma da música com o mesmo nome, mas com metade do alinhamento a ser dedicado a temas não editados e que ansiamos agora poder ouvir em repeat em casa.

Mesmo das que já conhecíamos de estúdio, ao vivo a intensidade parecia multiplicada por dez e a distorção tomava conta do espaço, num verdadeiro ruído sonoro que não teve dificuldade em agarrar finalmente o público para que o concerto (com cerca de 40 minutos que passaram demasiado rápido) fosse apreciado da melhor forma.

 

Mudança rápida de equipamento e passavam 15 minutos das 23 horas quando os MAQUINA. assumiram as posições e partiram ao ataque. Já foi muito dito e escrito sobre eles e se, por um lado, pouco mais há a acrescentar, por outro, cada experiência em formato de actuação deste trio parece única na sua entrega e intensidade. Prata, de 2024, teve lugar de destaque no alinhamento mas houve tempo para voltar a 2023 e a Dirty Tracks For Clubbing, disco com um título que resume bem o que é o som dos MAQUINA. e os seus concertos.

Halison, que víamos ora atrás da sua bateria, ora de pé em cima do seu banco, pediu para dançarmos, mas a verdade é que nem era preciso. Fazíamo-lo logo desde o início do concerto e entre danças, abanares de cabeça, e corpos aos saltos e a chocar entre si, a noite atingiu finalmente o pico de temperatura esperado e habitual quando estamos perante este trio.

Há beijos em palco e fora dele, e o amor sente-se no ar, partilhado pela banda e sempre reciprocado pelos presentes. «Nós somos os MAQUINA. e esta é a última», diziam-nos antes da despedida com “Concentrate” que trazia João e a sua guitarra cá para baixo para um momento de comunhão final.