Vem aí a celebração dos 20 anos do OUT.FEST

Desde 2004 que o OUT.FEST percorre as músicas exploratórias no Barreiro e a edição deste ano assinala a memória com o mesmo impulso de tantos anos: são ao todo vinte os dedicados a preencher vários espaços da cidade, fazendo esta 20ª edição acontecer já na próxima semana entre os dias 2 e 6 de Outubro. Às mais de 30 actuações somam-se ainda outras iniciativas paralelas, como a apresentação de um livro comemorativo que formaliza em forma escrita várias histórias e relatos dos 20 anos de OUT.FEST; a exposição fotográfica de Vera Marmelo num espaço central da cidade e o regresso do epílogo dominical, este ano com o peso de festa de aniversário.

No dia inaugural o festival arranca no Auditório Municipal Augusto Cabrita com o lançamento do livro dos 20 anos do OUT.FEST e com a actuação d’A Viagem dos Heróis Indianos Romanos Africanos, projecto coordenado por Alan Courtis que, com a assistência de André Neves, Bernardo Álvares e Leonardo Bindilatti, desenvolve um trabalho de inclusão social de pessoas com deficiência ou em situação de risco com a IPSS barreirense Associação Nós. Essa mesma noite, a 2 de Outubro, ainda nos leva à Sala 6 para Rodrigo Amado Unity, formação que junta o saxofonista ao contrabaixo de Hernâni Faustino, à bateria de Gabriel Ferrandini e ao piano de Rodrigo Pinheiro para um combo já tanto deu à história do festival. O dia 3 de Outubro arranca no final de tarde na Igreja de Nª Srª do Rosário com o jazz improvisado ao sopro do saxofone de Zoh Amba, mas estende-se mais tarde às batidas ferozes na SIRB “Os Penicheiros”: primeiro com a revolta queer em expressão noise de Dreamcrusher; depois com o duo Armand Hammer (na foto), formado por billy woods e Elucid, responsável por uma sequência de lançamentos de hip-hop aclamados por crítica e público.

O terceiro dia arranca mais uma vez no final de tarde e em espaço religioso, desta vez na Igreja de Santa Cruz para se receber o ensemble coral LEIDA e a imersão de FUJI|||||||||||TA inspirada na música gagaku. As atenções seguem-se para um destino habitual de muitos anos do festival, a ADAO, para se atravessarem no esforço colectivo de Inês + Arianna + Violeta (de Inês Malheiro, Ariana Casellas e Violeta Azevedo), pela harmonia e possibilidade lírica do gira-discos de Mariam Rezaei, pelo trio de noise rock eufórico Donna Candy, pela barragem ruidosa do kuduro de Nazar, pelo drone e o minimalismo do trio France, pelo techno de linhas de baixo ácidas de Zancudo Berraco e ainda os ritmos tradicionais do congo projectados ao afrofuturismo de Nkisi.

Como tem sido recorrente nos últimos anos de festival, o sábado à tarde motiva à mobilidade entre palcos em espaços centrais do Barreiro. Na Biblioteca Municipal vai-se passar pelas gravações de campo e pela composição electro-acústica de Eve Aboulkheir, pelos arranjos do jovem multi-disciplinar Tomé Silva e pela riqueza da guitarra hexafónica de Jules Reidy; sensivelmente pelas mesmas horas, a SIRB “Os Penicheiros” volta a abrir portas ao OUT.FEST para receber Alfredo Costa Monteiro como incansável explorador sónico, a união de duas figuras do ambient em Ulla & Perila e ainda a simbiose electro-acústica de KAKUHAN, nova investida de Koshiro Hino da banda goat (jp). À noite a ADAO volta a ser a casa para novas incursões tão díspares mas de fronteiras difíceis de definir: do performer e músico patafísico Nu No passa-se combo rock e free jazz CAVEIRA, para depois se partir dos ensinamentos em torno do afrofuturismo de Speaker Music para se chegar ao hip-hop das H31R. Daí seguem-se a alquimia da fita via Lenhart Tapes feat. Tijana Stanković e a novidade do dub conjunto de Nídia & Valentina [Magaletti] para finalmente se agitar a pista às mãos de Marine Tjordemann enquanto OKO DJ.

O já referido epílogo dominical, a 6 de Outubro, vai acontecer no SCR Paivense. Entre o ambient das sessões Living Room de carolf e o dancehall global de ojoo estará Ghosted, trio de fusão composto por Oren Ambarchi, Johan Berthling e Andreas Werliin, no período da tarde. A noite arranca com o baile funk de DJ Anderson do Paraíso, atravessa o dub reverberante de sòn du maquís e termina com as danças dos Andes às mãos de Chuquimamani-Condori.

Para além de todas estas actuações, como já referido o festival destaca também uma exposição ao ar livre da fotógrafa Vera Marmelo, no Largo do Mercado 1º de Maio, que seleccionou várias imagens sobre a música, os locais e as pessoas que marcaram 20 anos de OUT.FEST. Essa marca estende-se ao livro a apresentar na sessão inaugural do festival, que dá a devida importância à palavra impressa, à fotografia, à ilustração e à reflexão dos envolvidos na história do evento. Haverá ainda uma conversa com DeForrest Brown Jr. (Speaker Music) e Margarida Mendes sobre o livro do primeiro, intitulado Assembling a Black Counter Culture, na Escola de Jazz do Barreiro.

À data ainda há bilhetes diários disponíveis, com o preço a ir dos 10 aos 25 euros consoante o dia, mas os passes gerais com acesso a todas as sessões já se encontra esgotado. Alguns eventos são de entrada gratuita, como o espectáculo de Zoh Amba na Igreja de Nª Srª do Rosário no dia 3 à tarde, os de LEIDA e FUJI|||||||||||TA na Igreja de Santa Cruz e a conversa de DeForrest Brown Jr. e Margarida Mendes na Escola de Jazz do Barreiro, ambos no dia 4 à tarde. De referir que o acesso às salas nos concertos de entrada livre está limitado à lotação de cada espaço.