Psychedelic Porn Crumpets no Musicbox. Energia e felicidade em noite de estreia

Texto: Bruno Correia | Fotografia: Fábio Caeiro

Naquele que é o dia mais longo do ano, a antecipação pela chegada da noite era grande. O motivo? A estreia dos Psychedelic Porn Crumpets em Portugal no ano da sua década de existência ao longo da qual, e logo desde cedo, foram conquistando um considerável número de seguidores por todo o mundo. Por cá, a antecipação da sua primeira visita levou mesmo a que o Musicbox, em Lisboa, tivesse completamente esgotado para os receber.

Da Austrália, origem que já não surpreende ninguém no que a bandas destes tão adorados sons psicadélicos diz respeito, e quase tão prolíferos como outros dos seus compatriotas – foram seis os álbuns lançados entre 2016 e 2023 -, o quinteto trouxe para esta tour uma passagem por toda a discografia mas com um foco repartido entre Fronzoli, o último lançamento (2023), e ambos High Visceral (2016 e 2017), os dois primeiros álbuns que em pouco tempo levaram a banda para fora do seu país de origem.

Sem banda de abertura para ajudar a soltar a sala cheia, foi claro desde cedo que o público não precisava e estava mais que pronto para dançar, saltar, e mexer-se com os australianos. Se com “Tally-Ho”, a primeira do set, ainda se aguentou tudo relativamente calmo, “(I’m A Kadaver) Alakazam” e “Surf’s Up” não tardaram a tratar de mudar isso. Já de si pouco paradas em estúdio, ao vivo aparentam ainda assim ganhar uma dimensão extra.

É claramente notório que já não são novos nisto e que, em plena tour, a máquina está tão oleada como se desejaria. Apresentam-se seguros e poderosos, e convergem em si uma aura de energia que não só transborda para o lado de cá como é também ela própria alimentada pela reprocidade dos presentes na sala. Parecem genuinamente felizes quando ouvem cantar a melodia de “Bill’s Mandolin”, tirada do And Now for the Whatchamacallit, de 2019. Em noite de estreia, talvez os sorrisos acabem por demonstrar um elemento de surpresa quando, tão longe de casa, sentem a sintonia que se vive entre o público português e a banda. Sempre fomos conhecidos por bem receber e esta noite foi mais um exemplo disso, numa total entrega e comunhão entre os dois lados do palco.

Foram vários os pontos altos ao longo dos 80 minutos de concerto, com um dos maiores a ser inevitavelmente “Found God in a Tomato”, da parte 1 de High Visceral. Sem grandes paragens para descansar – Jack McEwan apresentou a banda relativamente cedo e maioritariamente só voltou ao microfone entre músicas para agradecer em português – o tempo acabou por voar e “Hot! Heat! Wow! Hot!” foi a que usaram para anunciar a despedida. Seguiu-se o típico pedido para que tocassem mais uma e a verdade é que o quinteto não se fez difícil e voltou rapidamente para tocar duas, com “Hymn for a Droid” a ser a derradeira de uma noite da qual todos saíram seguramente felizes.