Texto: V. Oliveira | Fotografia: Ana Ribeiro (Grifus)
A lotar uma sala onde nunca tinham actuado, a celebração dos 40 anos de carreira dos Delfins fez-se de forma cerimonial e divina ao longo de 2 horas de concerto.
Foi numa MEO Arena composta e a rigor que se fez a celebração de carreira de uma das mais marcantes bandas do panorama musical português. A consagrada banda de Cascais envolveu o público num desfile visual e musical, no qual não faltaram ‘lembretes’ do passado mas também mensagens de esperança para o futuro. Os suspeitos do costume continuam com uma fome de palco que vai muito além dos seus 40 anos de carreira, e protagonizaram na MEO Arena um concerto de que o país precisava.
A carreira dos Delfins fez-se de forma progressiva e coerente durante a década de 90, mas é com o álbum Saber Amar (1996) que se produzem alguns dos seus maiores êxitos. O início do concerto trouxe-nos desde logo um Miguel Ângelo de megafone em punho, acto que se repetiu de forma contínua durante a noite.
Fazendo uso de uma versatilidade artística que vai-aquém da sua musicalidade enquanto banda, o palco da MEO Arena encheu-se de criatividade por parte dos representantes em palco e o pano-de-fundo serviu de pretexto cénico para uma viagem além-fronteiras onde houve espaço para se falar de tudo: guerra, paz, música. Amor. Em mensagens de maior cariz interventivo, foi através de canções como “Planeta Terra” (Libertação, 1987) ou “Aquele Inverno” (U Outro Lado Existe, 1988) que se puxou pela memória colectiva do público que retribuiu e entoou bem alto as palavras de acção que lhes eram pedidas.
Além das sobejamente conhecidas “Saber Amar”, “Sou Como Um Rio”, “Num Sonho Teu” e “Nasce Selvagem”, a noite fez-se também de inovações estilísticas e tributos artísticos, sendo o tributo a António Variações e a cover de sempre da intemporal “Canção de Engate”, um dos grandes momentos da noite. Autênticas estrelas do rock, foi com “1 Lugar ao Sol” que ficou a mensagem. «Há uma batalha a travar, só tu podes vencer», na qual Miguel Ângelo agradeceu a todos os presentes: «Que sorte estas canções ainda estarem vivas desse lado», disse agradecendo.
O encore da noite trouxe-nos ainda uma versão modernizada de “Solta Os Prisioneiros” e a incontornável “Baía de Cascais”, ambas do registo musical O Caminho da Felicidade (1995).
Para sempre parte do imaginário de centenas de portugueses que tenham comparecido no mítico concerto na baía de Cascais em 1996, terminar uma noite destas dimensões só poderia ter sido a preceito. Em palco, e junto a família e amigos, os Delfins deram por terminada a noite tal qual como a havíamos começado: num reencontro de amigos e velhos conhecidos.
A noite começou com lotação a meio para assistir aos Duque Província. A conseguirem, a espaços, puxar pelo público presente, a banda também de Cascais apresentou-se como um bom momento de entretenimento para a noite que se seguiria.
A arrancar aplausos dos presentes, e muito por insistência do vocalista Henrique Gonçalves, destacamos os singles “Prata da Casa” e “Chuva” de um concerto claramente virado para um público mais jovem.