Texto: V. Oliveira | Fotografia: Ana Ribeiro (Grifus)
Em estreia em Portugal e na sua primeira tour em solo europeu, as The Warning trouxeram na bagagem uma mão já cheia de êxitos, mas também uma vontade inegável de conquistar novos palcos. Num concerto sem espaço ou lugar para sexismos, todos os presentes se deslocaram ao Lisboa Ao Vivo com o propósito de ouvir muito rock, e foi a isso que tiveram direito.
Confirmando desde o primeiro momento que a hype é real, as três elementos da banda são como camaleões em palco, sendo capazes de se fundir numa multitude de géneros de forma orgânica. Assentes no pulso da baterista Pau e sob a batuta das linhas de baixo de Alejandra, é Dany (voz/guitarra) que brilha liricamente e faz da sua voz o veículo condutor desta pequena família. The Warning não vivem só da sua familiaridade ou de laços de sangue, e o que as destaca do actual panorama musical vai além do que as une enquanto família: as irmãs Villarreal partilham entre si virtuosismo técnico, naturalidade em palco, e bons instintos. Tudo isto factores que com certeza serão sempre mais valias ao longo da sua carreira.
Desfazendo qualquer dúvida de que o lugar da mulher é onde ela quiser, foi sempre Dany a interagir com o público (e em espanhol), aproximando ainda mais os transeuntes do colectivo em palco. Foi com um dos mais recentes singles, “S!ck”, que se abriram festividades e se fizeram as delícias do público, que do primeiro ao último minuto se mostrou incansável e generoso para com a banda em palco.
O trio mexicano apresentou um alinhamento de luxo, incorrendo numa excursão pelo seu álbum de 2022, ERROR. A actuação dos singles “Disciple”, “Error”, “Money” e “Martírio” foram lugares de destaque e de euforia constante, mostrando-se o público vestido e preparado a preceito.
“Hell You Call a Dream” e “Qué Más Quieres”, singles do aguardado quarto álbum de estúdio (Keep Me Fed, com saída prevista para 28 de Junho) foram cantadas a pulmões abertos por um público sedento por ouvir o que as The Warning trarão ainda à luz do dia durante este ano. Destacamos ainda os singles “Narcisista” e o encore ao som de “Evolve” como um dos momentos mais celebrados da noite, num brilharete de corações múltiplos. Foi também de coração suspenso que se deu a despedida, e Daniela Villarreal traduziu esse sentimento de forma categórica: «Vos queremos mucho».
As primeiras a entrar em palco foram as americanas Conquer Divide, e com elas trouxeram o seu mais recente álbum Slow Burn, de 2023. Alicerçadas nas vozes de Kiarely Castillo e Kristen Sturgis, destacamos então os singles “Atonement” e “Paralyzed” do breve alinhamento em Lisboa. O segundo cimenta mesmo o protagonismo da banda, configurando na votação para a escolha de Best Metal Song de 2022, através da revista Metal Hammer UK. Fica o desejo de um regresso a Portugal com alinhamento mais expansivo.