Dez concertos para ver no Vodafone Paredes de Coura 2023

O Vodafone Paredes de Coura celebra a sua edição dos 30 anos entre os dias 16 e 19 de Agosto e para o efeito apresenta um cartaz extenso e bastante diverso.

A Praia Fluvial do Taboão será, como habitual, o cenário perfeito para estabelecer o habitat da música graças ao seu anfiteatro natural que dá ao Palco Vodafone uma visibilidade e envolvência únicas.

De forma a fazer o nosso roteiro entre os 45 (!) concertos no interior do recinto, decidimos excluir alguns nomes óbvios. É o caso das headliners Lorde, Little Simz, Fever Ray ou Jessie Ware, quatro casos estupendos de representação no feminino, para além das batidas de Bicep ou o rock de Wilco e The Walkmen (no primeiro concerto em dez anos). Expressamos em baixo dez alternativas:

#01 Dry Cleaning

Os londrinos Dry Cleaning (na foto) terão a responsabilidade de abrir o Palco Vodafone na edição dos 30 anos do festival. À guitarra de Tom Dowse, ao baixo de Lewis Maynard e à bateria de Nick Buxton junta-se a spoken word de Florence Shaw, resultando para já em dois aclamados discos de post-punk: New Long Leg (2021) e Stumpwork (2022). “Scratchcard Lanyard”, “Unsmart Lady”, “Strong Feelings”, “Gary Ashby” ou “Hot Penny Day” são alguns dos temas que não devem fugir ao alinhamento.

#02 black midi

Também de Londres mas já com uma projecção maior, os black midi são um fenómeno de math rock e música experimental e vanguardista, com laivos de noise, progressivo e post-punk. Parece muito para apenas três músicos – Geordie Greep, Cameron Picton e Morgan Simpson – mas os três discos até agora editados mostram que há muito a cobrir sonicamente. Depois de Schlagenheim (2019) e Cavalcade (2021), o trio lançou Hellfire no ano passado e mantém a fasquia do imprevisível bem alta.

#03 Lee Fields

O septuagenário cantor de soul é conhecido como Little JB pela sua semelhança física e vocal com James Brown, tendo inclusivo feito vozes adicionais para o filme biográfico Get On Up sobre essa lenda. Mas é num caminho próprio que Fields também faz a sua carreira, tendo já trabalhado com B.B. King, Kool and the Gang, Bobby Womack ou Sharon Jones, e editado álbuns longínquos como Let’s Talk It Over, de 1979, ou mais recentes como It Rains Love, de 2019, e Sentimental Fool, de 2022. A soul continua viva.

#04 DOMi & JD BECK

Há que reconhecer talentos geracionais quando os encontramos. A dupla de jazz formada pela teclista francesa Domi Louna e o baterista norte-americano JD Beck é recente, mas já somam duas nomeações para os Grammy com o disco de estreia Not Tight. Esse mesmo trabalho, com um título bastante irónico de tão tight que é, soma colaborações com Herbie Hancock, Snoop Dogg, Thundercat, Anderson .Paak, Busta Rhymes, Mac DeMarco e Kurt Rosenwinkel: provas de que tão jovem dupla também se evidencia na forma como atingiu a indústria com composições eloquentes, breakbeats e tempos complexos.

#05 The Brian Jonestown Massacre

Há muito por onde falar sobre os Brian Jonestown Massacre de Anton Newcombe. O que não falta é documentação sobre as loucuras associadas à banda que ajudou a reavivar o rock psicadélico nos anos 90, com uma boa pitada de shoegaze, folk, country e garage. Tome-se o exemplo do documentário Dig!, que os meteu lado a lado com The Dandy Warhols, e que mostra o lado mais lunático da banda que editou Methodrone (1995) ou Take It From The Man! (1996). Mais recentemente, em Fevereiro último, editaram The Future Is Your Past, um dos mais aclamados e interessantes dos muitos discos com a sua assinatura.

#06 Yin Yin

Os neerlandeses Yin Yin são a materialização de uma carta de amor ao funk psicadélico, disco e electrónica com tónico asiático. O quarteto liderado por Kees Berkers e Yves Lennertz intitula a sua música como «thaichedelic» e traz a música dançável do sudoeste asiático à boleia de The Age of Aquarius, álbum lançado no ano passado e que sucede a estreia The Rabbit That Hunts Tigers, de 2019.

#07 Explosions in the Sky

Um dos expoentes do post-rock regressa a Portugal com End no horizonte, o seu oitavo álbum e o primeiro desde The Wilderness, de 2016. Mas esta visita especial do quarteto instrumental – que em palco é quinteto – traz consigo também a música de The Earth Is Not A Cold Dead Place, trabalho que celebra vinte anos em Novembro. Em Paredes de Coura haverá o cenário ideal para expor as mini-sinfonias catárcticas pelas quais os texanos são bem conhecidos e reconhecidos.

#08 Kokoroko

O octeto liderado pela trompetista e vocalista Sheila Maurice-Grey é um dos esforços mais recentes na união de jazz e afrobeat, já atraindo algumas atenções logo no EP de estreia homónimo em 2019 e seguindo as pisadas de Fela Kuti, Ebo Taylor ou Tony Allen nos sons da África ocidental. O álbum de estreia só chegou no ano passado, Could We Be More, mantendo a aposta na Bronswood Recordings, label do célebre Gilles Peterson.

#09 Crack Cloud

O colectivo canadiano formado pelo baterista e vocalista Zach Choy é famoso pelas suas expressões visuais e pelas histórias que consegue contar através delas. Sonicamente é suportado, para já, por dois álbuns: Pain Olympics, de 2020, e Tough Baby, de 2022. A irreverência atravessa vários temas quotidianos e é musicada com post-punk, new wave, avant pop e até hip-hop industrial e experimental. Não é, de todo, esperado um concerto convencional destes Crack Cloud.

#10 Squid

Os Squid são outra aposta do novo post-punk britânico, mas a banda de Brighton foca-se menos nas influências mais óbvias e mais no new wave e krautrock de NEU! ou This Heat. Desde o EP Town Centre, de 2019, que a banda trabalha com o produtor Dan Carey, que lhes garantiu o sucesso em Bright Green Field em 2021 e um digno sucessor este ano, intitulado O Monolith. Será esse segundo álbum que a banda apresentará em Paredes de Coura, ficando a promessa de música contagiante às mãos do vocalista e baterista Ollie Judge.

Para além dos nomes já referidos, em Paredes de Coura entre 16 e 19 de Agosto vão ainda actuar Loyle Carner, Yung Lean, Yo La Tengo, Sudan Archives, Sleaford Mods, Les Savy Fav, Special Interest, Snail Mail ou Tim Bernardes, entre muitos outros.

Autor: Nuno Bernardo