Texto: Ana Margarida Dâmaso | Fotografia: Nuno Bernardo
Para encerrar as sonoridades do mês de Abril na capital, foi no sábado, dia 29, que Big Thief subiram ao palco do LAV – Lisboa Ao Vivo.A primeira parte esteve a cargo de Lutalo Jones, que entre cordas e pratos nos recebeu numa vibe indie rock, meio jazzy. Com uma sala já cheia, pelas 22h00 deixou o palco com muitos aplausos, após várias canções e uma jam com Max Oleartchik, baixista de Big Thief, num rasto de frases motivacionais que puxam ao afecto e ao auto-cuidado.
Antes da banda entrar em palco, um conjunto de palmas ritmadas surgiu, acolhendo o momento antecipatório que demorou ainda uns vinte minutos, tendo a banda pedido desculpa pelos problemas técnicos com uma das guitarras. Mas de um modo algo repentino, somos transportados para para um concerto de uma banda de garagem dos anos 90, mas com uma qualidade suprema. Adrianne Lenker, vocalista e líder dos Big Thief, deixou claro os motivos pelos quais tantos são apaixonados pelo seu trabalho, não só quando rodeada destes companheiros mas também no seu projecto a solo.
Numa frenética alternância de guitarras, lá arrancaram as três primeiras “Flower of Blood”, “Shark Smile” e “Masterpiece”, agarrando o público desde o início à apresentação de Dragon New Warm Mountain I Believe In You, disco que motivou a digressão que passou por Lisboa. Seguiram depois com “Shoulders”, “Simulation Swarm” e “Not”, esta última que teve direito a habilidades ‘bricoláticas’ de Lenker, recorrendo a um objecto que se assemelha a uma lima, terminando a canção numa estrofe mais calma. Por vários momentos, conseguiu-se escutar o coro vindo da plateia, como em “Change” e “Certainty”.
Apesar das poucas palavras, tiraram um momento para subir as luzes e iluminar o público, dizendo «You are all so beautiful, thank you for being here». Muito aplaudidos, terminaram com “Mary”, numa segunda visita a Capacity, e depois regressaram para encore.
Tendo sido este o último concerto da tour europeia, reuniram toda a crew em palco, incluindo Lutalo, para “Spud Infinity”. No final acenderam-se isqueiros – e não lanternas de telemóvel – puxando a saudade de tempos idos, transportando-nos ainda mais para uma década já longínqua.