Texto: Ana Margarida Dâmaso | Fotografia: Ana Ribeiro
No passado dia 21 de abril, Calum Scott deu o primeiro de dois concertos agendados para a cidade de Lisboa, no Capitólio.
Foi nesta atípica sexta-feira de chuva de um Abril, mais quente que o habitual, que Mitch James nos trouxe da Nova Zelândia o calor das roadtrips ou dos fins de tarde de verão. A cargo da primeira parte, esteve muito emotivo, cantando as suas próprias histórias, dedicando duas das músicas aos seus pais. Muito bem recebido e claramente fascinado pelo nosso público. A simpatia e doçura das suas melodias “indie pop summer” encantaram uma plateia de várias idades, começando abaixo dos 18, onde houve espaço para sorrisos e muitos aplausos finais. “Motions”, “Sunday Morning” ou “21” são alguns dos hits que pudemos escutar. Para o fim ficou a promessa de um breve regresso e uma foto no seu telemóvel.
A esperada voz do cantor britânico de 34 anos, que em 2015 integrou o Britain’s Got Talent, surgiu uma hora depois do início do primeiro concerto, acompanhado da sua banda. Calum Scott conduziu a plateia por uma viagem de mais de uma hora – «We’ll gonna take you on a journey, you are gonna dance and you’re gonna cry, gonna cry…gonna cry», informou cedo, em gesto de piada.
No público, algumas pessoas elevaram símbolos LGBT, uma das causas apoiadas pelo artista, e partilham uma sessão harmoniosa e repleta de amor. “Last Tears” – uma música sobre ‘ex’ e sobre deixá-los ir -, não reteve todas as lágrimas que seriam vertidas naquela noite, pois antes de “Flaws” falou-nos sobre a sua irmã e a importância que esta teve e tem na sua vida profissional e pessoal. Acrescentou que devemos ter mais amor próprio e que «If you can’t love yourself, I will love you for you».
Nesta maré sentimental, foi mais tarde, com “Boys in the Street” enquanto versão de Greg Holden, que um tsunami de emoções atingiu aquela sala, tocando histórias de tantas vidas que ali se cruzaram, levando a “Bridges”, enaltecendo o apoio que a sua mãe lhe deu quando precisou de ajuda nos seus momentos mais negros. Para mudar a melancolia da noite, foi até às origens do seu trabalho com uma cover de Maroon 5, “This Love”, e transformou depois a sala numa pista de dança com “Where Are You Now (Lost Frequencies)”.
Guardou para a meta final “If You Ever Change Your Mind”, “Whistle”, “Heaven” e “You Are The Reason”, declarando-se a Lisboa e aos seus encantos. Antes de um encore premeditado e que todos esperavam, ainda cantou os parabéns a uma senhora da plateia, cuja filha o tinha solicitado. Terminou o concerto com o seu êxito maior, a versão que fez de “Dancing on My Own”, original de Robyn, que o mostrou ao mundo.
Certamente haverá uma sala de maior dimensão no nosso país à espera de todas as emoções que Calum Scott tem para oferecer; afinal, como o próprio sublinhou, o que mais gosta é ajudar os outros e saber que as suas canções o fazem é suficiente para si.