Até ao final do ano, são vários os concertos que a Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, irá receber em forma de destacar a música nova, contemporânea, vanguardista ou exploratória. Noções habituais desta sala do Bairro Alto.
Marina Herlop (na foto) é a figura de um dos concertos mais recentemente anunciados. Entre várias intersecções da música tradicional espanhola (e em especial a catalã) com electrónica contemporânea – Rosalía à cabeça, pode-se dizer – há outras figuras na linha da frente deste movimento. É o caso de Marina Herlop, que com Pripyat se estreou na primeira metade do ano na PAN, label que depressa se associa aos rasgos transgressores de Arca, Eartheater, Pan Daijing ou Yves Tumor. A pop orgânica, de encaixes na folk e feita de beats mínimos e piano, faz a ponte entre o clássico e o contemporâneo para ver ao vivo na ZDB a 15 de Dezembro. A primeira parte será de Canadian Rifles, moniker a solo do músico experimental madeirense Rui P. Andrade, sediado no Porto e ao leme do selo Eastern Nurseries. Processos sónicos subtis com a sensibilidade a pendular entre a electrónica de textura pesada à lá drone e as melodias sedutoras do ambient mais catártico.
Ella Coyes, ou Sister Ray, pediu o nome emprestado (ou não) aos Velvet Underground para caminhar pelos trilhos da pop, da folk e do rock. Communion, o disco que editou este ano pela Royal Mountain, não deixa ainda assim adivinhar de onde se vem e para onde se vai. Talvez a sua origem Métis, população indígena das províncias do Ontário, no Canadá, deixe cunhada esse sentido estranho de identidade e a peculiar abordagem à criação de raízes. Por sua vez, Raw Forest é o alter-ego de Margarida Magalhães e um cenário escapista influenciado pelos primórdios da música electrónica. Será possível ver ambas na ZDB no próximo dia 20 de Novembro.
De regresso à ZDB, a dinamarquesa Puce Mary protagoniza uma noite Super Ballet partilhada com Emma DJ e Falésia no dia 30 de Novembro, já depois da imersão clássica de Astrid Sonne e Maria do Mar (dia 16), a triangulação luso-nipónica de Eiko Ishibashi, Rafael Toral e Riki Hidaka (dia 18), os beats lo-fi e hip-hop de YUNGMORPHEUS (dia 17) e as canções dos cantautores piglet e Maripool (dia 24). Em Dezembro há ainda noite Bola de Cristal com FUMU e Fantasia Radical, no dia 7.
Para 2023 a ZDB já tem na sua agenda a recepção a Sorry, um dos mais interessantes nomes da nova vaga indie rock e post-punk de Londres, assim como os concertos de Wolf Manhattan e Alex Zhang Hungtai. Mais a saber na programação da galeria.