Moor Mother, Wolf Eyes e Drinks na agenda da Galeria Zé dos Bois até Abril

A Galeria Zé dos Bois já nos habituou à sua insaciável agenda, das próximas “grandes cenas” a nomes de culto do jazz e passando pelas suas residências artísticas. E até Abril já sabemos com o que contar no nº 59 da Rua da Barroca de Lisboa.

No dia 20 de Abril há a estreia nacional de Moor Mother (na foto), projecto de Camae Ayewa que tem em Fetish Bones o seu primeiro registo. Veterana figura no círculo artístico de Filadélfia enquanto poeta, activista e programadora, partilha a tela cósmica de contemporâneos como Matana Roberts, Shabazz Palaces ou Hieroglyphic Being. Antes disso há rock de Wolf Eyes, um feliz regresso a Portugal a 29 de Março com Undertow na bagagem. Esse novo álbum mostra que o colectivo sabe o que explorar além do garage e do stoner rock, indo de ritmos lentos e sebosos a uma electrónica agitada que desconcerta um ruído total para a celebração do noise.

O nome Drinks pode não saltar logo à vista, mas é por esse nome que responde a colaboração entre Cate Le Bon e Tim Presley materializada com o disco Hermits on Holiday, em apresentação no aquário da ZDB a 10 de Abril. Apenas um par de dias depois, as portas da galeria abrem-se para Ryley Walker e a sua banda para a dissecação da folk de Golden Sings That Have Been Sung, aclamado registo lançado no ano passado.

Na agenda consta ainda uma colaboração com a bienal BoCA, fazendo surgir a jovem nigeriana Klein, sediada em Londres, para dar continuidade e corpo a Only, qual estudo fluído de peças narrativas abstractas e lo-fi sobre a nova música popular urbana e os seus modelos femininos. Tal obra foi recentemente observada no Out.Fest, no Barreiro, por onde também passou Van Ayres que lhe fará a primeira parte. Isto a 24 de Março.

Espaço há também para super-formações: a 11 de Março a ZDB recebe a Âncora de Alex Zhang Hungtai (Dirty Beaches), David Maranha e Gabriel Ferrandini; a 15 de Março, Filipe Felizardo mostra o seu novo projecto alinhando ao lado de Gabriel Ferrandini, Tiago Silva e Yuri Antunes, perfazendo destes Filipe Felizardo & The Things Previous e o espectáculo de luz de António Júlio Duarte um interessante encontro entre o blues, a música tradicional japonesa e o noise; já no dia 23 de Março há SHELTER, resultado da colaboração entre Ken Vandermark, Nate Wooley, Jasper Stadhouders e Steve Heather, restando a promessa de um novo trilho entre o jazz e a música exploratória mais destemida.

Por fim, a 4 de Março marca-se o início da residência artística de Norberto Lobo. Um dos mais reverenciados músicos portugueses desenhará entre Março e Maio na ZDB um campo aberto ao seu trajecto de guitarra, culminando com três actuações sempre com formações diferentes numa rede de relações estreitas com músicos de Lisboa. A primeira será nessa noite com Marco Franco e Ricardo Jacinto.