De 2007 a 2016 vão dez edições de NOS Alive. O festival que se alojou no Passeio Marítimo de Algés nunca mais deixou de crescer e de ambicionar e esta edição histórica que hoje começa é um exemplo claro disso. Nunca o festival esteve tão perto de esgotar na totalidade as entradas, restando apenas bilhetes diários para 7 de Julho, precisamente hoje. Os bilhetes para dias 8 e 9 já lá vão há algum tempo, assim como os passes gerais que dão entrada nos três dias de festival.
A 10ª edição do NOS Alive não se poderia fazer por menos. O cartaz fala por si. Radiohead e Arcade Fire são nomes evidentes nas menções que o festival tem tido um pouco por todo o mundo, mas as presenças de Pixies, The Chemical Brothers, Tame Impala, Robert Plant, Foals, M83 e Band Of Horses, entre outros, não podem ser deixadas de parte. Mas lá chegaremos, um dia de cada vez.
De mencionar que o o festival potencia mais novidades no recinto nesta edição – foi alcatifada a zona do recinto junto ao Palco NOS para reduzir a poeira e criada uma Rua EDP, com o EDP Fado Café incluído, para colocar algumas tradições de Lisboa e de Portugal em geral para mostrar à grande fatia de público que chega de fora. Pormenores deliciosos para aguçar o apetite.
7 de Julho
O headline deste primeiro dia é dividido por três actos distintos e praticamente incomparáveis. Os The Chemical Brothers, que fecharão o Palco NOS, garantem a electrónica pela noite dentro com a força que ousam desde 1989. São um dos duos do género mais célebres e autores dos excelentes Dig Your Own Hole e Surrender, que não serão esquecidos mesmo com o mais recente Born In The Echoes editado em 2015. Por outro lado os Pixies de Black Francis, Joey Santiago e David Lovering, já sem Kim Deal no baixo, estão plenamente de regresso às edições discográficas. Depois de Indie Cindy, que em 2014 reuniu faixas de três EPs lançados uns tempos antes, vão lançar ainda este ano Head Carrier, o sexto capítulo de uma carreira que nasceu a brilhar com Surfer Rosa e Doolittle, em 1988 e 1989 respectivamente. Continua-se assim o legado de uma das mais influentes bandas de rock alternativo. E igualmente importante é a presença de Robert Plant com os The Sensational Space Shifters. O frontman inconfundível dos Led Zeppelin regressa a Portugal para dar voz a alguns dos mais emblemáticos temas que com eles gravou – “Black Dog”, “Whole Lotta Love” e “Dazed and Confused” são apenas três deles.
Também a passar pelo Palco NOS, antes destes três, estão os escoceses Biffy Clyro. Parece incrível já terem celebrado vinte anos de carreira, ainda que o primeiro álbum só tenha chegado em 2002. A partir daí desenhou-se um trajecto de uma das mais apreciadas bandas de rock britânico neste milénio. Depois de Only Revolutions e Opposites, os Biffy regressaram este ano aos discos com Ellipsis e com ele uma nova visita a Portugal num festival que já conhecem. Será certamente um dos concertos do festival. Outros destaques do dia vão para os belgas Soulwax, que se repetem em formato DJ set e em duo 2ManyDjs, para o incansável Ty Taylor e o blues rock dos seus Vintage Trouble, para os Wolf Alice que já dão que falar com apenas um disco (My Love Is Cool, 2015) editado, para a electrónica dos duos canadianos Junior Boys e Bob Moses com argumentos bem diferentes e igualmente atraentes, e ainda para os incontornáveis Dead Combo, acompanhados pelo ensemble Cordas da Má Fama, a iluminar o EDP Fado Café.
8 de Julho
Radiohead. Impossível começar por outro lado com uma das maiores bandas de todos os tempos à cabeça. Thom Yorke e companhia regressam a Algés quatro anos depois de mostrarem The King Of Limbs e novamente com um disco novo – A Moon Shaped Pool é o LP número nove da banda e uma óbvia reconciliação com alguns fãs que não se iludiram com o álbum anterior. É uma obra completa, com arranjos de cordas brilhantes de Jonny Greenwood e encantos harmoniosos entre o piano e as guitarras. Um álbum que faz jus ao percurso fantástico dos britânicos e cujas faixas se vão entrelaçar na perfeição com algumas das melhores para interpretar para o público do NOS Alive. E dados os concertos recentes que a banda deu noutras paragens, poderá haver lugar para (grandes) surpresas no alinhamento.
Também muito apreciados e já uma certeza no universo da música ao terceiro álbum, os Tame Impala de Kevin Parker têm sempre algo a dizer a cada visita que a Portugal fazem. Os aussie têm tido uma regular presença nos festivais nacionais, mas isso até tem sido sinónimo de público por onde quer que passem. Currents é o mais recente registo e é desse que vão saltar faixas como “Let It Happen”, “Eventually” e “The Less I Know The Better” para se cantarem em uníssono pelo recinto fora – mas com o anterior Lonerism à espreita, como se quer. Já os Foals continuam a provar porque sobreviveram ao flagelo do indie rock da década passada, mantendo um som muito próprio, fresco e potente. E com What Went Down a dar mãos com Holy Fire, Total Life Forever e Antidotes só se podem sair com um bom concerto.
Mas se houver quem não escolha Foals é porque sabe que Courtney Barnett é um nome a ter em conta. É a primeira vez que chega a Portugal com o enorme Sometimes I Sit and Think, Sometimes I Just Sit lançado, um disco que contém todo o esplendor do rock independente, sem rodeios nem complicações. A não perder. Também pelo Palco Heineken neste 8 de Julho vão passar os Two Door Cinema Club e Hot Chip. Se os primeiros têm no indie pop o seu tónico com Tourist History e Beacon para recordar, os segundos vão instalar a dança até ao fecho do recinto focados no recente Why Make Sense?. Por nós, óptimo. Mas atenção também a Jagwar Ma, Da Chick, Youthless e Lotus Fever ao longo do dia.
9 de Julho
Não é por acaso que uma banda formada em 2001 é hoje cabeça-de-cartaz em praticamente todos os festivais do mundo. Os Arcade Fire não caíram nas graças de ninguém, o mundo é que caiu nas suas graças. Como aquela que lançaram em 2004, de seu nome Funeral, que ajudou a redefinir o indie rock até aos dias de hoje. E a graça continuou, pois tanto Neon Bible como The Suburbs, primaram tanto pela diferença como pela excelência, chegando a Reflektor já como uma provável banda definitiva do século que há tão pouco começara. E assim continua, com um quinto disco por lançar em 2017 e incluindo o NOS Alive no seu regresso aos palcos dois anos depois do último concerto.
Pelo Palco NOS passarão também os M83 de Anthony Gonzalez e os Band Of Horses. Os primeiros podem não impressionar particularmente com Junk, mas não esquecer que dispõem no seu catálogo títulos como Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts, Before The Dawn Heals Us e Saturdays = Youth, para além do favorito das massas Hurry Up, We’re Dreaming. Já os segundos mantêm a sua onda de indie rock sulista com o novo Why Are You OK, dez anos depois da estreia Everything All The Time, e a vontade de provar em palco todo o potencial que guardaram nos dois primeiros discos.
No Palco Heineken há mais razões para aguentar as idas à casa de banho. Grimes chega em estreia absoluta e Portugal tem finalmente a oportunidade de conhecer uma das mais interessantes militantes da art pop dos últimos anos. Halfaxa, Visions e até o mais recente Art Angels estão recheados de premissas para mostrar em palco os elogios que tem recebido sempre que sai de estúdio. Para ajudar na festa do abanar de ancas, também Four Tet, RATATAT e PAUS ajudarão a preencher a noite sempre a bom ritmo logo após a delicadeza da folk de José González. De resto neste dia final, atenção a Mirror People, Jibóia, Savanna e Whales noutros palcos.