No terceiro sábado de abril de 2016, o insuspeito do costume Beat Club recebeu os The Twist Connection, um novo projecto conimbricense de rock ‘n’ roll que se apresenta com três músicos com provas dadas: na única guitarra, Samuel Silva dos The Jack Shits; no baixo, Tiago Coelho dos Speeding Bullets; na voz e na bateria, Carlos ‘Kaló’ Mendes, que já passou por bandas como WrayGunn e The Parkinsons.
A 17 minutos das 2 da manhã, o trio sobe a palco e toca Stranded Downtown, o primeiro dos onze temas da noite. Cedo salta à vista uma presença em palco natural e enérgica, sobretudo na figura central, que cantava e tocava bateria de pé como se fosse a coisa mais simples do mundo. Depois da segunda música, Can’t Stay, houve a primeira interação com o público, referindo Carlos Mendes o prazer que era tocar frente ao Carlos Matos e com o guitarrista dos The Jack Shits, que confessou “ter roubado”.
Continuando com Sweet Stranger e Cruisin’ For A Bad Time, a banda foi conquistando o público, que não era muito. O concerto passou por momentos mais divertidos com o objeto voador não identificado que apareceu na bateria durante This Is Not What Never Was, e também na pausa a meio de A Blink Of An Eye, ironizando Kaló o facto de ter sido nomeado pela Blitz um dos 30 melhores bateristas portugueses de sempre.
Apesar dele e o palco se tratarem por tu (bem, pelo menos ele trata o palco por tu; talvez o palco o devesse tratar por ‘senhor’), o início de Move Over teve uma falsa partida, tendo que ser repetido. Depois daquela que foi das músicas mais intensas da noite, na qual o vocalista apresentou e abraçou a banda, The Girl At The ? Store e Breath In abriram caminho para os dois temas finais, as jóias da coroa da noite. It Was A Long Drive acabou por ser uma viagem curta, mas intensa, com um bom riff na guitarra e um final trágico para as baquetas; já They Are Coming foi hipnotizante, com um refrão que fica no ouvido e cujo final o Kaló tentou que desse seguimento no DJ set do Carlos Matos.
Crente, como todos nós, num encore, até porque 42 minutos de concerto soube a pouco, o DJ não meteu nada a rodar e seguiu-se um silêncio musical que o público aproveitou para pedir por mais, recebendo um não categórico do vocalista, que já tinha afirmado anteriormente não haver encore “até porque não temos mais músicas“. Foi assim um final abrupto, sem falinhas mansas, rijo, como se pede na rebeldia do rock. Sem dúvida um acto ao vivo a não perder, que usa a experiência e a irreverência para conquistar quer na composição, quer na execução das suas músicas.
Fotografia: Marina Silva
Texto: David Matos