Foi numa noite encoberta bem ao estilo britânico que milhares de admiradores rumaram ao MEO Arena para escutar mais uma vez a voz angelical de Florence Welch. Entre os milhares, variavam os rostos, idades, estilos, idiomas e até nacionalidades. A uni-los, o amor tão evidenciado por Florence.
A primeira parte esteve a cargo de Gabriel Bruce, músico londrino, o nome do metal soul escolhido por Florence + the Machine para acompanhar a sua tournée europeia. No culminar de sete dias e seis espectáculos, ficou Lisboa, «the loudest crowd». Enquanto o espaço se completava, vivia-se um ambiente tranquilo, onde famílias, casais apaixonados e grupos de amigos aguardavam tranquilamente o concerto daqueles que, no ano passado, lotaram o mesmo espaço para o festival Super Bock Super Rock. Salientaram o contentamento no regresso, desta vez em nome próprio, num concerto humanitário a reverter para os Médicos sem Fronteiras.
Eram 22h e o palco encheu-se de um glitter dourado que fazia brilhar igualmente os olhos dos espectadores, já inquietos, quando a aparição da vocalista numa leve túnica verde transparente os deslumbrou.
Em “Rabbit Heart” assistiu-se, como habitual, à entoação energética de «raise it up!» com toda a plateia a saltar. Se “o vinho é o néctar dos deuses”, esta banda é a sua prova viva, fazendo duas referências à inspiração hungover, com “Shake It Out” e “Cosmic Love”, referindo «we’ve all been there», esta última escrita no Loft de Isa (Isabella Summers). Foi sob uma chuva de corações vermelhos que Florence se elevou para o público, trocando afectos com os fãs e alegremente, dizendo «thank you for giving me your heart, you can have mine!».
Florence pede. O público obedece. Amor e poder no feminino, uma voz e sensualidade incomparáveis. Em “Dog Days Are Over” assistiu-se a um mar de camisas e lenços no alto pelas mãos de cada um, levando a sala ao rubro. Diferente da última passagem por cá foi o final, desta vez com um intervalo até ao encore mais reduzido face ao chamamento do público, tendo a banda regressado a palco para encerrar o concerto com dois temas, deixando os presentes a aguardar por mais. Estaremos mal habituados?
Texto: Ana Margarida Dâmaso
Fotografia: Everything Is New