Da Irlanda do Norte e só mesmo ao longe

Após uma passagem pelo Festival Paredes de Coura em 2013, os And So I Watch You From Afar (ASIWYFA) regressaram a Portugal nas passadas quarta e quinta-feira para um conjunto de datas em Lisboa e no Porto, respectivamente, tendo sido a norte e no Hard Club que marcamos encontro com o math rock angular dos norte-irlandeses.

O que se ouve é tecnicamente evoluído: guitarras em cavalgadas estridentes e desenfreadas, um baterista que não inventa mas que também não nos pareceu falhar e um baixo distorcido que lá vai unindo tudo. Em plena digressão de apresentação de Heirs, disco editado ainda em Maio passado, não pode ser dito que o mesmo tenha tido grande espaço no alinhamento, tendo esse girado sobretudo sobre Gangs e All Hail Bright Futures, editados dois e quatro anos antes. A verdade é que acaba por não interessar tanto assim, e se os ASIWYFA são quatro tipos que fintam muito, a finta tende a sair sempre para o mesmo lado. «São mil vezes melhores ao vivo» – comentava-se à nossa frente enquanto tentávamos exactamente perceber porquê e se estaríamos a assistir a um concerto bem diferente. O próprio som não nos parecia incrível e roçava o distante, algumas transições soavam furadas e deslaçadas e cada faixa que surgia a suceder uma outra entoava em territórios demasiado semelhantes à que deixou para trás. Os ASIWYFA até podem tocar mais e mais rápido do que a maioria, mas nem assim escapam aquele mesmo mal de que sofre cena e meia do que ainda se vai chamando de pós-rock. A previsibilidade e a ausência de dinâmicas com que tocam encobre qualquer ideia interessante que possa ali haver no meio, e a verdade é que invejamos quem não desligou passado três faixas. Mesmo.

Na primeira parte esteve Homem em Catarse, projecto a solo do guitarrista e cabecilha dos Indignu, Afonso Dorido, sendo aqui que por uma melódica e pelas cordas da sua guitarra que ele respira melhor, pintando a sua música de forma simples, em contornos despidos e de cariz quase tradicional.

Texto: Rui P. Andrade