Steven Wilson @ MEO Arena, 15/9/2015

A chuva e o frio assombravam a capital. A noite morria na escuridão, porém, chegava um dos concertos mais aguardados do ano. A Sala Tejo era tomada, aos poucos, pelo entusiasmo e o nervosismo, pois a espera pelo retorno de Steven Wilson havia sido demasiada.

Ruidosa e cálida, a sala transformava-se num silencio agoniante. Silêncio esse que era quebrado por um misto de imagens que se fizeram esquecer quando surgiu a de um prédio. Imóvel e infinita. A pouco a pouco as luzes de cada janela acendiam-se criando uma dança irregular entre elas. À medida que se acendiam, a escuridão da noite também dela se apoderava. E eis então que sem aviso prévio surgiu-nos a imagem de uma rapariga de costas a andar e o piano ganhou vida e quebrou o silêncio da espera.

A introdução estava feita, e o britânico conhecido como “génio” já se encontrava em palco a mostrar o porquê de encher salas e salas pelo mundo fora. Apresentou-nos cinco temas seguidos do novo álbum, acompanhadas por imagens que ilustravam cada palavra que cantava. Arrebatador, cada segundo que passava tornava-se infinito com a beleza do espectáculo que transformava os nossos sentimentos ainda mais complexos.

“Lazarus”, a música que deixou o público de queixo caído. A música que fez a dor ser mais bela do que uma lua cheia em noite de Inverno. Não estávamos num concerto de Porcupine Tree, porém, Steven Wilson presenteou-nos com “Sleep Together”, “The Sound of Muzak” e “Open Car”. O que mais poderíamos nós pedir?

“The Raven That Refused to Sing”, finalizou o concerto, deixando-nos completamente assombrados pela sua melancolia. Um dos momentos mais bonitos da noite, arrisco dizer. Todo o concerto foi um misto de emoções e sentimentos. Todo ele um misto de arte. Sim, nós assistimos a um espectáculo e não a um concerto. O nó na garganta foi permanente, os suspiros foram ouvidos naquelas quase duas horas e meia e a única palavra que podemos retirar é, obrigada.

Obrigada, Steven Wilson. Nós na garganta como os que deixaste são tão bons quanto uma manhã de Primavera.

Texto: Mariana Pisa
Fotografia cedida por Rita Bernardo (Palco Principal)