O festival Vodafone Paredes de Coura esgotou… e agora?

Pela primeira vez na história do festival os passes gerais encontram-se esgotados. O entusiasmo em redor do cartaz do retiro musical que é a Praia Fluvial do Taboão há muito que prometia este desfecho e contam-se agora os dias para que as margens recebam a música.

Abre hoje, a 14 de Agosto, o campismo oficial do festival, antecipando das formas possíveis os dias de férias, festa e de carácter ímpar que só o Vodafone Paredes de Coura consegue proporcionar – antes que a música chegue ao recinto, ela sobe à vila. No dia 16 há concertos de The Wild Booze (22h), Toulouse (23h) e DJ set de Electric Shoes (00h); dia 17 actuam Can Cun (22h), The Happy Mess (23h) e há DJ set de Carlos Matos (00h), promotor da Fade In e do festival Entremuralhas; por fim, dia 18, há Escola do Rock (22h), Les Crazy Coconuts (23h) e DJ sets de Zé Pedro (00h) e Branko (01h).

Também no palco Jazz na Relva, cenário que preenche os ouvidos durante as tardes de calor junto ao rio Coura, há actuações de Núria Graham, Macadame, Peixe, Penicos de Prata, Serushiô e El Rupe. Mas é dentro da vedação que isola o anfiteatro natural do festival que estão os nomes que esgotaram esta edição.

A 19 de Agosto celebra-se o regresso de TV on the Radio aos palcos nacionais. Desta vez para apresentar “Seeds“, um álbum que tanto de acessível como de rock alternativo vanguardista, sem dispensar temas já clássicos da sua carreira com década e meia de existência. Para celebrar um dos melhores discos do género, os shoegazers Slowdive terão consigo o trunfo “Souvlaki“, lançado em 1993, reunindo argumentos suficientes para estabelecer um concerto imperdível neste Vodafone Paredes de Coura. Dia 19 é também dia do rock de Blood Red Shoes, do post-punk de Ceremony (depois de uma carreira centrada no hardcore punk) e o dub psicadélico dos nacionais Gala Drop.

No dia 20 recebe mais variedade musical em torno do rock mais alternativo. Desde o punk inquietante dos dinamarqueses Iceage à folk e rock lo-fi de White Fence e Steve Gunn, o dia passa também pelo que em Portugal se faz a respeito destas veias sonoras, garantido-se sob as cabeças o indie de peixe:avião e o blues de Paulo Furtado como The Legendary Tigerman. Também a não perder estão o romântico-violento Father John Misty e as suas canções do novo “I Love You, Honeybear” e as espanholas Hinds, anteriormente conhecidas como Deers, num dia especialmente marcado pelo rock psicadélico dos australianos Pond e, claro, do já incontornável Kevin Parker com Tame Impala.

Se passa pela cabeça do ritmo abrandar após dois dias cheios de trunfos, a cartada continua no alto para dia 21. Os regressados X-Wife vão relembrar o seu electrorock a abrir o Palco Vodafone, que prossegue as guitarradas com Allah-Las, banda que nos fará recordar aquele garage/surf rock dos anos 60. Mark Lanegan e a sua banda marcam regresso a Portugal para mostrar quão orelhudos são os temas de “Phantom Radio” e “Blues Funeral” na voz do ex-Screaming Trees e Queens Of The Stone Age; Charles Bradley irá expor toda a sua vivacidade e alma extraordinárias num concerto único e The War on Drugs de Adam Granduciel provarão em palco as boas referências de “Lost in the Dream“. No Palco Vodafone FM estarão nomes como Waxahatchee, Nicole Eitner, Grupo de Expertos Solynieve e ainda os atrevidos Merchandise. Destaque ainda para Tanlines nas after-hours.

Para encerrar o festival existe uma nova série de nomes a destacar. Se The Soft Moon parece uma forma ideal e soturna de nos fazer encaminhar uma última vez para o campismo, o dia 22 tem diversas nuances de rock para nos deixarmos encantar. Desde a Banda do Mar com Mallu Magalhães na voz à aventura psicadélica de Fuzz com Ty Segall na bateria, há estreias nacionais de Sylvan Esso e Natalie Prass no Palco Vodafone FM. No lusco-fusco único de Paredes de Coura haverá Woods de Jeremy Earl, seguidos pelos britânicos Temples, autores de “Sun Structures” para nova dose de rock psicadélico. As maiores atenções do dia vão, claro, para os rítmicos instrumentais dançantes de RATATAT e para a voz da sueca Lykke Li, que aceitou dar um raro concerto devido às excelentes referências que recebeu do festival.

O Vodafone Paredes de Coura encontra-se esgotado por todos estes e outros motivos que fizeram do seu anfiteatro e ambiente em redor um dos destinos mais desejados para umas férias cheias de música e de boa disposição para uma recuperação espiritual antes que o Verão nos abandone.

A tenda já está pronta?

Autor: Nuno Bernardo