Os Moe’s Implosion apresentaram, no passado sábado dia 4 de Abril de 2015, o seu mais recente trabalho, Savage, no Beat Club em Leiria. Os montijenses foram acompanhados pelo quinteto bracarense Imploding Stars, que nos trouxe o seu álbum de estreia, A Mountain & A Tree. Juntos, com sonoridades de post-rock e rock experimental, deram aos presentes uma noite de implosões explosivas.
Os Imploding Stars subiram a palco quando passavam vinte minutos da uma da manhã, abrindo com os fortes quarenta segundos de Unquiet Breeze, a introdução do disco, que suavemente se metamorfoseou no início suave e sonhador de Awaken Forest. A banda mostrou-se sempre calma e concentrada em palco, deixando-se levar pelo seu próprio som, um post-rock instrumental como mandam as regras, fiel à sua essência e com pequenos momentos de inesperado deleite.
Foram cinquenta minutos nesta atmosfera onírica, onde o público foi levado numa viagem por seis dos oito temas de A Mountain & A Tree, sobretudo interessantes nos dois momentos finais, a Beyond The Horizon com os seus longos dez minutos e bateria com batida quase marcial, e a mais longa ainda Beneath This Tired Ground, com uma introdução “à la drone” e um final épico de fazer (literalmente) saltar a baqueta.
Às cerca de meia centena de pessoas presentes quando o concerto dos Imploding Stars começou, juntaram-se mais duas ou três dezenas, formando uma moldura humana razoável para o concerto dos Moe’s Implosion, cujos primeiros acordes soaram perto das duas e meia da manhã. Com o vocalista sempre animado e bastante comunicativo, desenrolaram-se oito temas em cinquenta minutos, quatro de cada álbum da banda.
As primeiras três músicas do concerto foram retiradas do álbum em cartaz, primeiro com o single de apresentação Fassbender, depois com a mais exótica Dream Wide Awake e por fim a mais experimental The Storm. O início teve alguns problemas técnicos, prontamente resolvidos, mas infelizmente algo omnipresente na atuação foi uma voz perdida no som e imperceptível em muitas partes.
Apesar da inegável qualidade dos novos temas, foi quando a banda enveredou pelo trilho ainda mais experimental do álbum de estreia, com um toque mais forte de eletrónica e reggae, que o ambiente aqueceu, com 103 FM. Depois de Savage, registo homónimo do novo álbum, tivemos um final épico com os três grandes êxitos de Light Pollution. Broken Record foi espetacular como sempre, Mastodonte foi mágica, para mim o expoente máximo creativo da banda e, por fim, os oito minutos de Doctor, música mais longa da sua discografia, foi uma despedida em grande de um concerto agradável e, imagino, cheio de surpresas para quem teve o prazer de ver a banda pela primeira vez.
Fotografia: Marina Silva
Texto: David Matos