NOTHING – Guilty Of Everything

NOTHING

“Guilty Of Everything”

 

CD cover NothingCulpado de tudo, Domenic Palermo cumpriu uma pena de prisão após actos de esfaqueamento. Este foi apenas um dos episódios que o manteve fora da cena musical desde a sua anterior experiência musical, no início do século, com a malta de Horror Show e o seu hardcore. De regresso à actividade, este acabou por fundar os Nothing no início desta década.

Depois de uma demo e dois EPs com conotações de solidariedade e homenagem, estes tipos deram o salto da A389 Records para a gigante Relapse para gravar o seu primeiro álbum. Jeff Zeigler, que já produziu trabalhos de The War On Drugs e Kurt Vile, esteve na difícil tarefa de gravar e produzir esta estreia no mundo dos LPs por parte deste projecto da Filadélfia. Foi difícil fazer um álbum lançado em 2014 soar a obra incontornável do início dos anos 90, não fosse este “Guilty Of Everything” é uma mescla de vincos. É convidar o Billy Corgan a juntar as guitarras com o Kevin Shields, ouvir discos de Jesu, apreciar Klimt 1918 e discutir a atitude punk de há duas décadas atrás.

Transformar o escuro em brancos é obra de rendição, não fosse esta uma introspectiva tanto moderna como de culto para aos líderes de Smashing Pumpkins e My Bloody Valentine. Depois de um polémico (para uns sim, para outros não) sucesso de Deafheaven no ano que passou, restou aguardar pela melhor proposta na celebração do universo pós-“Sunbather”. Os Alcest tentaram a boleia com “Opale”, mas esqueçam: este “Guilty Of Everything” é o disco que Neige gostaria de escrever. Este é o primeiro grande disco para retomar as pisadas de George Clarke e Kerry McCoy na unanimidade dos críticos e dos menos cépticos, prometendo desafiar quem espera um disco comum ao catálogo da Relapse.

As guitarras distorcidas, a voz dream pop e uma vincada intenção de tornar o simples em génio são três factores que fazem este disco ainda mais curto do que é. É um trabalho de loops viciantes, bonito e eficaz sem ter que se mudar o mundo.

// Nuno Bernardo

[Álbum / Relapse Records / 3 Março 2014]

Classificação

93%

As guitarras distorcidas, a voz dream pop e uma vincada intenção de tornar o simples em génio são três factores que fazem este disco ainda mais curto do que é. É um trabalho de loops viciantes, bonito e eficaz sem ter que se mudar o mundo.