Este é um ‘Especial’ dedicado a alguns álbuns que acabaram por ser ‘postos de lado’ aquando do seu lançamento, em 1993. Não estão aqui todos os discos subvalorizados, mas aqueles que mais me parecem relevantes, e que são vulgarmente esquecidos.
Deep Purple – The Battle Rages On…
Foi o último disco dos Deep Purple com o seu grande fundador e guitarrista, Ritchie Blackmore. Apesar de ter tido algum sucesso comercial e de ter proporcionado a realização da última tour mundial com Blackmore, os Deep Purple têm aqui um bom disco com muito rock e todos os elementos que tornaram o grupo famoso. Toda a banda se apresenta em excelentes condições técnicas, mas o ambiente já se mostra pesado e conturbado devido às guerras entre Ian Gillian e Blackmore. É um álbum carregado de simbolismo já que parece ser, até agora, o último lançamento a contar com a segunda formação do grupo.
Rush – Counterparts
É mais um lançamento de excelente valor da melhor banda de todos os tempos, Rush. Apesar de Counterparts ser um disco respeitadíssimo entre a crítica profissional e fãs da banda, o disco parece perder alguma relevância quando comparado com outros lançamentos. Rush mantém o nível exibicional no topo, bem como uma altíssima capacidade técnica, nunca fugindo da sua direcção musical, que se mantém ainda hoje. É o melhor álbum do grupo após Grace Under Pressure e até o lançamento de Snakes & Arrows.
Saga – The Security Of Illusion
O grupo icónico de rock progressivo faz aqui o penúltimo álbum, com uma direcção musical bem diferente da que, normalmente, apresenta e apresentou ao longo da sua carreira. Entre 1985 e 1994, os Saga decidiram mudar o estilo para algo mais comercial e ‘amigo da rádio’. Apesar de não ter sido uma época inesquecível para o grupo, surgiram boas faixas e algumas ficaram mesmo para a história da banda. Deste disco de destacar as faixas: “Mind Over Matter”, “Once Is Never Enough”, “No Man’s Land” e “Without You”.
Overkill – I Hear Black
Este é o sexto álbum de estúdio do grupo norte-americano de thrash metal, e marca um ponto de viragem na carreira dos Overkill. Foi um dos primeiros discos de metal alternativo, numa década em que o grunge era o estilo mais “mainstream” e dominava grande parte da década. I Hear Black consegue juntar elementos mais alternativos do metal, “groove” e o típico thrash metal da banda. A direcção musical não é tão directa, rápida e agressiva, e denota-se uma inclinação mais “groovy” nos riffs e secções de bateria do álbum. Apesar de não ser um disco excelente, é garantidamente digno de atenção, até porque apresenta uma série de vertentes do metal que, mais tarde, viriam a ser exploradas e transformadas em estilo musical.
Tears for Fears – Elemental
Tears for Fears não é um nome esperado num site de rock e metal, nem de perto nem de longe. No entanto o grupo, ao longo da sua carreira, foi demonstrando grande capacidade técnica inspirando-se no rock, pop, jazz, blues e até no rock progressivo. São considerados como uma banda rock/pop ou new wave e marcaram, significativamente, as décadas de 80 e 90, sendo um dos poucos artistas que valia a pena seguir, na fastidiosa década de 90. Elemental foi lançado após a saída de um dos membros fundadores, Curt Smith, na consequência de uma animosidade pessoal entre ele e Roland Orzabal. É, por muitos fãs, ‘posto de lado’ mas parece-me um dos grandes discos da década de 90, com excelentes indicações do talento de Roland, não só ao nível técnico como lírico. É, também, um dos lançamentos mais emocionais e dramáticos dos Tears for Fears. De destacar: “Elemental”, “Cold”, “Fish Out of Water”, “Power” e “Goodnight Song”.
Coverdale & Page – Coverdale/Page
Anteriormente referido num dos Especiais, em ‘Coverdale/Page: Mais de 20 Anos Depois‘. Foi uma colaboração, em termos globais, bastante positiva mas envolta em alguma polémica. Foge um pouco ao estilo de ambos artistas e consegue mostrar duas lendas em excelente forma.
Phil Collins – Both Sides
É inegável o papel que Phil Collins desempenhou no desenvolvimento do rock, mais especificamente do rock progressivo, ao longo da sua carreira. Para além de ser um dos mais importantes percussionistas da indústria musical, é também um dos mais influentes compositores da segunda metade do século XX. É reconhecida a carreira de Collins como um dos mais marcantes membros dos Genesis, mas também a solo onde mostrou uma veia artística bem diferente da que mostrava nos Genesis. Both Sides segue a mesma direcção dos seus primeiros álbuns a solo, apesar de não ser um dos mais criativos, é decerto um dos essenciais da sua discografia a solo.
Anthrax – Sound of White Noise
Encerramos este artigo com Sound of White Noise, que é provavelmente o melhor álbum da banda desde a saída de Joey Belladona e o seu regresso, recentemente em 2011. Marca a estreia de John Bush nos vocais, após a saída de Belladona, e é o último disco a integrar o guitarrista principal, Dan Spitz. É um álbum que não reúne consensos, apreciado por alguns fãs e crítica profissional, mas ignorado por outros.
// João Braga