São dois inevitáveis repetentes das listas dos maiores artistas e dos maiores álbuns de todos os tempos. Larks’ Tongues in Aspic, dos King Crimson, e Wind & Wuthering, dos Genesis, ambos os discos foram lançados em fases de transição para as duas bandas, com muitas mudanças na formação e algumas variações na direcção musical.
King Crimson – 1973 – Larks’ Tongues in Aspic
Como referido acima, este álbum foi lançado numa das muitas fases de transição da banda, com mudanças de formação e a inclusão de algumas variações a nível musical. O rock progressivo tornou-se cada vez mais influenciado pelo jazz fusion e com algumas inspirações no rock experimental. Não é por isso que a banda deixa de ser de rock progressivo, antes pelo contrário, a adição deste experimentalismo e da velocidade frenética do jazz fusion torna a sua discografia ainda mais curiosa, já que conseguiu manter um rácio qualidade-inovação bastante acima da média, ao contrário de outras bandas. Jazz fusion e o rock experimental são duas vertentes bastante progressivas, em que o grupo foi especialista com este Larks’ Tongues in Aspic a ser um dos seus maiores resultados finais.
Lista de faixas para Larks’ Tongues in Aspic:
01. Larks’ Tongues In Aspic Part One
02. Book Of Saturday
03. Exiles
04. Easy Money
05. The Talking Drum
06. Larks’ Tongues In Aspic Part Two
A potente faixa de abertura “Larks’ Tongues in Aspic Part One”, principalmente demarcada pela sua secção bastante pesada de bateria e um riff de guitarra bastante próximo da toxicidade do rock psicadélico, consegue ser uma das melhores do álbum que juntamente com “Larks’ Tongues In Aspic Part Two” iniciam esta épica jornada progressiva com quatro partes, partes três e quatro lançadas em 1984 e 2000, respectivamente. É, ainda hoje, uma das faixas mais tocadas pelo grupo londrino. O disco não varia muito musicalmente, o que fortalece a sua qualidade, com excepção para “Book Of Saturday”, a mais lenta e curta do álbum. “Talking Drum” é principalmente demarcada pela percussão de Muir e instrumento de cordas de Cross e Fripp. “Easy Money” e “Exiles” são duas faixas bastante complexas instrumentalmente, que apesar de não serem inteiramente instrumentais, são quase, integralmente, dominadas pela combinação instrumental do grupo. “Exiles” consegue ser ora complexa, instrumentalmente, ora emocional com a voz de John Wetton e o piano de Robert Fripp a tomarem a dianteira para uma das músicas mais sentidas da história do grupo.
King Crimson – Larks’ Tongues in Aspic (álbum na íntegra)
Genesis – 1976 – Wind & Wuthering
Wind & Wuthering é o último álbum com Steve Hackett, a partir do próximo disco a banda passa a contar com apenas três membros. É o último disco progressivo dos Genesis mas contém a primeira pista de como seria a direcção musical da banda seria nos seguintes anos com a faixa “Your Own Special Way”. “Eleventh Earl of Mar” e “One for the Vine” são as mais extraordinárias demonstrações técnicas deste álbum e parecem saídas de qualquer um dos álbuns anteriores a A Trick of the Tail (anteriormente mencionado num dos Fundamentais). É bem menos directo que o seu antecessor com uma componente mais orquestral em que Tony Banks tem um papel mais importante e é retirado protagonismo à guitarra de Steve Hackett.
Lista de faixas para Wind & Wuthering:
01. Eleventh Earl Of Mar
02. One For The Vine
03. Your Own Special Way
04. Wot Gorilla?
05. All In A Mouse’s Night
06. Blood On The Rooftops
07. Unquiet Slumbers For The Sleepers…
08. …In That Quiet Earth
09. Afterglow
Steve Hackett sai devido a problemas com a banda, afirmando a falta de aceitação, por parte dos seus colegas de grupo, do material criativo que tentava implementar nos álbuns. O músico chegou a lançar um álbum, em 1978, intitulado Please Don’t Touch, o seu primeiro após ter saído dos Genesis. O título do álbum é uma referência a uma música que Hackett compôs durante a sua ‘estadia’ no grupo, mas que foi ignorada pelos restantes membros.
É, sem dúvida alguma, um dos melhores lançamentos discográficos da história da banda. Um álbum bastante consistente e altamente refinado com “Eleventh Earl Of Mar”, a icónica “One For The Vine”, a faixa conceptual “Unquiet Slumbers For The Sleepers…/…In That Quiet Earth/Afterglow” e “Blood On The Rooftops” a fazerem deste álbum um dos mais bem ‘desenhados’ dos anos 70. Apesar de não ser perfeito e não ter o impacto de A Trick Of The Tail, Wind & Wuthering consegue ser mais sofisticado e complexo, demonstrando a capacidade da banda em compor música sem o grandioso Peter Gabriel. 1976 tornou-se um ano extremamente importante para o grupo, já que marcou o lançamento de dois discos lendários.
Genesis – Wind & Wuthering (álbum na íntegra)
// João Braga