Por mais vezes que os 30 Seconds to Mars venham a Portugal, nunca se deparam com falta de público! A sua legião de fãs portugueses acompanha-os concerto atrás de concerto e no passado dia 29 de Outubro não foi excepção.
Por volta das 19h30 o Meo Arena já se encontrava recheado de fãs que esperavam ansiosamente pelo início do espectáculo. A banda de abertura convidada pelos 30STM para este primeiro concerto da tour europeia foram os britânicos You Me At Six. O grupo já cá tinha estado no Optimus Alive’11 mas devido a problemas técnicos alguns concertos nesse dia foram cancelados, o que fez deste o seu concerto de estreia em solo nacional.
Pouco depois das 20h00, o grupo entra de rompante no palco e causa a maior loucura pelo público que, maioritariamente feminino, exibia cartazes e gritava bem alto os seus nomes. Abriram com a música ‘Reckless’, que faz parte do último álbum “Sinners Never Sleep“, editado em 2011, e prosseguiram com mais duas também do mesmo álbum. O vocalista Josh Franceschi mostrou-se muito contente por finalmente poderem estar a tocar em Portugal e agradeceu a todos os fãs que os seguem. Na música seguinte, ‘Crash’, uma multidão de pequenas luzes cintilantes iluminaram a sala, acompanhando a banda na balada romântica da noite.
‘Lived a Lie’, o novo single lançado este ano, levantou de novo o público do chão e os fãs mostraram já ter a letra na ponta da língua. Já na recta final, Josh afirma que têm mais duas músicas para tocar, e foram estas as palavras de ordem que fizeram o público saltar mais do nunca ao som de ‘Bite My Tongue’ e ‘Underdog’, que sendo esta última uma das músicas mais esperadas, levou a energia de todos ao rubro.
O público estava bem aquecido e as emoções à flor da pele, talvez por isso a espera possa ter sido um pouco sôfrega. Uma cortina preta cobria o palco, instigando ainda mais a curiosidade sobre o que se passaria lá atrás. O icónico triângulo dos 30 Seconds To Mars é projectado na cortina ao fim de um bocado e os fãs começavam a ficar impacientes. Por volta das 21h30, dois homens vestidos de negro e com máscaras a cobrir a cara saíram por de trás da cortina e durante uns minutos apontaram focos de lanternas ao público. O sangue já começava a fervilhar, mas eis que então pouco depois dá-se início ao espectáculo. O pano cai e surge um Jared Leto um pouco mais alto do que estávamos à espera, a entoar os primeiros versos de ‘Birth’, numa plataforma suspensa no ar. Atrás dele deslumbrava-nos um jogo de sombras projectadas numa tela branca, sombras estas de Shannon Leto e Tomo Miličević, que ainda escondidos por parte da cortina, tocavam no palco por baixo dele. É só na música ‘Night of the Hunter’ que Jared desce ao palco para se juntar ao resto da banda e estar agora mais perto do público que em êxtase exclamava por ele.
‘Search and Destroy’ e ‘This is War’ proporcionaram os tradicionais gritos de guerra, e entre palmas e muitos saltos o vocalista agradeceu ao público com um «obrigado» muito aplaudido. No final de ‘Conquistador’ foram disparados milhares de papelinhos coloridos que fizeram a ponte entre uma das muitas intervenções que Jared Leto teve com o público. Desta vez chamou dois fãs ao palco, um rapaz que todo satisfeito mostrou a todos as suas tatuagens da banda, e uma rapariga que orgulhosamente ostentava uma bandeira portuguesa. Propositado ou não, Leto cantou a canção seguinte ‘Do or Die’ com uma bandeira portuguesa em riste. No final a banda retira-se e deixa o palco ser ocupado momentaneamente por um acrobata que acompanhado de um arco gigante, entreteve o público durante alguns minutos com alguns números circenses, ao som de ‘Depuis le Début’.
Depois do curto intervalo seguem-se ‘End of All Days’ e ‘City of Angels’, música que o vocalista dedica a todos os sonhadores e que marca o dia da estreia mundial do vídeo da mesma. Segue-se outro momento mágico onde isqueiros, telemóveis ou quaisquer outros objectos que tivessem luz, foram agarrados em punho e direccionados ao céu. Mas mesmo impossibilitados de ver o céu dali, bastava-nos olhar à volta e parecia que as estrelas tinham descido até nós.
Outra pausa e mais um número acrobático. Ouve-se como fundo ‘Pyres of Varanasi’ e desta vez surgem dois homens que em cima de uma tábua iam executando vários saltos mortais. De regresso, Jared vem acompanhado de uma guitarra acústica para nos tocar músicas como ‘Hurricane’, ‘Alibi’ e uma das mais pedidas, ‘Was it Dream’. Fomos surpreendidos por uma cover de Rihanna, a música ‘Stay’, que foi cantada em plenos pulmões pelo recinto inteiro. Um outro rapaz foi chamado ao palco, desta vez para nos apresentar, em português, a estreia de uma canção nunca antes tocada ao vivo – ‘The Race’. No fim da música começaram a voar balões gigantes pelo público que se foi entretendo entre muitos saltos e palmas, ao som de ‘Closer to the Edge’.
Quase quase a chegar ao final, ninguém poderia ir embora sem antes ouvir ‘Kings and Queens’, que foi responsável por um dos momentos mais intensos do concerto, onde as emoções voavam e a voz era levada ao limite. Para terminar, Leto enche o palco de fãs, que dominados pela grande emoção e euforia de estarem junto dos seus ídolos, contagiavam ainda mais o público, que também fazia a festa ao som de ‘Up in the Air’, e onde lá em cima o ar, enchia-se de papelinhos brancos e balões. Sentiu-se falta de alguns clássicos que infelizmente vão acabando por sair do repertório. Contentamos-nos então com um Jared sempre bem disposto, apesar da constipação de que se queixou, mas que mostra sempre carinho muito especial com o seu público, que com certeza vai para casa com as memórias inesquecíveis de uma noite mágica.
Texto: Rute Pascoal
Fotografia: Ruben Viegas (Everything Is New)