Cais do Sodré, Lisboa. Enquanto a rua paralela estava invadida por uma passadeira cor-de-rosa e de algumas celebridades para uma festa de uma marca de vodka, era no Sabotage Club que as atenções deviam estar viradas. Uma sala pequena, íntima mas com o seu aspecto algo grotesco, fazia soar alguns clássicos de Led Zeppelin antes que os A Tree Of Signs abrissem a noite.
Já NH, mais conhecido pelos seus Corpus Christii, estava agarrado ao baixo quando Pedro Almeida tomou posse das baquetas. Ricardo Remédio (de RA, Necromant e até Löbo, antes que estes tivessem sido extintos) tomou conta dos teclados nesta sessão, tal como já havia feito no concerto do projecto em Barroselas. Diana Piedade não demorou muito a entrar em cena para que as primeiras palavras surgissem. A tocar temas da estreia “Salt” e ainda as novas de “Saturn”, os quatro devolveram um misto de stoner/doom cheio de mística e de um rock n’ roll cheio de graves. NH e Pedro juntos garantiam o miolo perfeito para as melodias pouco sinuosas de Ricardo e para a boa prestação vocal de Diana. Nota muito positiva.
Os nómadas Jucifer não demoraram muito tempo a surgir para celebrar em Lisboa os seus vinte anos de carreira. Edgar Livengood aprontou a sua bateria e Amber Valentine girou os botões de volume da amplificação para o máximo. Um palco mais vermelho que uma casa do Benfica e uma guitarrista ajoelhada com mais convicção do que Jorge Jesus fez no Dragão. Em poucas palavras se conseguem descrever os totais 55 minutos de muralha de som enquanto o duo dividia as responsabilidades vocais. Edgar aproveitou para partir uma meia-dúzia de baquetas ou então arranjou apenas pretexto para distribuir lascas de madeira à medida que ia tocando. Já na cabeça da guitarra de Amber se conseguia ler «Abyss» de forma a indicar aquilo que o seu instrumento fazia soar à medida que a própria se curvava e rasgava as cordas. Não estivessem eles tão habituados a isto, diríamos que foi um teste à sua resistência e também à durabilidade auditiva dos presentes. Vinte anos de calo, de quem dá tudo o que tem como quem acorda todos os dias. Após a última nota, estava mais cansado e desgastado quem esteve parado em frente a uma banda e teve poucas oportunidades de bater as palmas. Brutal!
Fotos e Texto: Nuno Bernardo