Dizer que foi uma noite indescrítivel não chegaria para descrever o que aconteceu ontem no Coliseu dos Recreios. Depois de um longo período separados (10 anos!), os Ornatos Violeta juntaram-se para uma série de 8 concertos, tendo esta sido a segunda data da “mini-tour” e a primeira em Lisboa.
Quem chegou demasiado cedo para garantir lugar arrependeu-se e subjugou-se a uma longa e penosa espera. Ao contrário do que se esperava, com a abertura das portas por volta das 20h, a fila começou a estender-se apenas por volta das 18.30/19h. Após a entrada e com um ligeiríssimo atraso, Manel Cruz e companhia subiram ao palco e ouviram o Coliseu rugir “Para Nunca Mais Mentir” numa demonstração que deixou toda a banda perplexa.
Seguiu-se então um rol de 35 músicas, estendendo-se assim o concerto por mais de 2h, muito à volta do primeiro álbum da banda, “Cão!”, intercalando com temas de “O Monstro Precisa de Amigos” e outros da altura do aparecimento da banda (temas como Os Sítios Onde Eu O Esqueço, Gato Com Dois Chifres e Sacrificar). Os primeiros dois temas tiveram direito a chuva para refrescar um público quase tão efusivo quanto o próprio vocalista.
A primeira grande explosão da noite deu-se com o tema “Dia Mau”, num dia que nada teve de mau, palavras de Manel Cruz. Seguiram-se alguns inéditos que, mesmo sendo desconhecidos, fizeram vibrar todo o público. “Chaga” deu o mote ao movimento, sendo um dos temas favoritos de maior parte da audiência.
Não faltaram temas míticos como Débil Mental e 1 Beijo = 1000, com interpretações um tanto quanto tresloucadas de Manel Cruz. Houve ainda tempo para fazer o gosto a João Parreira (guitarrista de OUTR’HORA CARMIM) que pediu através de um cartaz e muito barulho para subir ao palco e tocar ao lado da banda – e não desiludiu.
“Ouvi Dizer” foi, provavelmente, o tema que mais alto foi entoado durante toda a noite e que fez meia plateia ficar de lágrimas nos olhos. De seguida navegámos com “Capitão Romance”, tema que fechou a primeira parte do concerto e após saída de palco e automático chinfrim ensurdecedor de um público que achava 21 temas muito pouco, a banda regressou para o primeiro de três encores, tocando temas como “Punk Moda Funk”, “Homens de Princípios” e “Tempo de Nascer”. Após a 2ª saída e mais aplausos, abraços ao público e baquetas pelo ar, Manel cantou – aliás, Manel tocou e deixou o Coliseu cantar – “Raquel”, “Marta”, “Chuva”, “Devagar” e “Como Afundar”.
O 3º encore fez a delícia dos fãs com dois temas inéditos e “Pára-me Agora”, do recentemente editado “Inéditos/Raridades”. Agradecidos e visivelmente felizes, os Ornatos Violeta agradeceram ao público com vénias, cerveja, palhetas e t-shirts e saíram definitivamente, concluindo assim uma noite de música por que muitos esperavam já há muito (demasiado) tempo.
Estivémos ainda à conversa com Manel Cruz que se mostrou sempre bastante simpático, bem disposto e até admirado com alguns elogios dos fãs. Sabemos ainda que será lançado um DVD desta série de 8 concertos, embora esta notícia não tenha sido adiantada pela banda em si mas por uma fonte próxima.
Sem dúvida, um regresso valioso que proporcionou a muita gente uma noite memorável, uma satisfação gigante e uma vontade de os ver de novo muito muito rapidamente (de preferência, antes da reunião prometida por Manel Cruz, quando todos os membros da banda tiverem 80 anos).
Alinhamento:
1. Para Nunca Mais Sentir | 2. A Dama do Sinal | 3. Tanque | 4. Pára de Olhar Para Mim | 5. Um Crime à Minha Porta | 6. Mata-me Outra Vez | 7. Dia Mau | 8. Os Sítios Onde Eu O Esqueço | 9. Gato Com Dois Chifres | 10. Há-de Encarnar | 11. Chaga | 12. Sacrificar | 13. Coisas | 14. Débil Mental | 15. Bigamia | 16. 1 Beijo = 1000 | 17. Nuvem | 18. Deixa Morrer | 19. Notícias do Fundo | 20. Ouvi Dizer | 21. Capitão Romance
1º Encore
1. O.M.E.M. | 2. Punk Moda Funk | 3. O Amor É Isto | 4. Homens de Princípios | 5. A Metros de Si | 6. Tempo de Nascer
2º Encore
1. Raquel | 2. Marta | 3. Chuva | 4. Devagar | 5. Como Afundar
3º Encore
1. Bebe e Cai | 2. Pára-me Agora | 3. Dias de Fé
(1. Fim da Canção – Não foi tocada)
Texto e Fotografia por: Diogo Oliveira